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Ricardo Aires: “A nossa feira já está enraizada e o público já sabe que vai encontrar a qualidade dos produtos”

27/07/2018 às 00:00

A 29ª Feira de Enchidos, Queijo e Mel (FEQM) está de regresso a Vila de Rei entre os dias 28 de julho a 5 de agosto. Em entrevista ao Jornal de Abrantes, Ricardo Aires, presidente da Câmara Municipal, destaca a programação do evento, refere-se ao certame como um projeto consolidado e salienta a presença de 120 expositores no parque de feiras. O autarca evidencia ainda as praias fluviais de Vila de Rei e os projetos que estão em curso no concelho.

Qual foi o motivo que esteve na origem da Feira há 29 anos atrás?

Há 29 anos atrás, os acessos eram muito maus. As pessoas para sair daqui tinham algumas dificuldades e para chegarem cá também, porque estávamos um pouco isolados. Na década de 90, com as infraestruturas que se fizeram, o concelho ficou mais acessível. Mas há 29 anos, quando a Irene Barata veio para o concelho, depressa percebeu que o comerciante e o produtor estavam condicionados a uma venda restrita às pessoas do concelho, porque as pessoas dos concelhos limítrofes não vinham até Vila de Rei. E, por isso, o objetivo principal da Feira foi criar um elemento atrativo à vinda de pessoas até ao concelho e à vila. Havia a festa, e todos vinham à festa.

Na altura, o objetivo principal foi mostrar o que se produzia no concelho e o que se fazia por cá. Era uma feira muito mais pequena e somente com produção local.  Hoje, a feira acontece no nosso parque de feiras, com uma dimensão maior e num espaço polivalente.

Hoje é um modelo consolidado? Há novidades este ano?

Sim. É um modelo consolidado, não quer dizer que não se possa melhorar em certos aspetos, mas é um modelo consolidado. O ano passado mudámos a configuração da feira e tivemos alguns expositores que ficaram um pouco descontentes e alegaram a pouca passagem de visitantes. Este ano, vamos voltar ao mesmo modelo, mas vamos ter mais animação por todo o parque e, em concreto o palco 2, vai voltar a ficar na zona mais alta do parque. Este ano, as tasquinhas das associações vão ficar no polidesportivo. Vamos colocar os bares naquela zona para criar ali maior dinâmica e animação.

Quantos expositores vão estar? Na sua maioria de Vila de Rei ou muitos vêm de outras partes do país?

Vamos ter cerca de 120 expositores na sua maioria produtores, comerciantes e empresários locais. Também temos a presença de alguns produtores e artesãos de outras zonas do país. Devido ao incêndio de 2017, há menos mel este ano, mas iremos ter os nossos produtores locais. Quanto aos enchidos, iremos ter as nossas indústrias habituais. O queijo é que é sobretudo produção externa. Devido à burocracia mais pesada, as pessoas não se sentem devidamente motivadas para apostar na produção de queijo. Passou-se do “8 ao 80” e falamos de pessoas já com alguma idade que deixaram de produzir queijo, mas esperemos que a Feira volte a ser atrativa para que os locais se motivem a voltar a este tipo de produção. Por outro lado, a doçaria tem vindo a aumentar e temos reparado que a presença da nossa loja de produtos endógenos, bem como a nossa loja online, que agora está disponível no site do Município, têm sido elementos atrativos à aposta na produção deste tipo de produtos.

Há presenças assíduas nesta Feira?

Sim, e até posso afirmar que a nossa feira poderia ter uma maior dimensão. Contudo, queremos apostar mais na qualidade do que na quantidade. Depois, referir que apesar de ser a Feira de Enchidos Queijo e Mel temos também, cada vez mais, a nossa indústria e o nosso comércio local e isso também é muito importante.

Quem é que procura a Feira? Quantos visitantes estão previstos?

