Deseja receber notificações?
A informação só foi conhecida na semana passada. A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) autorizou a EDP a levar a cabo intervenções a jusante da barragem do Fratel, entre maio e outubro de 2025 o que tem interferido com os caudais do rio Tejo.
Estas intervenções, de acordo com a informação da APA, têm como foco o “reperfilamento do canal de restituição, realizando o seu rebaixamento o que irá permitir melhorar a produção de energia utilizando o mesmo volume de água já concessionado; Construção da passagem para peixes para permitir a sua transposição entre as albufeiras de Belver e Fratel, atendendo que a eclusa existente na barragem do Belver foi recentemente intervencionada, encontrando-se operacional.”
A Agência Portuguesa do Ambiente dá ainda conta que, como a obra se realiza no leito do rio e para manter a segurança das pessoas, quer na obra, quer ao longo do rio, e dos equipamentos vai ser necessário “não turbinar e minimizar os descarregamentos da barragem do Fratel entre as 7h00 e as 19h00 na barragem do Fratel; descer, durante o período da intervenção, a cota mínima de exploração da albufeira do Fratel de 71 m para 69 m, para garantir maior encaixe dos caudais que venham de Espanha; explorar a albufeira de Belver, durante o período da intervenção, entre a cota 44,5 m e a 45 m; Realizar as descargas necessárias, através das barragens do Fratel e de Belver, a partir das 19h45 e até às 6h15, de forma a repor, sempre que possível, o nível da barragem do Fratel à cota 69 m, para garantir encaixe no dia seguinte dos caudais afluentes de Espanha.”
A APA indica ainda que será necessário promover o aviso às populações ribeirinhas, aos pescadores, aos utilizadores com captações no rio Tejo, bem como outras atividades que se desenvolvem não só nas albufeiras do Fratel e Belver, mas ao longo do rio Tejo até ao estuário, sobre esta alteração do regime de exploração, podendo verificar-se no período de estiagem caudais mais elevados dos que são habitualmente observados.
Só que apesar de a informação ter sido publicada na página da internet da APA a 13 de maio, só na sexta-feira, dia 16, é que os autarcas tiveram conhecimento, como indicou à Antena Livre, Manuel Jorge Valamatos, à margem da inauguração do Mercado Ribeirinho de Abrantes. O presidente da Câmara de Abrantes disse ter ficado surpreso.
Manuel Jorge Valamatos, presidente CM Abrantes
Também a Câmara Municipal de Constância só na semana passada teve conhecimento desta intervenção, tanto mais que a mesma vai ser apresentada na reunião do executivo municipal desta quarta-feira, dia 21 de maio.
Há uma nota importante da APA que dá conta que a reposição do nível da albufeira do Fratel poderá implicar o lançamento de caudais com alguma significância, sempre que os caudais afluentes de Espanha sejam muito significativos. Neste sentido a APA indica ainda que comunicou a Espanha esta intervenção na barragem, tendo solicitado a colaboração, “nomeadamente ao nível da informação atempada das descargas efetuadas através das barragens espanholas.”
Esta intervenção criou também dificuldades ao Cruzeiro Religioso do Tejo que começou na semana passada e que, este ano, terá algumas etapas a ser realizadas por terra.
De acordo com Rui Rodrigues, da Confraria Ibérica do Tejo, entre esta intervenção, da qual só tiveram conhecimento na semana passada, e a falta de embarcações num dos troços, o ano será atípico com algumas etapas da peregrinação fluvial a ser realizada por terra e não no rio.
Rui Rodrigues, Confraria Ibérica do Tejo
A etapa entre Amieira do Tejo e Ortiga acontecerá durante a semana, sendo que de Ortiga a Alvega será no dia 31 de maio, enquanto que a 1 de junho o Cruzeiro fará o troço Alvega - Rossio ao Sul do Tejo.
No sábado, 7 de junho, será a etapa Tramagal - Barquinha e no dia seguinte Barquinha - Ribeira de Santarém. O Cruzeiro termina em Oeiras a 29 de junho.
