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Investigação: Astrónomos obtêm a imagem de milhares de cores mais detalhada de uma galáxia

21/06/2025 às 10:45

Os astrónomos criaram uma obra prima galáctica: uma imagem extremamente detalhada que revela características da Galáxia do Escultor que nunca tinham sido observadas anteriormente. Com o auxílio do Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu do Sul (ESO), os investigadores observaram esta galáxia próxima de nós em milhares de cores simultaneamente. Com a obtenção de uma enorme quantidade de dados em cada local da galáxia, foi possível criar um retrato da vida das suas estrelas.

“As galáxias são muitíssimo complexas e ainda estamos a tentar compreende-las”, diz Enrico Congiu, investigador do ESO, que liderou um novo estudo sobre a Galáxia do Escultor publicado na revista da especialidade Astronomy & Astrophysics. Com centenas de milhares de anos-luz de dimensão, são sistemas extremamente grandes, mas a sua evolução depende do que se passa a escalas muito menores. “A Galáxia do Escultor está num ponto ideal”, explica Congiu. “Encontra-se suficientemente perto da Terra para podermos observar a sua estrutura interna e estudar os seus blocos constituintes com um detalhe extraordinário, mas, ao mesmo tempo, é suficientemente grande para a podermos ainda ver como um sistema completo.”

Os elementos constituintes de uma galáxia — estrelas, gás e poeira — emitem radiação a diferentes comprimentos de onda, ou cores. Por isso, quanto mais tons de cor tivermos numa imagem duma galáxia, mais poderemos aprender sobre o seu funcionamento interno. Enquanto as imagens convencionais apresentam apenas algumas cores, este novo mapa da Galáxia do Escultor mostra-nos milhares, dando assim aos astrónomos todas as informações necessárias relativas às estrelas, ao gás e à poeira existente no seu interior, tais como idade, composição e movimento.

Para criar este mapa da Galáxia do Escultor, situada a 11 milhões de anos-luz de distância da Terra e também conhecida como NGC 253, os investigadores observaram-na durante mais de 50 horas com o instrumento MUSE (Multi Unit Spectroscopic Explorer) montado no VLT do ESO. A equipa juntou mais de 100 exposições para cobrir uma área da galáxia com cerca de 65 000 anos-luz.

De acordo com a coautora Kathryn Kreckel, da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, é exatamente isso que faz deste mapa uma importante fonte de trabalho: “Podemos aproximar-nos, quase à escala das estrelas individuais, e estudar regiões onde as estrelas se formam, mas também podemos afastar-nos e estudar a galáxia como um todo”.

Durante a primeira análise dos dados obtidos, a equipa descobriu cerca de 500 nebulosas planetárias, regiões de gás e poeira libertadas por estrelas semelhantes ao Sol que estão a morrer na Galáxia do Escultor. O coautor Fabian Scheuermann, estudante de doutoramento na Universidade de Heidelberg, contextualiza este número: “Para além da nossa vizinhança galáctica, lidamos normalmente com menos de 100 detecções por galáxia”.

Devido às suas propriedades, as nebulosas planetárias podem ser usadas como marcadores de distância das galáxias que as acolhem. “Encontrar nebulosas planetárias permite-nos determinar a distância à galáxia que as alberga — uma informação crucial da qual dependem os restantes estudos levados a cabo sobre essa galáxia”, afirma Adam Leroy, professor na Ohio State University, EUA, e coautor do estudo.

Futuros trabalhos de investigação utilizarão este mapa para explorar a forma como o gás flui, altera a sua composição e forma estrelas em toda a Galáxia do Escultor. “Para nós é ainda um mistério como é que processos tão pequenos podem ter um impacto tão grande numa galáxia cuja dimensão total é milhares de vezes maior que esses processos”, conclui Congiu.

Observatório Europeu do Sul

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