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Incêndios: Exercício Fénix testou resposta nacional a fogos de grande dimensão (C/ÁUDIO)

28/05/2025 às 21:24

O exercício Fénix juntou mais de 200 operacionais em Abrantes e em Sardoal para “concluir a fase de preparação sectorial e testar a capacidade de resposta” da Proteção Civil nacional contra incêndios rurais de grande complexidade.

Foto: Nuno Caetano Pais/Municipio Abrantes

“Este exercício nacional é o corolário de toda a preparação que foi feita sectorialmente, ao nível dos comandos sub-regionais e dos comandos regionais, com um conjunto muito grande de ações de formação, de capacitação, de treinos operacionais, e agora era a altura de fazer um teste nacional”, explicou o comandante nacional de Emergência e Proteção Civil, Mário Silvestre

 

Mário Silvestre, comandante ANEPC

Cenário: O ponto de partida

O ponto de partida desta simulação nacional visou criar uma situação difícil em todo o país, colocando no tabuleiro todas as salas dos comandos sub-regionais do país. 12 de agosto, às 16 horas [hora do exercício] Portugal tinha um cenário difícil: 237 ocorrências com empenhamento de 5 mil operacionais, 711 meios terrestres e 57 meios aéreos e evoluía no Médio Tejo um incêndio complexo.

Acresce a este “desenho” as condições meteorológicas adversas, com temperaturas superiores a 40 graus, temperaturas mínimas de 25 graus, humidade relativa a descer aos 12% e aparecimento de ventos superiores a 40 km/hora.

E com este ponto de partida, nas tendas de direção e de injeção, montadas na cidade desportiva de Abrantes, começam a ser introduzidas novas ocorrências que vai obrigar os vários comandos sub-regionais, regionais e nacional a agir.

 

David Lobato, comandante sub-regional Médio Tejo

A introdução destes novos fatores tem como objetivo colocar pressão em cima das equipas de comando e de especialistas que os acompanham.

E é neste contexto que às 12:23 [hora do exercício] tinha deflagrado um incêndio em Tomar, que ganhou proporções enormes, passou a Albufeira do Castelo de Bode e começou a criar perigos vários em Abrantes e Sardoal.

Aldeia segura, pessoas seguras: Evacuações em Sardoal

Com o incêndio descontrolado, próximo da meia-noite [hora do exercício] de dia 12 foi necessário evacuar a aldeia de Mógão Cimeiro, no concelho de Sardoal. Neste caso houve necessidade de recorrer ao programa que está implementado em todas as aldeias do concelho de Sardoal.

No ponto de encontro da aldeia, que não tem refúgio ou abrigo, o comandante dos Bombeiros Municipais de Sardoal vai explicando o que se está a passar no terreno e, em simultâneo, a mostrar como se fez e faz este trabalho no concelho.

Nota prévia que estas evacuações são feitas uma ou duas horas antes da previsível chegada do fogo. É a salvaguarda das pessoas mais idosas, acamadas ou de mobilidade reduzida. Como não pode ir um autocarro ao ponto de encontro a evacuação é feita através de viaturas de 9 lugares do município.

 

Nuno Morgado, comandante BM Sardoal

O comandante Nuno Morgado foi sempre narrando o exercício, com a presença de Proteção Civil, Bombeiros e GNR, a par dos oficiais de segurança. E, em tempo real, mostra o trabalho desenvolvido em termos de cartografia, em que os oficiais têm conhecimento de todas as casas habitadas e todas as pessoas que podem, eventualmente, estar na terra, mas que não são dali.

E depois mostra um mapa do Condomínio de Aldeia que vai criar um anel à volta do Mógão Cimeiro, com outro tipo de paisagem que não a floresta. Um projeto que existe igualmente em todas as aldeias do concelho. Neste caso, 75% dos proprietários aderiram ao condomínio. A ideia é criar essa linha de produção agrícola que sirva de “tampão” ao fogo, se eventualmente ele ali chegar.

