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Ornatos Violeta mostraram, em Faro, que 'O Monstro' ainda tem Amigos

7/09/2019 às 00:00
ORNATOS VIOLETA (DR)

Milhares de fãs rumaram a Faro esta sexta-feira, para assistir ao último concerto dos Ornatos Violeta, no regresso da banda aos palcos para a celebração dos 20 anos do álbum “O Monstro Precisa de Amigos”.

Foram mais de 10 mil os que encheram o recinto do Palco Ria, do Festival F, para ouvir tocar o álbum na íntegra. Alguns jovens chegaram bem cedo para garantir o lugar na primeira fila e “ver a banda pela primeira vez ao vivo”. Na plateia eram visíveis várias gerações, desde pais acompanhado de crianças a outros que já vinham partilhar “a paixão pela banda da juventude”, com os seus adolescentes.

Este sentimento foi sendo sentido pelos próprios músicos, principalmente depois da reunião em 2012. “Já há algum tempo que sentimos que os Ornatos já não são só nossos” confidenciou o vocalista Manuel Cruz, num conversa da banda com a Lusa, umas horas antes do concerto.

A insistência dos fãs fez surgir a reunião de 2012 e a resposta nos concertos, superou todas as expectativas criadas pelo baixista Nuno Prata, numa demonstração de como “as pessoas estavam ansiosas por ver a banda ao vivo”. O baterista Kinörm sublinhou que, após o término do projeto, ao longo de 10 anos “pelo menos uma vez por mês” lhe perguntavam “quando é que a banda se vai voltar a juntar?”.

Kinörm afirmou que a reunião deste ano, partiu “da vontade da banda” em celebrar um álbum com o qual ainda se identifica “e que marcou todos os elementos da banda”, quer como músicos e como amigos. No fundo, o quinteto aproveitou a oportunidade para relembrar o álbum onde “mostram mais maturidade e até é mais condizente com a idade atual dos músicos”.

E foi isso que se sentiu em Faro, com a banda a agarrar o público logo às primeiras palavras de ‘Tanque’, tema que escolheram para abrir o concerto - que abre também o álbum que motivou o reencontro no quinteto em palco - seguiu-se ‘Para de Olhar para Mim’ e ‘Para Nunca Mais Mentir’.

Com Manel Cuz já sem a camisola - que apenas se manteve vestida no tema inicial - surge a primeira incursão fora do «O Monstro… », com ‘Há-de Encarnar’ que, confessou o vocalista, “na altura acabou por ficar de fora”, sendo lançada em 2012 no «Inéditos/Raridades» incluido num pacote triplo.

A frase “’Ouvi Dizer’ que o nosso amor acabou…”, foi entoada em coro e arrancou a primeira ovação da noite, repetida mais tarde, com os primeiros riffs de guitarra de ‘Chagas’. Pelo meio, houve tempo para um passeio ao «Cão», o álbum de estreia da banda, com ‘Punk Moda Punk’ a ser antecipado pela pergunta provocatória de Manel Cruz: “Vamos Mijar?”, em jeito de resposta a um dos vários cartazes exibidos pelo público.

«Notícias do Fundo», «Nuvem» e «Deixa Morrer» marcaram o meio do concerto, numa sonoridade mais calma, onde se chegaram a acender algumas luzes de telemóvel, interrompidas pelos versos introdutórios de O.M.E.M, uma vez mais partilhados com um público, num dos temas tocados com um cunho bem roqueiro.

Os primeiros acordes de ‘Dia Mau’ motivaram mais uma agitação na compacta massa humana concentrada em frente ao palco e uma vivida interpretação de Manel Cruz, seguido de ‘Para-me Agora’ – numa nova incursão pelas «Raridades» dos Ornatos - com a banda a fazer uma pausa para que o público entoasse "Para-me agora”. Uma cumplicidade que me manteve mesmo depois da música acabar, obrigando o quinteto a não parar! Dir-se-ia que foi um momento que refletiu o mote desta minidigressão de celebração: o público pede e a banda entrega-se.

‘Coisas’ traz o concerto de volta ao «O Monstro…», antecedendo o tema que já se aguardava assim que Peixe pegou no bandolim, mas as palavras “Não vou procurar quem espero" fizeram regressar o coro de vozes para acompanhar ‘Capitão Romance’, bem reforçado no refrão: "Eu vi, mas não agarrei…". Com mais de uma hora de concerto foi tempo para o primeiro intervalo para encore, com o público a voltar a cantar um uníssono “Para-me agora”.

O regresso foi feito ‘Devagar’ – mais uma das «Raridades» - numa altura em que a banda atirou os setlists para o público e Manel Cruz desceu do palco para recolher os vários cartazes que os fãs envergavam na primeira fila. ‘Fim da Canção’, tema que encerra o “O Monstro…”, acompanhada apenas à viola por Peixe, transforma-se num dos momentos de partilha mais sentidos pela plateia e deu o mote para o final do concerto.

A banda regressou, no entanto, pela última vez a palco com ‘Dias de Fé’ e uma despedida ao som de ‘Raquel’, recuperada de «Cão» e que serviu desfecho para os 4 concertos de 2019.

Após uma hora e meia de espetáculo, o público saiu satisfeito com um espetador a afirmar à Lusa ter esperado “20 anos para os voltar a ver” tendo saído agradado já que estão “ainda melhores que em 1999”. Outro acreditava não ter sido, esta, a última vez “que se vão juntar ao vivo”.

Manel Cruz já tinha revelado à Lusa, durante a tarde, que esta vontade dos fãs é “algo que a banda não pode impedir” e que pode ser alimentada.

“Nós gostamos de sentir que as coisas não acabaram, até porque continuamos amigos e há um resultado que é a música. Essa esperança é um coisa benigna, até porque nunca se sabe…”, concluiu.

Lusa

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