Na reunião do Executivo Municipal de Abrantes de dia 19 de agosto, o vereador social-democrata Vítor Moura, voltou a questionar o presidente da Câmara acerca do futuro para o ramal ferroviário que serviu a Central Termoelétrica do Pego.
“Perguntei-lhe por um comprovativo que me provasse que o senhor tinha reunido, uma vez que fosse, com a Tejo Energia, sobre, objetivamente, isto. Só sobre isto”, referindo-se ao ramal ferroviário.
“Perguntei-lhe de um aspeto concreto e objetivo e importantíssimo, esse sim, altamente diferenciador para Abrantes, que é a utilização, por parte do município, daquele ramal ferroviário e das restantes infraestruturas que ali foram desativadas com o encerramento do ciclo do carvão. E é só sobre isto que estamos a falar, senhor presidente. E sobre isto o senhor não me trouxe o comprovativo de qualquer pedido de reunião. Eu sei porquê, eu julgo saber porquê, porque o senhor, objetiva e concretamente sobre este aspeto, da forma que eu lhe estou a colocar, o senhor nunca reuniu”, adiantou Vítor Moura.
O vereador social-democrata mencionou “uma mensagem que eu tenho neste telemóvel e que diz exatamente, (...) que o que houve foi duas empresas interessadas em estudar a sua instalação naquela zona e que contactaram a Câmara Municipal, tendo esta, portanto a Câmara, estabelecido o contacto entre essas empresas e a Central. Isto há cerca de um ano. Desde essa data, houve apenas contactos esporádicos com essas empresas, mas sem grande progresso”. Ou seja, acusou Vítor Moura, “não foi iniciativa sequer da Câmara, foram essas duas empresas que diligenciaram esse assunto e a Câmara encaminhou-as para entabularem negociações com a Central”.
“Não é desse tipo de reuniões que eu venho aqui falando há tantas reuniões”, disse. “O que eu lhe estou a perguntar é uma reunião solicitada pela Câmara Municipal com o objetivo concreto de poder vir o município a utilizar aquilo que está aqui em questão. Não é iniciativas de empresas. Aliás, as empresas, se calhar, até vieram ensinar o caminho à Câmara. Diga-me, por favor, que esta mensagem que eu aqui tenho que é falsa e faça-me esse comprovativo”, pediu Vítor Moura.
Manuel Jorge Valamatos mostrou-se muito seguro de que o ramal ferroviário vai permanecer onde está e explicou que “a Central do Pego, como sabem, independentemente de ter encerrado naquele momento ou noutro qualquer, tem um compromisso desde o início de quando terminasse a sua função de produção de energia a carvão, que ia ser desmantelada. Isso é um acordo de sempre. De sempre. Há 30 anos, quando a Central começou a trabalhar, havia esse compromisso de, 30 anos depois, quando o encerramento do carvão se desse, havia lugar ao desmantelamento de toda a Central”.
O presidente da Câmara de Abrantes revelou que “na semana passada, mais uma vez, - dezenas e dezenas de vezes que reuni com a administração da Central do Pego e a semana passada reuni novamente -, e o que foi dito é que entrará na Câmara, nos próximos dias, o processo de licenciamento de todo o desmantelamento. Quando isso acontecer, o senhor traga aqui, com autorização obviamente da administração da Central, traga aqui essa informação e depois vamos ver se lá está o desmantelamento da ferrovia. A Central termoelétrica, as torres de refrigeração, todas aquelas infraestruturas, tudo vai ser desmantelado. Vem à Câmara o processo de licenciamento desse processo de desmantelamento e depois vamos ver se o ramal ferroviário está lá para ser desmantelado”.
E declarou que “se o ramal ferroviário lá estiver para ser desmantelado, eu demito-me. Mas se o ramal lá se mantiver, o que corresponde a dizer que houve muito trabalho para que ele lá se mantivesse ao serviço de Abrantes, alguém assuma responsabilidades”.
À margem da reunião de Câmara e em declarações aos jornalistas, Manuel Jorge Valamatos começou por responder à pergunta da Antena Livre se está garantido que o ramal ferroviário fica e que informações poderia dar acerca do futuro daquela infraestrutura que, voltou a garantir, não entra nos planos de desmantelamento das infraestruturas da antiga central a carvão.
