O novo ano letivo 2025/2026 no Agrupamento de Escolas Verde Horizonte, de Mação, contou com a presença do secretário de Estado da Educação, Alexandre Homem Cristo. O governante esteve na escola do 1.º Ciclo, onde deu as boas-vindas, às crianças e pais do jardim de infância e do primeiro ano. Depois deslocou-se para a escola sede do agrupamento para receber os alunos e pais do 5.º ano de escolaridade. Teve ainda tempo de conhecer os cantos da escola e de saborear uma refeição preparada pelos anos dos 2.º e 3.º anos do curso de cozinha e pastelaria, um dos cursos de formação profissional que mais visibilidade dá à escola.
O Agrupamento Verde Horizonte
O Agrupamento de Escolas Verde Horizonte tem três estabelecimentos de ensino. A escola sede com turmas do 5.º ao 12.º ano, incluindo os cursos de formação profissional. São 382 jovens que frequentam esta escola. Este ano, afirmou Rufina Costa, diretora do Agrupamento, a Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE), autorizou a escola a ter uma turma de 12.º ano com as três áreas: ciências e Tecnologias; Ciências Socioeconómicas; e Línguas, e Humanidades. Desta forma os alunos de Mação podem ficar na sua terra e não têm de procurar uma escola noutro território.
O ensino profissional tem uma presença forte e muito ativa nesta escola. Este ano o Agrupamento Verde Horizonte tem cursos profissionais de Cozinha e pastelaria;
Desporto (1.º ano), Estética; Mecatrónica automóvel; Proteção Civil (1.º ano); Auxiliar de Saúde; Auxiliar de Ação Educativa; e Turismo. Rufina Costa enfatizou o curso de Mecatrónica Automóvel pois como a escola não tem condições para as aulas práticas, a autarquia apoia com a cedência de um espaço nos estaleiros municipais e ainda garante o transporte destes alunos entre a escola e a sala de aulas práticas.
A diretora deixou ainda mais uma mão-cheia de informações sobre o funcionamento do estabelecimento, quer para pais e alunos, quer para o secretário de Estado.
Este ano todas as turmas vão eleger o delegado e subdelegado de turma assim como um eco delegado e um eco subdelegado de turma. No âmbito da cidadania haverá uma assembleia de turma mensal. Um dos temas a abordar e decidir será quais sanções a aplicar aos alunos que não cumpram estas regras do agrupamento. E uma dessas regras tem a ver com o uso dos telemóveis. Não são autorizados até ao 7.º ano. Uma alteração já que no ano passado a proibição era apenas até ao 5.º ano. E do 8.º ao 12.º ano é sugerido e aconselhado o uso responsável destes aparelhos, sendo que nos átrios e corredores não é possível utilizar os telemóveis.
Foram ainda apresentados os planos e projetos nas artes por Francisca Correia, artista residente, que este ano entre as muitas atividades quer manter a rádio-escola e acrescentar um projeto novo: ser o DJ da tua escola. Ou seja, os jovens podem escolher uma lista de músicas para ouvir, ou poderão ser eles mesmos a “tocar” esses temas.
Registo ainda para um outro desafio. Todos os dias, os alunos do 5.º ao 10.º ano têm 10 minutos de leitura com livros à escolha dos alunos, mas que fazem parte do Plano Nacional de Leitura, e um diário de escrita que os alunos do 5.º ao 9.º ano têm de fazer. Ao final de cada dia escolar têm dez minutos para aprimorar o resumo do seu dia.
A escola do 1.º ciclo e jardim de infância, no Cálvário, tem 252 anos enquanto que a escola do 1.º ciclo de Cardigos, uma das freguesias mais distantes da sede de concelho conta, este ano, com 35 meninos.
Registo ainda para o facto de entre os 658 alunos existirem 96 de 13 nacionalidades Brasil (51), Cabo Verde (11), Angola (10), Roménia (7), Cuba (3), Alemanha (3), Reino Unido (2), Bélgica (2), Moçambique (2), Israel (2), Polónia (1), China (1) e Bulgária (1).
Os pedidos da Associação de Pais
Ana Filipa Heitor, presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação deixou no ar meia-dúzia de notas, entre elas o reconhecimento ao trabalho feito na revisão da carreira docente, para permitir atrair mais professores para as escolas. “Ser professor é uma escolha que tem de ser feita com alguma paixão. E a escola é e está desafiante.”
