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Festas de Abrantes: Queremos valorizar os profissionais das nossas comunidades

6/06/2025 às 12:00

As Festas mantêm o mesmo modelo, mas há um objetivo de fazer crescer a presença da flor durante este período. Nesta entrevista, Manuel Jorge Valamatos, manifesta esperança num crescimento económico forte perante o conjunto de manifestações de interesse na instalação de empresas em Abrantes, uma grande fatia nas energias renováveis. A habitação também está em fase de crescimento, público e privado, e sobre imigração o autarca diz que são bem-vindos, na medida certa, e que respeitem as nossas regras. Já sobre saúde nova USF norte pode resolver uma parte dos problemas dos cuidados primários de saúde, mas, é certo, não resolverá todos os problemas que existem.

Entrevista por Jerónimo Belo Jorge

 

Comecemos pelas Festas. Não há grandes novidades. Este é o modelo certo para as Festas de Abrantes?

Julgo que os últimos anos têm demonstrado que temos umas festas com dimensão, com diversidade que as pessoas gostam. Temos desde o bailarico a concertos mais empolgantes. E procuramos a diversidade nos artistas e também nos espaços onde acontecem os espetáculos. De uma forma geral há o reconhecimento de um evento com grande projeção.

As marchas populares foram recuperadas e em dois anos a participação aumentou consideravelmente?

As festas são da comunidade e temos de as ir ajustando aos interesses da comunidade. Começamos com três, o ano passado foram sete e este ano serão 13. O número tem vindo a aumentar e o gosto pela participação, e o envolvimento, tem vindo a aumentar. Temos vindo a fazer alterações, por exemplo, os concertos da juventude passaram do Largo da Câmara para o Largo do Tribunal. Olhe, a flor é um tema central que queremos reintroduzir nas Festas. Não o introduzimos de forma robusta, mas estamos a tentar criar as condições para isso, para esta temática da festa da flor.

Flores naturais?

Sim, a temática das janelas floridas. Pode haver uma mistura de flores naturais com flores de papel. Há anos já tivemos um espaço decorado...

... A nova estufa da divisão de Ambiente pode ser o ponto fulcral para este crescimento numa Abrantes mais florida?

Todas as coisas se ligam. Este investimento feito pela divisão do Ambiente procura soluções mais sustentáveis para os nossos jardins, ou seja, mais flores a custos mais baixos. E isso tem implicações no futuro. Seguramente nos próximo anos irá produzir muito mais flores para os nossos espaços verdes, mas também para a cidade e para as janelas, com as tradicionais sardinheiras.

 

Este ano no Dia da Cidade, 14 de junho, o Município vai distinguir a GNR e a PSP. Porquê?

Nos últimos temos vindo a entregar a medalha de mérito a instituições de grande relevância. Recordo o Hospital, as IPSS, as escolas ou os bombeiros. Nós queremos homenagear, nas instituições, as pessoas que lá trabalham. Não a homenagem à instituição só por si. Queremos valorizar os profissionais das nossas comunidades. A GNR e a PSP tomam conta da nossa segurança, todos os dias. E, muitas vezes põem em risco as próprias vidas para nos proteger. Estas pessoas têm de ser valorizadas, enquanto responsáveis públicos também temos esta responsabilidade de homenagear estas pessoas e encontrámos no Dia da Cidade a oportunidade de o fazer.

Na saúde. Continuamos com problemas ao nível dos Médicos de Família no país, na região e no concelho. A Unidade de Saúde Familiar (USF) norte vai resolver este problema em Abrantes?

Não resolve tudo, mas será um grande contributo para a reorganização dos cuidados de saúde primários no nosso concelho. Queremos fazer esta USF norte, mas não abdicamos de continuar a ter em funcionamento os postos de Carvalhal Mouriscas e Rio de Moinhos. Queremos de ter um serviço capaz de responder a toda a zona norte. Mas com a USF também o atual centro de saúde de Alferrarede vai ser outros serviços complementares, olhe, por exemplo, os dentistas. Mas queremos reforçar estas USF [incluindo as que já existem] para responder à comunidade. Por exemplo, na USF Beira Tejo queremos mais horas de médicos em Tramagal e Bemposta e queremos alargar a Alvega/Concavada e ao Pego.

Esta USF norte é um grande investimento, 2,2 ME, e ou fazíamos agora, ou não. Mas já estamos a preparar esta USF com duas novas médicas que já estão a trabalhar para esta reorganização que vai chegar a 11 mil pessoas.

