A ELI – Equipa Local de Intervenção é uma equipa técnica especializada que atua no âmbito do Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância (SNIPI). As ELI (Equipa Local de Intervenção) atuam junto de crianças dos zero aos eis anos de idade.
Estas estruturas locais são constituídas por profissionais de áreas como a educação, saúde e serviço social, que trabalham juntos para apoiar crianças estas crianças com desenvolvimento atípico, risco de atraso ou deficiências, bem como as suas famílias.
A sua missão principal destas estruturas pretende garantir a intervenção precoce, promovendo o desenvolvimento global da criança e apoiando a família, para prevenir ou minimizar problemas de desenvolvimento.
É neste sentido que a ELI de Abrantes, Mação e Sardoal, organizou o seu terceiro encontro, esta quarta-feira, dia 9 de julho, em Abrantes, com o tema-chapéu de Capacit’ARTE e que tem como objetivo debater este trabalho perante os profissionais do setor.
Na abertura deste encontrou que junto uma centena de pessoas no auditório da Escola Dr. Manuel Fernandes, em Abrantes, Pedro Caldeira, comissário do SNIPI, notou a realidade de “estarmos sempre a aprender. Quer na formação, nos simpósios, ou na observação das crianças.”
E neste trabalho destacou este pensamento: “A dúvida e desagradável, mas ter certezas e absolutamente absurdo. Devemos resistir à tentação de procurar certezas.”
O responsável referiu ainda que aquilo que “nos deve distinguir na identificação precoce é a criança. E a criança percebe quando nós estamos a olhar para ela. É a criança que nos diz com o que estamos a lidar.”
Pedro Caldeira, comissário do SNIPI
Raquel Olhicas, é a vereadora com o pelouro da Ação Social, indicou que a intervenção precoce é fundamental. Depois aportou à importância destes encontros. O primeiro realizou-se em Mação. O segundo foi no Sardoal, o ano passado, no qual foram assinados os protocolos de colaboração dos Municípios com a ELI, no âmbito das ações de intervenção precoce. “Representa um trabalho centrado na criança família e na sua comunidade”, disse a vereadora que destaca anda “o trabalho em rede para que nenhuma criança fique para trás.”
Raquel Olhicas, vereadora CM Abrantes
Isabel Alves, diretora do Agrupamento de Escolas N.º 2 de Abrantes destacou a importância e o papel da família nestes casos e notou que este encontro é um momento para trocar conhecimentos e estratégias que possam mudar ou melhorar as vidas das nossas crianças. E depois fez uma ligação ao ensino das artes, que pode ser fundamental para efeitos de terapia para o desenvolvimento cognitivo destas crianças. “A arte de capacitar. Também pode ser capacitar através da arte, que pode ser uma ferramenta para a capacitação destas crianças.” E explicou os dois projetos existentes no agrupamento sobre como educar e reeducar as nossas crianças.
Isabel Alves, diretora Agrupamento Escolas N.º2 de Abrantes
Já Ana Rico, diretora Agrupamento Escolas N.º1 de Abrantes, reconheceu o trabalho da ELI deste território, desde o ensino pré-escolar e no primeiro ciclo. “Um trabalho que já é conhecido e que espelha o que melhor sabemos fazer que é trabalhar em conjunto.”
Depois destacou o facto de a Equipa Local de Intervenção ter um trabalho profícuo com o Agrupamento N.º 1 de Abrantes. E vincou também a capacitação através da arte como “ferramenta educativa” muito forte nestes processos.
Ana Rico, diretora Agrupamento Escolas N.º1 de Abrantes
A enfermeira Maria José Mota, representou o Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde do Médio Tejo. Começou por introduzir a temática a referir que “o ser humano é uma obra de arte” pelo que “devemos estimar, ajudar a crescer e promover o seu desenvolvimento para atingir o ponto máximo.”
Depois esclareceu que “o trabalho dos profissionais de todos os setores é fundamental. E a precocidade é, igualmente, fundamental nesta área. É significativo de melhores resultados.”
Maria José Mota, ULS Médio Tejo
Vítor Moura, presidente da direção do Centro de Recuperação e Integração de Abrantes (CRIA), pediu para não se esperar dele uma conversa técnica ou científica. O dirigente da IPSS falou antes do trabalho político, nomeadamente, quando disse que as IPSS têm na sua génese “a necessidade de complementar o trabalho do estado.”
Depois ilustrou o que acabara de dizer com o exemplo da sua própria instituição: “O CRIA tem diversas respostas sociais. Trabalha, na base, com resposta social de pessoas portadoras de deficiência. Mas trabalha com outras pessoas. Tem um programa de apoio a pessoas com carência alimentar. E tem o RSI.”
Vítor Moura diz que hoje, dirigir uma IPSS é feito apenas por amor ao próximo e que é ao estado que compete zelar por isto. E questionou: “porque é que o hospital tem uma direção executiva e estas casas não têm?”
E concluiu a sua intervenção com a referência que os dirigentes das instituições têm de fazer contas. Muitas contas. “E o que ouço nas respostas sociais é a necessidade de ter mais e mais” envelopes financeiros.
Vítor Moura, presidente direção CRIA
Francisco Corga, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Mação, explicou que a IPSS que dirige é a responsável pela intervenção precoce no concelho de Mação desde 2008. E acrescentou que é notório que “a intervenção pode criar futuros mais inclusivos.”
A resposta precoce em Mação acompanha 25 crianças e familiares. Francisco Corga indicou ainda que a Santa Casa tem respostas de creche e ERPI.
Francisco Corga, provedor Misericórdia Mação
As principais funções das ELI são a avaliação do desenvolvimento da criança ou a identificação de sinais de atraso, ou risco no desenvolvimento. Depois há, em caso de necessidade, desenhar e implementar planos de intervenção, criar o Plano Individual de Intervenção Precoce (PIIP) assim como dar apoio à criança e famílias com os desafios do desenvolvimento infantil.
Estas estruturas trabalham em conjunto com escolas, unidades de saúde e segurança social para acompanhar e monitorizar a evolução das crianças em causa, assim como fazer a avaliação das intervenções.
Margarida Moura Neves integra a ELI de Abrantes, Mação e Sardoal e explicou à Antena livre como funcionam estas estruturas, para que servem, quem servem e de que forma pode ser contactada.
Margarida Moura Neves, ELI Abrantes, Mação e Sardoal
A ELI de Abrantes, Mação e Sardoal tem 20 anos de existência, nem sempre com esta designação. Ao que a Antena Livre apurou nestas duas décadas já ultrapassaram um milhar de crianças e famílias em acompanhamento.
As ELI são equipas que podem integrar educadores de infância, psicólogos, terapeutas da fala, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e enfermeiros ou médicos de desenvolvimento.
O contacto com a ELI pode ser feita través dos pais, profissionais de saúde ou educadores sempre que exista uma preocupação com o desenvolvimento da criança, sempre que esta apresente riscos biológicos ou ambientais, ou sempre que exista diagnóstico de deficiência ou perturbação do desenvolvimento.
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