São esperados cerca de 50 mil visitantes. O primeiro visitante são os próprios vilarrregenses que residem cá e que estão a viver fora. Temos pessoas que tiram férias por causa da feira. Já sabem que o certame acontece sempre no último fim-de-semana de julho e no primeiro de agosto. São as nossas festas da vila. Os segundos visitantes são aquelas pessoas que procuram os nossos produtos. Por exemplo, temos pessoas que vêm de propósito à feira para comprar os nossos enchidos. O terceiro visitante são aquelas pessoas que passam nas nossas praias fluviais e, como sabem que a feira é naquela altura do ano, vêm para aproveitar os espaços balneares, para visitar a feira e ficam alojados nos nossos espaços hoteleiros.

Saliento que a praia fluvial do Bostelim é a única com Bandeira Azul no distrito de Castelo Branco, Fernandaires com a estância de Wakeboard e o Penedo Furado, que vai ser sempre a praia emblemática, têm sido motivos de grande adesão.

Há uma aposta clara no cartaz musical.

Apostamos num programa que seja transversal a várias idades. Queremos que o público seja atraído a vir e daí temos apostado em nomes bem-sonantes do panorama musical português.

Há outras atividades que integram a FEQM, como a Feira do Livro, a Colheita de Sangue e o programa desportivo.

A Feira do Livro é uma aposta cultural muito importante e muitas vezes não lhe é dada a devida importância, mas quando as pessoas se deslocam lá, ficam impressionadas ao ver tanta oferta na feira do livro. Uma aposta que também tem muitos anos é a Colheita de Sangue. Aproveitamos a feira para fazer a colheita porque temos muitas pessoas por cá. Os nossos vilarregenses são pessoas solidárias, como também os próprios visitantes que são dadores e aproveitam o certame para fazer a sua dádiva. Já o programa desportivo é muito vasto e diversificado, desde a canoagem, os insufláveis para as crianças, os jogos tradicionais, etc. De destacar ainda a presença do Secretário de Estado das Florestas, Miguel Freitas, no arranque do certame, a 28 de julho.

Qual é o investimento realizado com a organização da Feira?

São cerca de 100 mil euros. Esta é uma aposta clara deste executivo numa tentativa de trazer pessoas ao concelho e de lhes mostrar o que por cá fazemos. É uma aposta na atividade económica e, portanto, estes 100 mil euros são um investimento que tem repercussões nos cofres do comércio local. A nossa feira, com 29 anos, já está enraizada e o público já sabe que vai encontrar a qualidade dos produtos.

Quais são as principais obras e projetos em curso no concelho?

Temos uma série de intervenções nas ETAR’s, nas águas e saneamentos. São cerca de 2ME e 100 mil euros nas quatro zonas que estão a ser intervencionadas. Temos o parque da vila que vai nascer. As duas fases da obra já entraram em concurso público. Vai ser um espaço de lazer, com anfiteatro e quiosque para os nossos jovens que estudam no concelho, sendo que o espaço fica localizado junto à escola e que pode ser uma alternativa à sala de aula. Temos a conclusão da zona industrial do Souto. Só tínhamos duas ruas infraestruturadas, e uma vez que começou a surgir nova indústria, teremos de preparar o que falta daquele espaço. Estamos ainda a preparar uma candidatura à APA para que possamos ter novos passadiços no Penedo Furado, que irão fazer a ligação às cascatas.

Quanto à Herdade Foz da Represa, há novidades?

Há um mês escrevemos uma carta para os responsáveis do projeto para que nos dessem o ponto de situação. Ainda não nos responderam, estamos a aguardar. Esperemos que a resposta seja positiva, pois este projeto levou 5 anos. Eu acredito no investimento, porque fiz de tudo para que ele acontecesse.

Como está a ser preparado o verão deste ano? Como correram os trabalhos de limpeza?

Voltámos a fazer os trabalhos de limpeza e este ano com uma grande ajuda dos nossos proprietários. Eles foram uns autênticos heróis. Tivemos casos de pessoas, que com muitos dificuldades e que não colheram nada da floresta, limparam os seus terrenos. Este ano correu bem, mas confesso que tenho receio quanto aos próximos anos. As pessoas não têm dinheiro e não têm tido ganhos da floresta e, por isso, é muito difícil dar continuidade a estes trabalhos de manutenção. Estas pessoas têm de ser apoiadas e apoiadas devidamente.

Joana Margarida Carvalho

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