 

[saneamento] Em pequenos aglomerados nem sempre se consegue instalar uma ETAR

 

Abriram dois balcões SNS, instalações da freguesia de Alferrarede e carrinha do cidadão. É outra solução?

Estes balcões podem resolver a vida muitas pessoas, pois podem tratar de questões administrativas, pedir receitas de medicamentos ou, num futuro próximo, podem ter teleconsultas. Houve ali um trabalho da junta de freguesia, de regeneração urbana, com um polo dos seus serviços e com este balcão SNS. E depois a Carrinha do Cidadão que, em conjunto com a ULS Médio Tejo, vai albergar este serviço e passará a levar a todos os cantos do concelho um enfermeiro ou psicólogo para reforçar a presença da saúde no concelho.

Depois da inauguração requalificação da Urgência, para quando o lançamento da Rotunda do Hospital?

Todos sabem que temos o projeto concluído e todos sabem que estes só avançam com as candidaturas a fundos europeus para nos ajudarem a financiar as obras. Neste caso temos a candidatura aprovada, a 85%, para uma obra que é importante. As pessoas de Abrantes conhecessem bem os acessos, mas as pessoas que vêm de fora não. Nós temos que centrar o hospital na região. Repare, as pessoas que vêm de fora, de outros concelhos, quando chegam ao hospital têm algumas dificuldades. Sentimos isso e a PSP dá-nos esse reporte. Mas há aqui uma lógica de futuro. Mais cedo ou mais tarde temos que ligar o Hospital ao Liceu (Escola Dr Manuel Fernandes). Não é fazer uma rotunda só por fazer. Temos de fazer uma reorganização de todo aquele espaço e que depois faça a interface das ligações ao Liceu, mas que responda aos desafios dos nossos dias, tanto no estacionamento como em zonas pedonais. Temos tudo pronto e agora sim estamos em condições de lançar o procedimento, depois de concluídas as obras dentro do hospital.

A nível da Economia e empresas começou o alargamento da Zona Industrial. No PDM está definida a Zona industrial do Pego. Mas não tem havido informação pública de novas empresas embora o senhor presidente tenha repetidamente dito que há processos em curso, mas ainda fora do domínio público?

Temos vários projetos que estão em andamento. Na última reunião do executivo tivemos aprovação de mais uma empresa para o Parque Industrial. Temos vários processos que estão em fase de licenciamento, processos que tem a ver com as energias renováveis. No Pego temos um outro conjunto de projetos, muito relevantes, na área das energias renováveis. Temos projetos, em fase de licenciamento, que vão alavancar a nossa economia. Tivemos momentos difíceis, com o encerramento do carvão, com grandes impactos económicos. Estamos numa fase de retoma.

 

[imigração] “temos de saber receber e integrar, que venham por bem e que saibam cumprir as nossas regras e as nossas normas

 

A ZLT está anunciada, mas concretamente o que é que já existe?

O que há é que o governo já definição das zonas geográficas das Zonas Livres Tecnológicas. Este impasse das eleições não ajudaram nada. Mas depois falta a regulamentação destas zonas, que tem muito a ver com a transição energética. As ZLT pretendem eliminar ou ultrapassar barreiras legais que muitas vezes nem existem. Olhe, dou-lhe um exemplo, no hidrogénio verde não há legislação. Nem cá, nem na Europa. E nesta zona pode haver desenvolvimento de projetos e de processos nestes domínios.

Mas repare, o projeto da Endesa é um investimento de 700 ME e está a andar. Mas também terá a aposta, no futuro, no domínio do hidrogénio verde. Perdemos a central a carvão, mas vamos recuperar e saber fazer esta transição.

 

Habitação. São cerca de sete dezenas de fogos a custos controlados, destinados principalmente para casais jovens, ao abrigo do financiamento do PRR que têm de estar concluídas em 2026. E investimento privado? Há novos licenciamentos em curso?

Temos muita requalificação no centro histórico. Toda a requalificação do centro tem sido obra privada. Começámos agora na antiga galeria e antiga policia e vamos começar com obras novas no Rossio e em Tramagal, mas não é habitação social. São 64 apartamentos para fixação de casais jovens, preferencialmente com filhos. O IHRU (Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana) é o responsável pela gestão destes fogos. São 64 fogos em Abrantes, 1200 no Médio Tejo, que pretendem tentar ajudar a arrefecer o mercado habitacional, quer na compra ou no arrendamento. Hoje, em Abrantes, há vários prédios a ser construídos. Mas temos de continuar a criar condições para fixar os nossos jovens, no rendimento acessível.

