A Câmara de Constância reivindicou hoje apoios do Estado para "abrir em Portugal uma Casa digna da Memória de Camões", espaço que já existe mas sem conteúdos e recursos humanos, sendo objetivo “dignificar a história do poeta maior” português.
“Camões não tem nenhuma Casa no nosso país erguida em sua homenagem mas a verdade é que em Constância já existe. Não existe nos conteúdos e não existe nos recursos humanos necessários para poder funcionar, mas existe. Temos uma Casa Memória construída e a única coisa que falta é dotá-la de recursos financeiros e humanos para poder funcionar de forma permanente”, disse hoje à Lusa o presidente da Câmara local, Sérgio Oliveira (PS).
As reivindicações não são novas mas são renovadas em vésperas do novo governo tomar posse e de Constância, no distrito de Santarém, assinalar a 28.ª edição das Pomonas Camonianas, evento que decorre entre 06 e 10 de junho com um programa comemorativo que visa homenagear o poeta e a sua relação com a vila.
Tendo estimado um investimento necessário “entre 1,5 a 02 milhões de euros” (ME), o autarca afirmou que “não seria um investimento para a Constância mas para o país, como um todo".
“Obviamente que não será um ponto de atração em Lisboa, nem no Porto, nem em Coimbra, será numa vila pequenina que fica a uma hora de Lisboa, mas que também é importante para o país e é uma forma de, numa altura em que se fala tanto de dar dinâmica a concelhos mais pequenos e a territórios mais afastados do litoral, este seria um investimento pequenino, tendo em conta a grandiosidade do Orçamento do Estado, mas que traria benefícios bastante significativos para toda esta região”, declarou.
Questionado sobre se esta é uma das reivindicações que vai pedir ao novo governo, Sérgio Oliveira disse que o alerta e o pedido de atenção já foi efetuado à ministra da Cultura Dalila Rodrigues mas que, se o titular da pasta mudar, será feito um novo pedido.
De acordo com a composição do XXV Governo Constitucional, hoje anunciada, a pasta da Cultura junta-se às da Juventude e Desporto, lideradas pela jurista Margarida Balseiro Lopes, até agora ministra da Juventude e Modernização.
“Achamos que não estamos a pedir nada de extraordinário. Nós estamos a falar de qualquer coisa entre um milhão e meio, dois milhões de euros, e conseguia-se finalizar o processo da Casa Memória e colocá-la aberta ao público, assim haja a vontade política de o fazer”, sustentou.
“No dia em que o projeto de Camões em Constância esteja completo, ou, melhor dizendo, reafirmado, porque o projeto de Camões é dinâmico e nunca estará fechado, a afirmação do concelho será muito maior. E o reafirmar deste projeto faz-se com a abertura de forma permanente da Casa Memória de Camões. No dia em que se realize, Constância passará a ser o Centro Nacional e Internacional para o estudo a aprofundamento de Camões”, explicou o autarca.
A Casa Memória de Camões começou a ser pensada e construída há 50 anos, mas até hoje nunca foi aberta ao público e aos turistas, com atividades regulares, a exemplo do que sucede em outros países, com outras figuras históricas, como em Espanha, com a Casa Cervantes, ou em Inglaterra, com a Casa Shakespeare.
Sobre as ruínas que o povo aponta como tendo sido as da casa que o acolheu, foi erguida a Casa Memória de Camões para perpetuar a memória do poeta à vila ribatejana.
Em Constância, existem ainda o Monumento a Camões do mestre Lagoa Henriques e o Jardim-Horto Camoniano, desenhado pelo arquiteto Gonçalo Ribeiro Teles, que apresenta a maior parte das plantas referidas por Camões na sua obra e é considerado um dos mais vivos e singulares monumentos erguidos no mundo a um poeta.
A denominada ‘Vila Poema’ assinala todos os anos o Dia de Portugal e de Camões com a deposição de uma coroa de flores junto à estátua ali erguida e com uma recriação histórica e um mercado quinhentista, retratando a época em que viveu o poeta e envolvendo a população, a comunidade escolar e as associações do concelho.
Lusa