O mundo deve consumir este ano 516 milhões de toneladas de plástico, um produto que contaminou a água, os alimentos e o ar, alerta a ONU, que este ano dedica o Dia Mundial do Ambiente ao combate ao plástico.
Marcado por uma mobilização global contra a poluição por plástico, o Dia Mundial do Ambiente comemora-se na quinta-feira e tem este ano como país anfitrião a Coreia do Sul.
O lema será “Combater a poluição por plástico” e acontece exatamente dois meses antes de uma nova reunião mundial para negociar um tratado global para acabar com a poluição por plásticos.
Na página oficial sobre a efeméride a ONU destaca que a poluição por plásticos está presente em todos os cantos do planeta mas também nos corpos humanos, sob a forma de microplásticos, e explica que o Dia tem como objetivo encorajar pessoas, organizações, indústrias e governos a adotarem práticas sustentáveis que conduzam a uma mudança sistémica.
“A poluição por plásticos está a sufocar o nosso planeta, prejudicando os ecossistemas, o bem-estar e o clima. Os resíduos de plástico entopem os rios, poluem os oceanos e põem em perigo a vida selvagem”, diz o secretário-geral da ONU numa mensagem para o Dia Mundial do Ambiente.
António Guterres recorda que quando decomposto em pequenas partículas o plástico chega a todos os cantos da Terra, do topo do monte Evereste às profundezas dos oceanos, e mesmo aos cérebros humanos e ao leite materno.
Numa nota otimista, António Guterres destaca o “crescente envolvimento” das pessoas, os passos no sentido da reutilização, ou as políticas para reduzir os plásticos de utilização única.
Recorda ainda a reunião de agosto (5 a 14 na Suíça) para elaborar um tratado global para acabar com a poluição por plásticos. “Este ano, precisamos de um acordo ambicioso, credível e justo. Um acordo que abranja o ciclo de vida do plástico, na perspetiva das economias circulares...”, diz na mensagem, pedindo que o acordo seja implementado rapidamente.
A ONU destaca a dispersão do plástico mas não o diaboliza, afirmando que o material trouxe benefícios inegáveis, desde a poupança de energia à conservação de materiais.
Patrícia Carvalho, coordenadora do Pacto Português para os Plásticos (PPP), em declarações à agência Lusa também frisa que a luta não é contra o plástico mas sim contra a má utilização do plástico, um material que é útil em muitas áreas.
O que se pretende não é eliminar o plástico, é garantir a sua circularidade, diz, recordando que há poucos meses foi publicada legislação europeia importante, um regulamento sobre embalagens e resíduos de embalagens, que contempla metas.
Esse tem sido, acrescenta, um dos trabalhos do PPP, explicar a nova legislação, além de uma série de divulgações online e visitas técnicas e campanhas sobre o plástico, entre outras iniciativas.
Otimista, considera que as pessoas estão mais informadas e atentas, e que se passou a fase de diabolizar o plástico para outra de entendimento de que é preciso agir. Mas “é preciso mais ação”, é preciso mais reciclagem, uma área cujas metas não estão a ser cumpridas.
Na redução do plástico, diz, há esforços que estão a ser feitos também pelos retalhistas, desde a eliminação das embalagens escuras à melhoria nos rótulos, aos plásticos complexos. “A verdade é que podem fazer mais, mas têm feito muita coisa”.
“Há um caminho que está a ser feito. Acho que há uma consciência muito maior e empresas e marcas estão a trabalhar na procura de soluções”, resume Patrícia Carvalho, recordando que do PPP fazem parte 119 entidades, 43 efetivos e 76 institucionais, unidos numa plataforma de colaboração.
É preciso, defende, um bom sistema de recolha seletiva, que seja justa e conveniente para a população, e que quem recicla seja recompensado. E que sejam feitas mais campanhas de sensibilização, que têm estado ausentes. E que se criem políticas que promovam a prevenção e a reciclagem.
E para o Dia Mundial do Ambiente mantém o mesmo otimismo, o de manter um espírito positivo. “Achar que tudo é mau imobiliza-nos. Qualquer ação, em qualquer lugar do mundo, é importante. Nem que seja não colocar um plástico no chão”.
Uma ideia que também a ONU defende: “A mudança acontece através de todos nós”.
Até 2060 o consumo global anual de plástico deve atingir mais de 1,2 mil milhões de toneladas. Em cada ano 11 milhões devem ser derramadas nos ecossistemas aquáticos. E 13 milhões de toneladas acumulam-se no solo. Só 9% dos plásticos produzidos são efetivamente reciclados.
O Dia Mundial do Ambiente foi criado pela ONU em 1972.
Lusa