Imigração é um tema em cima da mesa. Na reunião do executivo de 27 maio, disse que foi abordado com uma questão sobre a vinda de 150 emigrantes para Abrantes, que desmentiu. Qual o cenário de Abrantes neste momento?

Sim, houve um cidadão que me abordou e disse-me: “então o senhor assinou um protocolo e vêm para aí não sei quantos estrangeiros?” Não vêm nada, não assinei protocolo nenhum. O meu colega de Castelo Branco também já foi abordado com questões semelhantes. Há pessoas que disseminam falsas notícias e criam insegurança. Não temos protocolos com ninguém e comigo não teremos protocolos com ninguém. Não temos nada contra ninguém. Os “nossos” também vão para o estrangeiro e queremos que sejam lá bem recebidos e que cumpram as regras. Para cá, tem de vir o número certo e de forma equilibrada, tem de haver bom senso. Mas todos aqueles que vêm, temos de saber receber e integrar, mas que venham por bem e que saibam cumprir as nossas regras e as nossas normas e que vivam em sociedade tranquila e segura.

 

[acessibilidades] Mais cedo ou mais tarde temos que ligar o Hospital ao Liceu

 

O Campeonato do Mundo de Agility [três fins de semana de julho], em julho, é um grande momento para o turismo. O alojamento está esgotado. Têm a noção do impacto que vai ter?

Temos tido incremento no turismo, no alojamento local, temos pensões e o Hotel, e soluções fora da cidade, mas precisamos de mais, essa é que é a verdade. As coisas vão crescendo e precisamos que os abrantinos valorizem aquilo que temos. Quem está na restauração e hotelaria que percebe que temos aqui oportunidades. O Turismo do Centro fala num crescimento de 30% do turismo em Abrantes. Esta atividade, [Agility] não sendo muito conhecida, arrasta muita gente. Olhe, num jogo de futebol são 90 minutos e as pessoas circulam. Aqui não, são vários dias, algumas podem ficar cá três semanas. A nossa cidade desportiva vai ganhar uma expressão incrível.

No saneamento básico, há um mês foi apresentado um abaixo-assinado para instalação de rede de esgotos em Vale de Zebrinho. Na altura disse que está em curso um estudo do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) sobre o saneamento em vários aglomerados. Já há resultados?

Para mim não há geografias. Olhe Abrantes tem uma cobertura de rede de saneamento de 94%. Agora há questões técnicas que inviabilizam algumas soluções. Em pequenos aglomerados nem sempre se consegue instalar uma ETAR. Há casos, mesmo dentro das zonas urbanas, em que, tecnicamente, não é possível fazer ligações à rede.

Uma das soluções para algumas destas aldeias pode passar pela criação de fossas comunitárias e depois da Abrantáqua vai fazer a recolha dos efluentes. Não é uma fossa por aglomerado, serão várias fossas por aglomerado. É uma solução para locais onde não pode ser instalada uma ETAR. Para já vamos analisar com a Abrantáqua, entidade gestora da rede de saneamento de Abrantes, e com o LNEC as melhores soluções. Outra solução poderá passar por apoiar ou financiar os cidadãos a construir fossas estanques e adequadas à realidade. Mas é um processo que vai estar em análise com a entidade gestora da rede.

A Rede de Museus de Abrantes está concluída com a abertura do Museu de Arte Contemporânea. O cineteatro vai abrir ainda este ano. Falta o multi-usos para fechar os investimentos infraestruturais na cultura?

Como sabe temos um grande projeto de reabilitação urbana da cidade. Até a estrada vai mudar para outro piso, vai ligar ao Largo 1.º de Maio e ao parque da Fontinha. Precisamos, urgentemente, de um espaço para eventos e festas. Trazer para o centro histórico a realização de eventos e seguro. Há uma grande transformação e ampliação do cineteatro S. Pedro que atrasou mais de quatro meses porque foi necessário aprofundar algumas escavações arqueológicas, quando começou a obra. Queremos ter cinema comercial, música, teatro e outras atividades. Mas o multiusos vem dar resposta a outro tipo de eventos que o cineteatro não consegue resolver.

São dois grandes projetos que temos em mãos e que mudam, do ponto de vista cultural, a cidade.

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