São dois eventos num fim de semana. São dois eventos que “unem” freguesias. Um, junta o território do norte do concelho de Abrantes. Já tem 12 edições. O outro, junta territórios de vários pontos do país. A particularidade é que todos esses territórios tem o mesmo nome. A localidade de Rio de Moinhos de Abrantes, ao lado da de Arcos de Valdevez, Penafiel, Sátão, Borba e Aljustrel. São seis localidades com o mesmo nome que já se juntam em encontros há 19 anos.
Rui André, o presidente de Rio de Moinhos, Abrantes, que é o anfitrião dos dois eventos justificou fazer “a festa” em conjunto como forma de otimizar recursos e, no fim de contas, tentar trazer mais convívio aos riomoinhenses de Portugal e aos habitantes do norte do concelho.
O parque escolar de Rio de Moinhos tem a estrutura montada. Numa tenda juntam-se os expositores das freguesias. Um corredor para o país. Outro para o concelho de Abrantes. Como denominador comum o artesanato e a doçarias, ou não fosse Portugal um território de boas degustações.
Nesta exposição cada freguesia representada também mostra os seus territórios, aquilo que cada uma tem para oferecer.
Rui André, na abertura oficial, que contou com a presença da Banda Riomoinhense, chamou ao palco os autarcas das freguesias representadas no encontro.
E no destaque ao encontro do país contou três pequenos episódios que acontecem nesta união de territórios, cada um com as suas particularidades. Um desses episódios foi o de uma, agora, jovem que participou em todos os encontros. Desde o tempo em que a mão ainda estava grávida. E ali está para atuar no rancho folclórico da sua terra.
Outro episódio, mas sem os protagonistas presentes, foi um casamento entre Rio de Moinhos de Aljustrel e de Arcos de Valdevez. Num dos encontros um casal conheceu-se e acabaram por dar o nó.
E o presidente de Rio de Moinhos, o de Abrantes, disse ainda que há um emigrante em França que todos os anos tira férias para não faltar ao encontro. E ali estava ele, sentado em mais um fim de semana de convívio.
Rui André, presidente JF Rio de Moinhos (Abrantes)
Sobre o 12 encontro do norte do concelho de Abrantes Rui André lançou o desafio ao presidente do Município de Abrantes, porque não fazer um outro evento com as 13 freguesias. A ideia não seria transformar este que já existe, mas, antes, criar um novo.
Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara de Abrantes, saudou os visitantes, dos Rio de Moinhos e depois destacou a importância dos dois eventos. Disse o autarca que são estes eventos que fortalecem os territórios, no caso do norte de Abrantes, mas fortalecem as comunidades, no caso do encontro que junta realidades diferentes.
Manuel Jorge Valamatos, presidente CM Abrantes
O projeto do encontro dos Rio de Moinhos foi idealizado em 2002 e viu a sua primeira edição concretizada em 2005 nesta freguesia do concelho de Abrantes.
O Festival de Doçaria e Artesanato da Zona Norte do Concelho de Abrantes já regista a sua décima segunda edição. Para além da freguesia anfitriã, integram este evento as freguesias de Aldeia do Mato e Souto, Carvalhal, Fontes e Martinchel. O objetivo é divulgar o melhor da doçaria e do artesanato de cada uma das localidades e, no fim, serão premiados os melhores doces e as melhores peças de artesanato.
Antes desta abertura do evento foi feito o lançamento do livro “Marítimos e Navegantes do Tejo - Memórias de Francisco Jacinto, marítimo de Rio de Moinhos”, da autoria de João Monteiro Serrano. O momento teve também a apresentação da miniatura do barco varino, construído em 1945, no Cais de Rio de Moinhos, e batizado com o nome “Campino”. O original está em Vila Franca de Xira, a réplica a uma escala 1/22 foi executada pelas mãos de José Gaspar.
Este livro, vincou o presidente da Junta de Freguesia de Rio de Moinhos, é o testemunho que alguém viveu o mar. Uma memória de todos os que nos deixaram.
Rui André explicou que o autor João Serrano ouviu vários dias o senhor Francisco, que tem 93 anos (quase 94). Este disse que a foto presente na capa do livro foi “tirada na vala do Carregado” e recordou aqueles tempos com saudade e com a indicação que em Rio de Moinhos e Amoreira era só marítimos.
Rui André conversa com Francisco Jacinto
João Serrano, o autor, começou por indicar que vivemos um tempo caracterizado pela ausência da memória e em que alguém está a dizer que é preferível entreter do que promover cultura. “Eu prometi ao Francisco que este livro seria feito”, afirmou o autor que se virou para o espaço de Arcos de Valdevez para dizer que a seguir quer contar a história dos “garranos”, originários daquela zona do país.
João Serrano, autor livro
Rio de Moinhos tem três cais no Tejo, Caldelas, Rio de Moinhos e Amoreira. Tinha uma indústria naval com pergaminhos e núcleos de marítimos dos mais importantes do país.
José Gaspar aludiu à responsabilidade que teve na execução deste barco varino. “Acho que o barco representa bem a freguesia de Rio de Moinhos”, indicou o artesão e calafate, para logo a seguir deixar um pensamento no ar: “Já estou a pensar noutro barco que desapareceu, o “culé (ou barco de água acima) que desapareceu e as pessoas nem sequer ouvem falar nele.”
José Gaspar, artão que construiu a réplica do varino
O arrais Francisco, no alto dos seus quase 94 anos, ao ver a replicado varino, sorriu e a apontar para a peça que estava à sua frente largou esta frase: “Tudo no barco tem nome e eu sei o nome de tudo.”
Quando aos encontros há um programa de animação variado e, acima de tudo, com muita festa.
Galeria de Imagens