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Mação: Vale do Ocreza onde a arte rupestre e a beleza natural convencem qualquer um

23/05/2017 às 00:00

O Museu de Arte Pré-Histórica de Mação organizou no sábado, um passeio pedestre ao Vale do Ocreza, com visita guiada às gravuras rupestres gravadas nas rochas do rio.

O passeio, que contou com cerca de 50 participantes, percorreu as margens do rio Ocreza que albergam dezenas de gravuras rupestres, sendo a gravura paleolítica do Cavalo de Ocreza, descoberta no ano 2000 e que terá sido feita há mais de 20.000 anos, a mais antiga gravura entre os cerca de 40.000 motivos do complexo rupestre do Tejo, e uma das mais importantes da arte rupestre do Portugal central.

Com um percurso de 14 quilómetros e um grau de dificuldade considerado difícil, a visita guiada, foi organizada pela Autarquia local e pelo Museu de Mação.

Sara Garcês, bolseira de investigação e arqueóloga no Museu de Arte Pré-Histórica de Mação, foi quem guiou o passeio e em declarações à Antena Livre referiu que a ação surge todos os anos para comemorar o Dia Internacional dos Museus, a 18 de maio.

Sobre o passeio, a arqueóloga explicou que o mesmo passa por sítios “importantes, do Vale do Ocreza” e a ideia “é que as pessoas conheçam uma parte que é de difícil acesso, passando por todo o vale, que vai tendo algumas gravuras, com um guia especializado e onde se explica o contexto das gravuras. Aí temos um relaxamento do grupo antes da grande subida”.

Sara Garcês

“Dizem-nos que o Vale do Ocreza tem uma ocupação muito antiga. Desde há 20 mil anos que as pessoas gravaram no Vale numa continuação que vai até a cerca de dois a três mil anos antes de Cristo. E estamos em contexto de povoado, estamos perto do sítio arqueológico do Caratão, do Pego da Rainha, ou seja um contexto arqueológico muito rico, que se complementa com outros sítios arqueológicos à volta, mas também com uma paisagem muito bonita e de difícil acesso”, explicou Sara Garcês.

Sobre a gravura paleolítica do Cavalo de Ocreza, a responsável afirmou que a mesma se reveste de grande importância “ pela sua antiguidade, pelo facto ser a única gravura desta cronologia que temos em todo o Vale do Tejo. O Vale do Ocreza faz parte de um complexo muito grande de arte rupestre do Vale do Tejo, onde o núcleo mais conhecido são cerca de 40 km. Num conjunto muito grande de 7 mil gravuras, a única que nos reporta para uma cronologia mais antiga é esta pequena figura de um cavalo que assume grande importância histórica”.

“Foi a partir desta descoberta [do Cavalo de Ocreza] que o Museu de Mação nasceu e evoluiu. A partir da sua descoberta inicia-se uma nova era do Museu de Mação que culmina com o que é hoje o projeto em si com os mestrados, doutoramentos, com a vinda de alunos de qualquer parte do mundo para estudar arte pré-histórica e arqueologia em Mação”, aludiu.

Quanto a objetivos futuros, Sara Garcês avançou que o Museu de Mação vai entrar em obras para renovar o seu piso inferior. As melhorias vão passar por ampliar o espaço expositivo, construir uma parte para exposições temporárias de âmbito local, regional e nacional e melhorar a parte da loja.

A arqueóloga afirmou ainda à Antena Livre que ao longo dos anos têm vindo “pessoas de toda a parte para conhecer o museu” e que o equipamento tem “sempre uma grande abordagem de alunos para estudar”.

Neste verão, os colaboradores do Museu vão para o terreno para dar início a mais escavações e novas prospeções em relação à arte rupestre. "Este verão o Museu de Mação está no campo”, salientou Sara.

O Museu de Arte Pré-Histórica de Mação organiza o passeio pedestre ao Vale do Ocreza, com visita guiada às gravuras rupestres gravadas nas rochas do rio, através de marcação prévia.

JMC

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