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Núcleo Museológico de Ortiga: Antiga escola primária de Ortiga passou a ser o Núcleo Museológico da aldeia (C/ÁUDIO E FOTOS)

21/12/2020 às 17:26

Um picareto (bote de madeira típico do rio Tejo) no alpendre da antiga escola primária de Ortiga, concelho de Mação, convida a entrar no espaço remodelado e inaugurado na sexta-feira da semana passada, dia 18 de dezembro. As duas salas da antiga escola primária de Ortiga, depois das obras de requalificação de 230 mil euros, custeadas a cem por cento pela Câmara Municipal de Mação albergam os conteúdos materiais e imateriais (em vídeo) da história da aldeia Piscatória.
Logo à entrada, para além da receção, temos dois mapas do rio Tejo, antigos, com o “desenho” do rio. Um que mostra o traçado entre a Barca da Amieira e Barca da Ortiga. E um segundo com o trajeto entre a barca da Ortiga e Abrantes. E ao lado uma presença da pré-história, como disse Luiz Oosterbeek, responsável pelo Museu de Mação e pelo Núcleo Museológico de Ortiga, que é o início comum de uma comunidade.

Aliás, o arqueólogo e investigador Luiz Oosterbeek, explicou de forma resumida aquilo que se pode ver neste museu, que se pretende que seja dinâmico. Quando entramos, à direita está a sala que se pode ver do lado do picareto que tem uma janela para se poder ver o picareto. Esta sala tem o nome de “extrair, transformar e transportar” porque, segundo Luiz Oosterbeek, “porque foi isso que as pessoas fizeram. Extrair da terra e do rio o que lá havia, a dada altura começaram a transformar a matéria-prima e os próprios produtos a partir da domesticação e de artes como metalurgia. E depois transportar as trocas ou só o transporte. Claro que isto começa logo com o picareto”. Esta é, de acordo com o investigador, esta é uma sala para visitar, para observar, para circular, mas com um convite para que se possam trocar as peças por outras que a comunidade queira disponibilizar. “Não há nada de rígido, tudo foi pensado para trocar as peças que aqui estão hoje por outras que a comunidade queira colocar. Tudo está pensado para que, com toda a flexibilidade, a comunidade de Ortiga quando quiser possa trocar as peças, fazer outras exposições, e a muito baixo custo”, explicou Luiz Oosterbeek que depois acrescentou: "na outra sala pode encontrar-se a memória da escola, que sendo um espaço de cultura e de educação continuará a ser”. Nesta outra sala pode-se encontrar um conjunto de peças que têm a ver com a abertura ao mundo. O rio e a linha do comboio podem ser vistos como a abertura para o mundo, há ainda o espaço doméstico, com loiças da cozinha, o andarilho para as crianças poderem andar e depois há um espaço amplo. E disse que este espaço é para os encontros, para conversar e para se pensar no futuro, naquilo que se pode fazer no Núcleo e na aldeia.

Luiz Oosterbeek

Luiz Oosterbeek deixou ainda uma palavra para participação empenhada da comunidade, das gentes de Ortiga e do presidente da Assembleia de Freguesia João Filipe, ele próprio um grande entusiasta da história e das tradições da sua aldeia.

Se a placa da inauguração foi descerrada pelos presidentes da Câmara de Mação, Vasco Estrela, e da Junta de Freguesia, Rui Dias, couve a João Filipe fazer o discurso em nome das gentes e instituições de Ortiga.
Este é um espaço “de memória que preserve a cultura material e imaterial da Ortiga, toda ela bem marcada por uma ideia de abertura ao exterior pelo rio Tejo (…) desde os primórdios históricos desta zona geográfica, o Tejo marcou presença”. E aqui segundo João Filipe, a marca existe com a anta do Rio Frio, a olhar para o rio Tejo. E essa grande abertura levou a que novas ideias tivessem chegado a Ortiga e sempre em prol do coletivo. João Filipe explicou que a pesca não se fazia com uma pessoa, “era sempre uma companha”, ou seja, a guarnição do picareto eram duas pessoas.

João Filipe

Este Núcleo Museológico assenta em peças que podem ser uma novidade, mas para a comunidade, para quem conhece a realidade de Ortiga é um “incentivo para continuarmos com este trabalho de grupo. Porque todos fazemos mais do que um só isolado”.

Rui Dias, o presidente da Justa de Freguesia de Ortiga, em declarações à Antena Livre, destacou a importância deste investimento, porque resulta no aproveitamento de um espaço que era da terra, a antiga escola e permitirá funcionar como atração para visitantes. O autarca revelou ainda que espera que isto ponha o concelho de Mação mais à frente, até porque uma das Rotas de Mação terminará junto ao Núcleo Museológico. Se se juntar os investimentos na requalificação da praia fluvial e na construção dos passadiços do Tejo, em 2021, há uma aposta em chamar pessoas de fora à freguesia.

Rui Dias

Já Vasco Estrela, presidente da Câmara de Mação começou por destacar a participação de toda a população de Ortiga neste projeto que custou cerca de 230 mil euros e que foi realizado com investimento cem por cento municipal. Ou seja, é um investimento sem qualquer verba do governo ou da União Europeia. Mas, disse o presidente da autarquia, que era um projeto que era muito ambicionado pelo executivo.

Vasco Estrela

Vasco Estrela fez questão de se dirigir a todos os que contribuíram para a instalação deste museu, destacou o picareto e não se esqueceu do Ti Fontes, na pessoa da sua filha. Aliás, do Ti Fontes, o último construtor dos picaretos, ficam as medidas e os esquemas desenhados em pedaços de madeira, que podem ser vistos no museu.
Mas o autarca de Mação deixou ainda os agradecimentos ao diretor do museu de Mação, Luiz Oosterbeeck, e à sua equipa, que não sendo os especialistas nesta área concreta conseguiram desenvolver o projeto certo para aquele espaço.
Vasco Estrela deixou depois a mensagem de futuro, que espera que este não seja um edifício estático. Ou seja, que haja vontade, na comunidade, para fazer coisas e dinamizar o novo espaço da freguesia e do concelho.

Vasco Estrela

A este investimento de cerca de 230 mil euros, suportado exclusivamente pela Câmara junta-se agora um outro de cerca de 400 mil euros que é a requalificação da praia fluvial de Ortiga e zona envolvente e pela construção de passadiços na margem do rio Tejo, numa extensão de cerca de 1.100 metros.
Ficou a saber-se que a construção dos passadiços, no âmbito das Rotas das Pesqueiras e Lagoas do Tejo, surge como “complemento” do Núcleo Museológico de Ortiga e vai permitir ligar as pesqueiras tradicionais na margem direita do Tejo às lagoas.
Este investimento deverá estar concluído em 2021. Para já é o núcleo museológico que pode visitar na aldeia de Ortiga, ao lado da Junta de Freguesia, onde funcionou durante décadas a escola primária.

 

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