 

Nuno Morgado, comandante BM Sardoal

Após ser feita a evacuação da população, esta é transportada para um edifício da Junta de Freguesia de Santiago de Montalegre. Técnicas do Município de Sardoal fazem o “recenseamento” de todos quantos chegam ao refúgio. Ali têm uma sala com água e bolachas. E entre conversas e boa disposição, já algumas habitantes evacuadas jogavam as cartas.

Esta deslocação é sempre temporária, explica novamente Nuno Morgado. Se existirem condições os evacuados regressarão a suas casas, se necessitarem de estar mais tempo fora, serão transportados para o pavilhão desportivo da vila, onde será montada uma unidade que os possa acolher, mas com outro tipo de condições.

 

Nuno Morgado, comandante BM Sardoal

O Médio Tejo tem uma execução elevada de aldeias com este programa implementado.

O envolvimento de meios

Ainda no decorrer deste exercício, a Proteção Civil montou um cenário de montra dos meios operacionais, com bombeiros, sapadores florestais, meios da AFOCELCA, uma máquina de rasto e ainda meios aéreos de asa rotativa, o helicóptero ligeiro de primeira intervenção de Sardoal, e de asa fixa, dois aviões anfíbios fire box, sediados em Proença-a-Nova.

Também aqui foi narrado o exercício desde a primeira intervenção, o ataque ampliado, o envolvimento de grupos terrestres de reforço, o trabalho das máquinas de rasto, cada vez mais fundamentais nos teatros de operação mais complexos.

E depois a explicação de como funcionam e são articulados os meios aéreos que este ano, alguns, voltam a utilizar a calda retardante nas frentes de fogo.

Mas mesmo com todas estas ações foram sempre introduzidas situações para aumentar a complexidade das decisões. A evacuação de um lar de idosos, de cavalos de uma quinta, o aparecimento de civis feridos com necessidade de serem deslocados para unidade hospitalar ou ainda um despiste de um autocarro com vários mortos e feridos.

Naturalmente que foram dezenas de situação fictícias, mas que obrigam os comandantes a decidir ações, prioridades e meios a envolver.

Não é de estranhar que no final do exercício os que estiveram a jogar no comando, montando em Abrantes, saísses dos seus postos visivelmente cansados.

O balanço ou encerramento do Fénix

Já depois do fecho do exercício Mário Silvestre, comandante nacional da Proteção Civil explicou à Antena Livre que o objetivo estava cumprido, mas que é sempre bom surgirem situações que têm ou devem ser revistas. É para isso que servem estes exercícios, para encontrar falhas, erros ou lacunas que possam ser afinados para evitar que aconteçam em situação real.

Segundo Mário Silvestre, este “teste nacional” realizado no distrito de Santarém é uma prova “à gestão de recursos, capacidade, comando e controle”, bem como treinar o dispositivo e as articulações do dispositivo para ser “mais interoperável e ter cada vez mais capacidade para decidir bem”.

 

Mário Silvestre, comandante ANEPC

O exercício centrou-se na avaliação das componentes de comando e controlo, com base no Sistema de Gestão de Operações (SGO), e na movimentação real de meios no terreno, através da execução de diversos cenários setoriais que visaram testar a retirada de aglomerados populacionais, no âmbito dos programas “Aldeia Segura” e “Pessoas Seguras”, bem como a instalação de Zonas de Concentração e Apoio à População (ZCAP).

O exercício Fénix 2025 contou com a participação dos municípios de Abrantes e Sardoal que serviram de cenário para a ocorrência simulada, e que testaram os seus instrumentos de gestão e resposta no âmbito da proteção civil, nomeadamente os serviços e planos municipais de emergência e proteção civil, e os gabinetes técnicos florestais.

No exercício Fénix estiveram envolvidos operacionais da ANPEC, dos corpos de bombeiros, Forças Armadas, GNR, PSP, Força Especial de Proteção Civil da ANEPC, Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), INEM, além de outras entidades públicas e privadas.

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