Logo de seguida referiu-se à legislação para crianças com deficiência, sendo muito vaga. Existem no país mais de 80 mil crianças com necessidades educativas especiais, e a escola tem um projeto de educação inclusiva que quer acolher essas crianças. O Decreto-Lei 54, de 2018, deixa, segundo a dirigente, algumas inseguranças, algumas interpretações. É um bocadinho vaga. “Tenho a noção que há 90% das escolas que não funciona tão bem, mas também tenho a certeza que há 10% de escolas que gostaria que o meu filho estivesse incluído, por causa das ofertas, mas também porque podem ter mais alunos.” Ana Filipa Heitor acrescentou que a escola é obrigatória até ao 12.º ano e é preciso garantir o ensino a estas crianças e garantir apoio no período fora do tempo das atividades letivas.
Ana Filipa Heitor agradeceu a proibição do uso dos telemóveis na escola e ainda o facto de os pais poderem ter sido ouvidos na revisão da disciplina de cidadania.
A autarquia sempre ao lado da escola
As autarquias têm, desde há três anos, competências delegadas no que diz respeito à Educação. Principalmente nos edifícios e infraestruturas e no pessoal não docente. Mas em Mação esta parceria Escola-Câmara ou se quisermos Câmara-Escola já funciona há muitos anos. E a descentralização de competências só acrescentou mais elos de ligação entre as duas instituições.
Margarida Lopes, a presidente da Câmara Municipal de Mação, presente nesta abertura do ano, deixou claro que existe uma relação muito estreita entre autarquia e a escola “mesmo não havendo concordância em tudo”. Há, vincou, muitos projetos de parceria entre a escola e autarquia e há muitos apoios da autarquia aos alunos.
E deu alguns exemplos. Todos os estudantes do Agrupamento Verde Horizonte têm o almoço pago pela Câmara de Mação. Os manuais escolares do 1.º ciclo são adquiridos pela Câmara que promove ainda a atribuição de Bolsas de Estudo e prémios de mérito aos alunos.
E depois explicou que no final de cada ano letivo a escola proporciona uma viagem de final de ano de cidadania e cultura aos alunos finalistas. É uma viagem pela Europa para “dar mundo” aos jovens. Este ano houve paragens no Parlamento Europeu e na Normandia. Há também conhecimento das culturas de outros países e passagem por pontos de diversão.
Governo aposta na melhoria da carreira de professores e em alteração ao pessoal não docente
O secretário de Estado da Educação, Alexandre Homem Cristo, foi a Mação para conhecer a realidade da escola. E fez questão de dizer que “as escolas que funcionam bem são as que tem uma boa relação com a autarquia.”
Depois deixou uma mão-cheia de informações para o sector. Como o anúncio para 2026 da criação do estatuto de diretor da escola ou da recuperação total do tempo de serviço que está em marcha.
O governante indicou ainda os passos dados na revisão do Estatuto da Carreira Docente, que já teve algumas negociações bem-sucedidas com os sindicatos e só não avançou mais pela “queda” do governo. Depois indicou a necessidade de rever o estatuto remuneratório no início de carreira dos professores, pois o país terá um problema nos próximos 20 anos. Ou seja, não há atratividade para a carreira e, à medida que os professores forem saindo do ativo não há capacidade de ocupação de todas essas vagas.
Uma das grandes mudanças que Alexandre Homem Cristo anunciou tem a ver com o pessoal não docente, os Auxiliares de Ação Educativa. “Vamos introduzir alterações, que têm de ser negociadas com a Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP). Queremos diferenciar os auxiliares que têm funções educativas e não educativas.” Ou seja, por exemplo, há uma diferença entre um auxiliar da cozinha e um que acompanha os alunos nas salas, biblioteca ou salas de apoio letivo.
Depois deixou ainda uma mensagem aos pais. “Se os pais se preocupam há melhores resultados. Articulem com a escola. Alinhem diálogo com a escola. Os alunos que ficam para trás são muito mais difíceis de resgatar. Tenham expetativas elevadas nos vossos filhos”, disse o governante.
Depois dirigiu-se aos alunos: “Vão entrar numa nova fase. O 1.º ciclo é o pilar. No 5.º ano têm muitas mudanças e a adaptação à diferença vai-vos fazer muito bem.”
Ao final da manhã o secretário de Estado teve oportunidade de visitar a escola-sede do Agrupamento e de contactar com os alunos do 5.º ano que andavam com os pais e diretores de turma a conhecer os “cantos à casa”.
Alexandre Homem Cristo, secretário de Estado Educação
Finalizou a visita com um almoço no restaurante pedagógico da escola serviço pelos alunos do curso de Cozinha e Restauração e com apoio de alunos do curso de Turismo: para iniciar a Corvina, a ameijoa e o almeirão; para principal o frango braseado, os cogumelos e o poejo; para sobremesa a pera, a chave dourada os citrinos e o medronho.
Segunda-feira, dia 15, já é a sério, já começam as aulas.
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