Portugal continental vai entrar, a partir de domingo e até quinta-feira, em situação de alerta devido ao elevado risco de incêndio nos próximos dias, anunciou hoje a ministra da Administração Interna.
“Face ao agravamento das previsões meteorológicas que apontam um risco significativo de incêndio rural, o Governo decidiu declarar situação de alerta em todo o território continental”, anunciou Maria Lúcia Amaral, numa declaração ao país, sem direito a perguntas.
A situação de alerta entra em vigor às 00:00 de domingo e prolonga-se até às 23:59 de quinta-feira, 07 de agosto.
A ministra da Administração Interna explicou a decisão referindo que, nos próximos dias, deverão registar-se temperaturas elevadas e baixos níveis de humidade que justificam a “necessidade de adotar medidas preventivas e especiais”.
Assim, entre domingo e quinta-feira, é proibido o acesso, circulação e permanência no interior dos espaços florestais, de acordo com os planos municipais de defesa da floresta contra incêndios, bem como a realização de queimas e queimadas, ficando igualmente suspensas as autorizações emitidas para esse período.
A situação de alerta implica também proibição de realização de trabalhos nos espaços florestais e rurais com o recurso a maquinaria e o uso de fogo de artifício e outros artefactos pirotécnicos. Neste caso, também as autorizações já emitidas ficam suspensas.
Segundo a ministra, as exceções podem ser consultadas no portal do Governo.
Maria Lúcia Amaral, MAI
Dirigindo-se aos portugueses, Maria Lúcia Amaral alertou que os próximos dias serão difíceis e pediu “serenidade e espírito de unidade nacional no enfrentar deste flagelo".
“Peço que respeitem todas as indicações e orientações das autoridades competentes, que respeitem as proibições, que evitem quaisquer práticas que possam provocar incêndios. A ação de todos, consciente e preventiva, é indispensável”, apelou.
A ministra garantiu ainda que “todo o dispositivo de combate aos incêndios está pronto e mobilizado” e acrescentou que a resposta operacional Guarda Nacional Republicana, da Polícia de Segurança Pública e das Forças Armadas será reforçada, deixando também um agradecimento aos bombeiros.
PR diz que situação de alerta “faz sentido” porque “mais vale prevenir do que remediar”
O Presidente da República considerou hoje que a declaração de situação de alerta devido ao elevado risco de incêndio “faz sentido”, argumentando que “mais vale prevenir do que remediar” num período que se prevê “muito difícil”.
Numa reação ao jornalistas ao anúncio feito pela ministra da Administração Interna, durante a visita à ilha da Graciosa, Açores, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que a ativação da situação de alerta “faz sentido" porque, “havendo tempo", mais vale “prevenir do que remediar”, acrescentando que “ninguém pode dizer que não foi prevenido” para este “período que se prevê que seja muito difícil”.
“Prevenir significa, a opinião pública, os portugueses em geral saberem o que se passa, as autoridades terem poderes mais fortes para ir mais longe do que normalmente vão, quando recomendam que não se faça fogo, que não haja certas atividades mais perigosas, deixam de recomendar, passam a proibir, a interditar, a vedar”, detalhou.
Marcelo explicou que esta era “uma solução que estava preparada” pelo Governo para depois de “terminado um ciclo” de combate aos incêndios que atingiram o norte do país durante a última semana.
O Presidente da República disse que o executivo tinha já previsto, desde o início da semana, um agravamento das condições meteorológicas “com condições muito favoráveis a fogos intensos, mais graves” e assegurou que foi previamente informado desta decisão pelo primeiro-ministro antes do anúncio.
Marcelo disse ainda que agora é preciso “esperar para ver como evoluem” os incêndios para avaliar a necessidade de o país recorrer a ajuda externa, explicando que a cautela que pediu, esta quinta-feira, em relação a pedidos de ativação do Mecanismo Europeu de Proteção Civil dizia respeito ao momento das suas declarações e não a situações futuras.
Marcelo Rebelo Sousa, PR
A maioria dos distritos das regiões do Norte, Centro e Algarve está hoje sob risco máximo de incêndio, segundo dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
No norte e centro de Portugal continental, estão em risco máximo de incêndio quase todos os concelhos dos distritos de Bragança, Vila Real, Viseu, Guarda, Castelo Branco, Coimbra e Santarém.
Os distritos de Coimbra e Portalegre também têm vários concelhos sob este alerta do IPMA.
No distrito de Faro, os concelhos de Monchique, Portimão, Silves, Loulé, São Brás de Alportel e Tavira estão igualmente com risco máximo de incêndio.
Apenas alguns municípios no litoral do país, nomeadamente nos distritos de Lisboa, Setúbal, Porto e Aveiro estão com risco moderado incêndio.
Lusa