2026 pode trazer mudança da paisagem, nesta fotografia. Desde o momento em que foi construída, na década de 80, já se sabia que quando a produção a carvão parasse a estrutura iria ser desmantelada. Há o desmantelamento da chaminé e das torres de refrigeração de água que muitas pessoas ligavam, pela semelhança, a centrais nucleares. A verdade é que eram apenas sistemas para arrefecimento da água que entrava nas turbinas em vapor para a produção de eletricidade.
Até todo o espaço que serviu para o depósito de carvão vai ter de sofrer uma intervenção de descontaminação dos solos.
Este é um processo que, em 2021, quando parou a produção a carvão, já se estimava em 40 Milhões de Euros e com um prazo de três a quatro anos, entre o desmantelamento de estruturas e descontaminação dos solos.
Após desmontada a central térmica, o espaço será preparado para novos investimentos industriais e económicos. Recorde-se, no entanto, que ainda funcionam na Central do Pego dois geradores de produção a gás.
O local já foi alvo de um projeto essencial de transição energética, vencido pela Endesa no âmbito da Transição Justa que prevê a instalação na região (concelhos de Abrantes, Chamusca e Gavião) de energia solar (365 MW) e energia eólica (cerca de 264 MW). Por outro lado, está previsto um parque de armazenamento de energia em baterias (168,6 MW) e, numa fase posterior, a produção de hidrogénio verde (500 kW). O projeto tem a sede da Endesa Generacion em Abrantes, prevê a formação e reconversão profissional de trabalhadores locais.
Já o ramal ferroviário de acesso, a partir da Linha Ferroviária da Beira Baixa, em Mouriscas, não faz parte do desmantelamento e será mantido. Há o forte interesse na manutenção do mesmo como uma infraestrutura fundamental para a implementação de um novo ou de novos projetos empresariais que necessitem de transporte ferroviário.
Quando questionado, na última Assembleia Municipal de Abrantes, sobre este processo, Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara de Abrantes, frisou que “o desmantelamento da Central vai acontecer em breve. Aliás, o processo de licenciamento está ou concluído, ou em vésperas de conclusão. No início do ano, é expectável que, de facto, o desmantelamento da Central aconteça.” E depois acrescentou que “este desmantelamento dará lugar, seguramente, do ponto de vista de espaço, a novos investimentos ou, pelo menos, a ficar o terreno disponível para novos investimentos.”
O autarca indicou ter tido uma reunião com o secretário de Estado de Energia, onde abordou esta questão, entre outras.
“O governo deu mais um ano para a concretização do projeto da Endesa. Ele está a andar, tem reflexo em vários pontos da nossa região com a instalação de painéis fotovoltaicos e eólicos. A parte mais estruturada, mais de equipamento de gestão iniciará agora no ano de 2026. A sede social da Endesa está aqui [em Abrantes], como era o propósito,” indicou o presidente da Câmara que acrescentou saber que já tem umas instalações novas que a empresa vai remodelar. Valamatos concluiu o tema a dizer que: “nós sabemos que, em 2027, eles têm que carregar no botão e tem que haver produção de energia. É um projeto de 700 milhões de euros, um projeto importante para Abrantes e para a nossa região.”
Manuel Jorge Valamatos, presidente CM Abrantes
Ainda a propósito do encerramento da Central a Carvão ficou a saber-se que o Fundo Ambiental garantirá, no ano 2026, o pagamento por inteiro dos ordenados dos trabalhadores da central a carvão.
Por outro lado, Manuel Jorge Valamatos, indicou ainda que as Zonas Livres Tecnológicas foram definidas em Lei, geograficamente, mas falta agora é a sua regulamentação e, seguramente, a compatibilização com o próprio Fundo de Transição Justa para se criar equipas dinamizadoras das Zonas Livres Tecnológicas. O Tagusvalley será a entidade que está na calha para criar essa equipa dinamizadora. “É preciso ter uma equipa capaz de dinamizar e trazer para o território potencial económico de investigação, de inovação, mas precisamos de uma equipa verdadeiramente dinâmica, capaz de promover estas Zonas”, afirmou o presidente da Câmara de Abrantes.
O Ponto de Injeção na rede do Pego foi outro tema na conversa entre Manuel Jorge Valamatos e Jean Barroca. O autarca diz que é uma infraestrutura que “tem um potencial incrível” e que “nunca ninguém me conseguiu dizer o seu valor.”
Ainda nesta conversa o presidente da Câmara de Abrantes ficou a saber que o projeto do Datacenter já terá sido apresentado ao governo. “Existem vários projetos, neste momento, em andamento. E aquele tal projeto que se falou muito quando da aprovação do Interesse Municipal (EDC Port 1), esse mesmo, de acordo com o Sr. secretário do Estado, foi apresentado a alguns membros do Governo (...) estamos a falar de investimentos, de investidores, não é dinheiro público, não temos uma intervenção direta, mas queremos acreditar que este ponto de injeção vai nos permitir fazer uma grande volta.”
Manuel Jorge Valamatos concluiu esta intervenção a dizer “sentimos é que isto demora muito tempo.”
Manuel Jorge Valamatos, presidente CM Abrantes
Se a Central do Pego marcou durante mais de 40 anos a paisagem do território, com as suas torres e a chaminé, 2026 vai ser o ano em que as mesmas vão começar o processo de desmantelamento.