“Há muito que nós falamos com a Central Termoelétrica, mesmo antes do Governo ter anunciado o encerramento da Central Termoelétrica a carvão. Relembro que a Central do Pego tem a parte a carvão e tem a parte de ciclo combinado a gás. O carvão, como todos sabem, desde que iniciou as suas funções, que tinha um período de vida. E mesmo antes do Governo ter anunciado o encerramento do carvão de forma precoce, já havia conversas e abordagens numa possibilidade, inclusive, de reconversão da Central Termoelétrica a carvão em biomassa. E nós, Abrantes, e a própria Comunidade Intermunicipal, fomos olhando para essa possibilidade sempre com muito interesse. Portanto, há muitos anos que existem conversações entre a região, o Município de Abrantes e a Central Termoelétrica do Pego”, disse Manuel Jorge Valamatos.
Num futuro próximo, segundo o autarca, “a Central Termoelétrica do Pego vai iniciar um processo de desmantelamento das torres, de todas aquelas estruturas e, obviamente, temos vindo a acompanhar este processo. Vamos deixar de ter estas torres, mas o que é desejável é que venhamos a ter, no futuro próximo, projetos para esses espaços. E é isso que vamos anunciar em tempo oportuno, porque há processos de licenciamento que estão a decorrer, há todo um processo, digamos, de licenciamento em andamento”.
Com o desmantelamento em fase de revisão e de consolidação do licenciamento, este processo “vai envolver muitos trabalhadores, centenas e centenas de pessoas, vai ser demorado no tempo e que vai ter impacto até na nossa economia local. Muitos camiões e muita gente vai circular neste processo de desmantelamento destas infraestruturas”.
E o ramal ferroviário?
Manuel Jorge Valamatos disse depois que “numa infraestrutura relevante nesta zona do Pego, nesta zona industrial nova que estamos a consolidar também do ponto de vista administrativo e técnico, o ramal ferroviário é uma mais-valia e vai ter, ali no futuro, obviamente, uma importância muito significativa”. O presidente da Câmara de Abrantes garantiu saber que “no processo de desmantelamento, há muitas infraestruturas que vão ao chão, que vão desaparecer, para criar condições a que outros projetos industriais, económicos, possam ali aparecer, mas sabemos que o ramal ferroviário vai-se ali manter, porque é uma infraestrutura muito importante para o futuro, para os novos projetos que vão ali aparecer. Tenho dito muitas vezes que temos vindo a falar com as empresas, os representantes das empresas que estão ali instalados na Central do Pego, e todos percebemos qual é o futuro e os projetos. Há aqui projetos de desmantelamento e há outros projetos que estão a entrar também em fase de licenciamento para a nova vida daquela zona industrial que nós queremos reativar, pôr com grande potencial. Temos a esperança que na zona industrial ali do Pego, que agora estamos a consolidar e, inclusivamente, até vai pertencer à zona livre tecnológica, que vão aparecer ali projetos muito significativos, muito relevantes, que vão criar muitos postos de trabalho e vão criar a dinâmica económica bastante, quer para o Pego, quer para o nosso concelho, quer para a nossa região e mesmo para o país”.
Já o ramal ferroviário, “vai ter a sua vida própria e vai ter uma atividade relevante, pelo menos é, neste momento, o entendimento dos acionistas e daqueles que se propõem fazer ali investimento”.
Após o desmantelamento das duas torres de refrigeração da Central do Pego, irão surgir novas infraestruturas. “Estas infraestruturas vão dar lugar a novas infraestruturas, digamos, industriais”, garantiu o autarca.
As torres vão abaixo, vão desaparecer “e o espaço onde elas estão vai permitir instalar novas unidades industriais e nova atividade económica e é isso que nós queremos. Aquilo que eu disse, e mantenho, é que no processo de licenciamento do desmantelamento destas torres e de alguns equipamentos, não está em causa o desmantelamento da ferrovia, porque a ferrovia vai ter um papel importante no futuro daquilo que vão ser as novas unidades industriais e económicas que ali irão funcionar, que irão criar postos de trabalho e que irão criar dinamismo económico. É nisto que temos vindo a trabalhar há muito tempo e que temos tido o cuidado de manter o sigilo natural das empresas, dos investimentos que aqui estão em jogo e eu falo apenas aquilo que me é permitido. O que eu sei, o que nós sabemos, é que há muito que temos vindo a trabalhar para garantir que as infraestruturas que são importantes para o futuro se mantenham, particularmente a questão da ferrovia”, assumiu Manuel Jorge Valamatos.
Ramal ferroviário que serviu central termoelétrica do Pego vai permanecer. No futuro, virá a ser utilizado por empresas que ali se estabeleçam.