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Abrantes: Comemorações dos 30 anos da Biblioteca iniciaram com homenagem a António Botto (C/ Fotos)

16/10/2023 às 16:51

No dia 13 de outubro tiveram início as comemorações dos 30 anos da Biblioteca Municipal António Botto onde, e devido a esta data, foi inaugurada uma “caixa” interativa, construída pelos artistas abrantinos Paula Dias e Paulo Passos. Esta exposição foi realizada com o intuito de homenagear o poeta português António Botto na comemoração dos 30 anos da Biblioteca Municipal que tem o seu nome.

Nesta inauguração, o presidente da Câmara Municipal de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, marcou presença e falou sobre a importância que tem tido a Biblioteca ao longo dos anos na vida dos abrantinos: “Nascida no início do processo da requalificação do Convento de São Domingos, que culminou na inauguração daquele que foi considerado o Museu Português no ano 2023, a nossa Biblioteca Municipal António Botto teve sempre a capacidade de se adaptar aos novos tempos, tornando-se numa ponte entre o passado, o presente e o futuro de Abrantes e da nossa comunidade”.

O presidente referiu que estas comemorações são importantes para também se falar sobre António Botto e “de todos os outros que também têm construido a história da nossa cidade”.

No fim, o presidente destacou que não conseguiu palavras para “manifestar a importância deste espaço” devido a ser “daqueles espaços com uma grande importância para a nossa comunidade... É mesmo um espaço de excelência para a nossa comunidade, não apenas por aquilo que fez no passado, mas sobretudo por aquilo que temos pensado para o futuro”.

 

Exposição Botto “Se eu pudesse contar-te e tu me ouvisses”

A exposição Botto “Se eu pudesse contar-te e tu me ouvisses”, como o seu nome diz, é uma homenagem ao poeta português do qual a biblioteca herda o seu nome. Esta exposição encontra-se na área central da Biblioteca Municipal e está representada por uma “caixa”, a qual “coloca-nos a sós com as suas palavras e o seu universo”.

Esta peça é da autoria dos artistas abrantinos Paula Dias e Paulo Passos, que revelaram que desde a primeira reunião, tiveram a mesma ideia: “pensámos os dois numa caixa”. Paula Dias, ao mesmo tempo, revelou que a razão de ser uma “caixa” é “talvez por ser um espaço íntimo, por podermos criar uma proximidade maior com o poeta, ouvindo as suas palavras”.

Portanto, ao entrar nesta “caixa” que tem uma estrutura de madeira, o espetador encontra-se com uma mesa de café antiga. A pessoa que está a fazer a visita pode sentar-se e apreciar as várias imagens do poeta ao longo dos anos, coladas num fundo preto que destaca as cores brancas das imagens antigas, assim como, ouvir de fundo as vozes que proclamam os poemas de António Botto. Vozes que, segundo revelou Paula Dias, foram interpretadas por vários artistas, da mesma forma que algumas das obras que se encontram na exposição foram, também, feitas por colaborações de artistas visuais.

Por outro lado, Paulo Passos explicou que antigamente não conhecia quem era o António Botto, já que nunca o tinha estudado, mas atualmente entende que ele é estudado “em todo o lado como o mestre” e muitas vezes “pergunta-se o porquê”. O artista reconheceu que não gosta de ler, mas destacou que “o Botto é das pessoas que vamos descobrindo a cada frase, em cada palavra aprendemos qualquer coisa, e aquilo que eu sempre sinto é a caixa, há ali uma caixa, há um querer soltar-se, mas há ali alguma coisa que está fechada”.

Os artistas concluíram a sua interversão lendo uma frase de António Botto que acham “belíssima”: “Seremos cúmplices na sua poesia, nas suas exortações, ou ainda nas suas dores pessoais ou sociais. António Botto não cabe nesta caixa, mas caberá no mundo de cada um de nós, dizer humanidade que é dizer debilidade, adeus até amanhã”.

Esta exposição estará aberta durante três meses e procura levar e dar a conhecer o “António Botto a todas as escolas”, através de atividades, visitas, workshops, espetáculos e mesas redondas, já que “Botto merece isto, porque tem sido esquecido”.

 

A Biblioteca Municipal António Botto através do tempo

Antigamente, por volta de 1887, existia em Abrantes uma sociedade chamada Biblioteca Popular, a qual, três anos mais tarde, mudou o seu nome para “Sociedade João de Deus”. Sendo esta uma instituição privada, foi esta “sociedade” que deu origem à primeira biblioteca de Abrantes. 

Em 1889, foi criada a Biblioteca Escolar de S. Vicente, que fechou em 1933 devido ao facto do município ter decidido iniciar obras para instalar a biblioteca no rés-de-chão do edifício dos "Paços do Concelho". Manteve-se em funcionamento durante 30 anos, que foi quando a Fundação Calouste Gulbenkian estabeleceu ali a Biblioteca Fixa n.º 134.

A Biblioteca fechou temporariamente em 1982 e foi transferida para o Convento de S. Domingos, onde funcionou até 1993. Assim, a biblioteca “moderna” foi construída nesse mesmo edifício por meio de um contrato entre o Município e o Instituto Português do Livro e da Literatura, e reabriu as suas portas no dia 26 de novembro de 1993.

Até hoje, a Biblioteca Municipal António Botto manteve-se no mesmo edifício e leva o nome do poeta, ficcionista e autor dramático português, António Tomás Botto, que nasceu a 17 de agosto de 1897, em Casal da Concavada, concelho de Abrantes, vindo a falecer em 1959 no Rio de Janeiro, no Brasil.

A Biblioteca Municipal António Botto é uma biblioteca pública, “aberta a todos os membros da comunidade, sem distinção de raça, cor, nacionalidade, idade, religião, língua, situação social ou nível de instrução” que visa “contribuir para assegurar a qualidade de vida dos cidadãos”.

Jade Garcia

 

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