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Médio Tejo: Utentes mobilizam-se contra eventual fecho de maternidade e urgência pediátrica

21/10/2025 às 16:03

Os Utentes da Saúde do Médio Tejo anunciaram hoje estar perto de reunir 20 mil assinaturas contra o eventual encerramento da maternidade de Abrantes e da urgência pediátrica de Torres Novas, previsto num plano entregue ao Ministério da Saúde.

Em declarações à agência Lusa, o porta-voz da Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo (CUSMT), Manuel José Soares, disse hoje que a mobilização popular tem sido “surpreendente” e demonstra “a indignação generalizada” perante a possibilidade de perda de serviços de saúde essenciais.

“Temos muito perto de 19 mil assinaturas e esperamos ultrapassar esse número ainda hoje. Foi surpreendente ver tanta adesão e militância de dirigentes, trabalhadores e cidadãos, muitos deles pouco habituados a envolver-se nestas causas”, afirmou.

O abaixo-assinado, colocado a circular no final de setembro, em cerca de 500 locais do Médio Tejo, no distrito de Santarém, exige o funcionamento permanente da maternidade do hospital de Abrantes e da urgência pediátrica de Torres Novas, cuja continuidade tem sido colocada em causa por um plano entregue ao Ministério da Saúde.

Em comunicado, a CUSMT alerta que o documento, apresentado pela Comissão Nacional da Saúde da Mulher e da Criança (CNSMC), propõe a reorganização dos cuidados agudos a grávidas no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e pode implicar o encerramento da maternidade de Abrantes e da urgência pediátrica de Torres Novas, ambas integradas na Unidade Local de Saúde (ULS) do Médio Tejo.

“Infelizmente, até à data, essas pretensões ainda não foram desmentidas”, refere a comissão, sublinhando que a concretização dessas medidas “terá graves prejuízos humanos, sociais e de coesão territorial”.

Segundo o porta-voz, “as medidas anunciadas causaram tal alarme social e humano” que levaram à participação ativa de pessoas e instituições em toda a região.

A CUSMT recorda que a urgência pediátrica de Torres Novas tem funcionado 24 horas por dia, sete dias por semana, e realizou mais de 29 mil atendimentos em 2024, uma média superior a 80 por dia.

Já a maternidade de Abrantes, apesar de enfrentar constrangimentos devido à falta de especialistas, “apenas encerrou um dia em agosto passado” e “tem vindo a aumentar o número de partos”, declarou.

“No Médio Tejo ninguém defende o encerramento” destes serviços, afirmou Soares, criticando as declarações do coordenador da CNSMC, Alberto Caldas Afonso, que afirmou ao Expresso que “não faz sentido” manter a obstetrícia em Abrantes e a pediatria em Torres Novas.

“Se não há maternidade, não há neonatologia. São dois serviços essenciais, com reconhecimento das populações, que não podem ser desmantelados”, afirmou o porta-voz dos utentes, alertando que “qualquer decisão nesse sentido será fortemente contestada”.

A CUSMT vai continuar a recolher assinaturas até ao final de outubro, estando prevista para a primeira quinzena de novembro a entrega do abaixo-assinado e documentação complementar no Ministério da Saúde.

Até ao final desta semana, a comissão enviará exposições e pedidos de reunião a várias entidades, incluindo a Ordem dos Médicos, sindicatos, autarquias, Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo e grupos parlamentares.

“Queremos que caminhem ao nosso lado, à frente, atrás, mas que façam alguma coisa para que o Governo não tome essa medida”, afirmou Manuel Soares, acrescentando esperar que “se encontrem soluções que permitam manter a maternidade e a urgência pediátrica em funcionamento permanente”.

O Expresso noticiou em 26 de setembro que o plano de reorganização dos cuidados agudos a grávidas no Serviço Nacional de Saúde (SNS) prevê a mobilidade de equipas de várias maternidades e a redução do modelo de urgência regional na Grande Lisboa.

Na ULS Médio Tejo, que abrange os hospitais de Abrantes, Tomar e Torres Novas, servindo cerca de 170 mil utentes de 11 concelhos dos distritos de Santarém e Castelo Branco, os peritos admitem alterar a atual distribuição dos serviços, considerando que “a obstetrícia está em Abrantes e a pediatria e neonatologia em Torres Novas”, o que “não faz sentido e não pode continuar”.

Lusa

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