Quatro em 10 portugueses entre os 25 e 64 anos só conseguem compreender textos simples e curtos, segundo um relatório divulgado hoje que mostra Portugal entre os países com níveis mais baixos de proficiência em literacia.
É preciso chegar quase ao final da tabela publicada no relatório “Education at a Glance 2025”, divulgado hoje pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), para encontrar Portugal.
Segundo entre 30 países com o nível mais baixo de proficiência em literacia, 46% dos portugueses com idades entre os 25 e 64 anos tem muita dificuldade em interpretar textos e só consegue compreender textos muito curtos e com o mínimo de informação irrelevante.
A conclusão resulta do inquérito às competências dos adultos, conduzido no âmbito do Programa para a Avaliação Internacional de Competências de Adultos (PIAAC, na sigla em inglês) da OCDE.
Com cinco níveis de proficiência, que variam entre a capacidade de identificar informação em textos curtos (nível 1) e de sintetizar e avaliar criticamente informações complexas (nível 5), perto de metade dos portugueses ficou no nível 1 ou abaixo, com uma percentagem muito superior à média da OCDE (27%).
Atrás de Portugal, ficou apenas o Chile, onde 57% dos inquiridos também não foram além do nível 1.
Por outro lado, cerca de um terço dos inquiridos em Portugal consegue integrar informação de múltiplas fontes e 18% foram um pouco mais longe e mostraram ser capazes de interpretar e avaliar textos complexos.
Nos níveis mais elevados (4 e 5) pontuaram apenas 3% dos portugueses, percentagem idêntica na Polónia e Eslováquia e mais baixa apenas no Chile e Lituânia (ambos 2%), enquanto a média na OCDE é 12%.
A análise feita a estes resultados no âmbito do Education at a Glance 2025 revela ainda que o nível de escolaridade e as competências estão intimamente ligadas.
Em Portugal, por exemplo, os adultos com ensino superior demonstraram maior facilidade na compreensão e análise de textos, conseguindo, em média, obter mais 36 pontos do que aqueles que têm apenas o secundário e perto de 70 pontos acima dos inquiridos sem o 12.º ano concluído.
Os níveis de proficiência em literacia encontram também relação, por outro lado, com a aposta na formação, sendo que os adultos com melhores competências têm maior probabilidade de participar na educação ou formação.
De acordo com as conclusões do inquérito, em 2023, 80% dos adultos nos níveis 4 ou 5 de proficiência em literacia tinham integrado algum curso ou formação, formal ou informal, no último ano, algo que apenas 22% daqueles posicionados no nível 1 ou abaixo fizeram.
Lusa