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Centenário de Amália prossegue em 2021 com colóquios e exposições

28/06/2020 às 00:00
Amália Rodrigues (DR)

O programa de celebração do centenário de Amália Rodrigues, que se assinala este ano, prossegue em 2021 com exposições, conferências e um colóquio, foi hoje anunciado.

As celebrações iniciam-se no próximo 01 de julho, e até ao final deste ano realizam-se concertos com Camané, Ana Moura e Ricardo Ribeiro, entre outros, celebram-se os 100 anos de Joel Pina, que foi viola-baixo de Amália, e tem lugar o musical "100 Amália", entre outros eventos.

A programação celebrativa prossegue em 2021 com três exposições comissariadas por José Manuel dos Santos e Frederico Santiago, nos museus do Fado, do Teatro e da Dança e no Panteão Nacional para além de uma outra no Museu do Traje, também em Lisboa.

Em março, no dia 21, é inaugurada no Museu do Fado a exposição "Amália Fado" e, quatro dias depois, a mostra "Amália Palco", no Museu Nacional do Teatro e da Dança, que também recebeu uma mostra sobre fadista nos seus 50 anos de carreira, em 1989.

Amália Rodrigues estreou-se em 1941 no teatro de revista em "Ora Vai tu" e nesse mesmo ano, dado o sucesso de bilheteira, em "Espera de Toiros", seguindo-se "Essa é que é Essa" (1942) e "Boa Nova" (1942).

"Espanta o público ao cantar, além de fados, canções em inglês impecável, e castiços flamencos", na revista "Alerta Está!", como escreveu o Diário de Notícias de 25 de abril de 1945.

A crítica do matutino garantia que Amália apresentava "condições invulgares para o teatro ligeiro e a revista" e demonstrou em "Alerta Está!" que "não é só uma fadista de raça", referindo que foi três vezes a palco interpretar canções do repertório da espanhola Imperio Argentina (1910-2003) que, segundo o jornal, considerou que "não as cantava melhor que Amália".

Participou ainda em "Viva da Costa" e "Estás na Lua", que foi o seu maior sucesso. Entretanto, em 1945, partiu para o Brasil com uma revista concebida para si, deixando os palcos da revista em 1947, em "Se Aquilo que a Gente Sente".

O investigador e historiador de teatro Luiz Francisco Rebello escreveu que "a qualidade que ela trouxera ao fado era extensiva à revista".

Amália Rodrigues participou ainda em operetas, como "Mouraria" e em 1955 protagonizou a peça "A Severa", de Júlio Dantas, ao lado de Paulo Renato, Mário Pereira, Madalena Sotto, Santos Carvalho e Ruy de Carvalho. Na televisão, em 1968, foi "A Sapateira Prodigiosa", de Lorca, ao lado de Varela Silva e Fernanda Borsatti, numa realização de Fernando Frazão.

Aos palcos, escreveu Rebello, Amália trouxe "o seu espantoso poder de sugestão e esse ar tragédia viva e vivida que se advinha no seu olhar magoado e nostálgico".

Também no dia 25 de março, nas no Museu do Traje, inaugura a exposição "Vestir, Desenhar e Pintar o Fado Amália", de Paulo Azenha

Completando a tríade que inclui "Amália Fado" e "Amália Palco", é inaugurada a exposição "Amália Negro", no dia 31 de março, no Panteão Nacional, onde a fadista e poetisa se encontra sepultada desde 2001.

Amália escreveu vários poemas e foi ela própria o poeta que mais gravou, apesar da sua preferência por David Mourão-Ferreira, como afirmou em várias entrevistas. O álbum "Gostava de Ser Quem Era" (1980) é inteiramente preenchido por poemas seus.

"Estranha Forma de Vida", "Lava no Rio Lavava", "Ai, Maria", "Amor de Mel , Amor de Fel" foram alguns dos seus poemas que gravou.

"Promovendo a investigação científica pluridisciplinar em torno da obra de Amália Rodrigues, com o enfoque na reflexão crítica sobre as múltiplas dimensões da sua biografia artística", em abril do próximo ano realiza-se o colóquio "Pensar Amália", numa parceria entre a Universidade Nova de Lisboa e o Museu do Fado.

A 10 de junho de 2021, Dia de Portugal, realiza-se "100 Músicos para Amália" com direção artística do guitarrista Pedro de Castro.

A organização refere que Amália foi uma "artista plural" que "interpretou repertórios musicais de geografias distintas", e este concerto irá incluir 100 músicos de "diferentes áreas musicais - da música erudita ao jazz, do fado ao flamenco, da canção francesa e italiana à bossa nova e ao folclore", que vão interpretar "o legado de Amália Rodrigues".

Na noite de Santo António, em 12 de junho do próximo ano, Amália Rodrigues será o tema da Grande Marcha de Lisboa e do desfile das marchas na Avenida da Liberdade.

Ainda na sua cidade, nos meses de junho e julho, é apresentado na Praça do Comércio, um espetáculo de "’videomapping’ imersivo a 270 graus".

Toda a programação está disponível em http://centenarioamaliarodrigues.pt.

Amália Rodrigues(1920-2020) protagonizou a mais fulgurante carreira musical do século XX em Portugal.

O escritor Miguel Esteves Cardoso e o editor discográfico David Ferreira, justificaram à Lusa este êxito, dentro e além fronteiras, como revelador da sua voz e da "inteligência com que Amália cantava".

A fadista nasceu, oficialmente, a 23 de julho de 1920, em Lisboa, no seio de uma família originária da Beira Baixa.

Em julho de 1939 um dos títulos da imprensa fadista noticiou que Amália da Piedade Rodrigues acabara de obter a carteira profissional, tornando-se oficialmente fadista.

A menina que aos 15 anos brilhara na marcha de Alcântara, e desde logo chamara a atenção, passava a fazer parte do elenco de uma das mais prestigiadas casas de fado: o Retiro da Severa, rampa de lançamento do mais internacional nome do fado.

Amália Rodrigues morreu em 06 de outubro de 1999.

Lusa

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