A Unidade Local de Saúde do Médio Tejo (ULS Médio Tejo) vai disponibilizar gratuitamente produtos de higiene menstrual em todas as unidades de cuidados de saúde primários da região.
Esta iniciativa está integrada no âmbito do projeto nacional “Dignidade Menstrual”, promovido pela Direção-Geral da Saúde (DGS), que tem como principal objetivo “a promoção da equidade em saúde e no combate à pobreza menstrual, assegurando que todas as mulheres, especialmente as mais vulneráveis, tenham acesso a condições básicas de conforto e higiene”.
A pobreza menstrual é uma realidade pouco debatida. No entanto, milhares de jovens e mulheres em Portugal faltam à escola, ao trabalho, cancelam atividades, e evitam mesmo pedir ajuda médica por não terem acesso a produtos menstruais adequados. A sua disponibilização, sem custos, nos centros de saúde é, assim, “um gesto simples, mas poderoso”, na promoção da dignidade, da saúde feminina e da inclusão dentro do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Para terem direito aos produtos menstruais gratuitos, as utentes poderão solicitá-los diretamente nas unidades de saúde familiar (USF), ou unidades de cuidados personalizados (UCSP).
Num primeiro momento, é agendada uma consulta de enfermagem, onde são identificadas necessidades de saúde adicionais (como vacinação, planeamento familiar ou rastreios). Os produtos são depoi, entregues de acordo com a preferência da utente, para uso de um mês, podendo ser fornecidos para três meses em casos de maior vulnerabilidade. O processo é acompanhado e registado pelas equipas de enfermagem, que monitorizam os stocks e a adesão ao programa.
A iniciativa agora implementada em todas as unidades de cuidados de saúde primários da região do Médio Tejo contempla a entrega gratuita de pensos higiénicos com abas (para dia e noite), tampões com aplicador (tamanhos S, M e L) e copos menstruais (tamanhos M e L) a todas as utentes que os solicitem, independentemente da idade ou do grupo socioeconómico, existindo especial atenção às utentes em situação de vulnerabilidade social ou geográfica.
A ULS Médio Tejo abraça este projeto encarando-o como “uma oportunidade concreta” de cuidar das pessoas de forma integral — promovendo a literacia em saúde menstrual, combatendo o estigma associado, e aproximando a comunidade dos serviços de saúde.
“A menstruação não pode continuar a ser um fator de exclusão, vergonha ou desigualdade. Falar de menstruação nos cuidados de saúde é falar de equidade, de saúde pública e de dignidade. Com a disponibilização gratuita de produtos menstruais nos cuidados de saúde primários garantimos que nenhuma pessoa é deixada para trás por razões económicas, sociais ou culturais”, sublinha Piedade Pinto, enfermeira diretora da ULS Médio Tejo. “Esta medida é um marco importante no combate às desigualdades em saúde e na promoção da saúde feminina. Garantir o acesso universal a produtos menstruais é cuidar das pessoas de forma integral e humanizada”, declara Piedade Pinto, que integra o Conselho de Administração da ULS Médio Tejo.