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Álcool cresce no atendimento a dependentes (com áudio)

8/11/2019 às 00:00

Balanço positivo acerca dos trabalhos da comemoração do 20º aniversário da Equipa de Tratamento de Abrantes (ETA) que integra o Centro de Respostas Integradas (CRI) do Ribatejo.

Este centro, do Ribatejo, tem um atendimento de quase dois mil utentes por ano. Procuram-no ou são encaminhados toxicodependentes, das mais variadas substâncias, dependentes do álcool ou, mais recentemente, de jogo, embora em menor escala. Também têm acompanhamento jovem, nomeadamente na área dos videojogos.

Ao longo de um dia assinalou-se os 20 anos de uma estrutura que fica situada no antigo “dispensário” e, posteriormente, o Centro de Atendimento a Toxicodependentes.

Ao longo do dia de ontem as adições, a prevenção, a deteção e os riscos foram o tema de debate que Isabel Batista, coordenadora do CRI – Ribatejo considerou positivo.

Mas se a década de 90 apresentou o consumo e a dependência de drogas como o grande problema social de Portugal, atualmente surgem outro tipo de drogas sintéticas que são igualmente uma preocupação acrescida.

Houve após os anos 90 uma resposta dada a todos os níveis, desde a Segurança Social, à Saúde, passando pela Reinserção. Renato Bento, diretor do Centro de Segurança Social do distrito de Santarém vincou esse trabalho feito em todas as áreas que deu frutos, que ainda hoje estão no terreno. O modelo português foi estudado a nível internacional uma vez que abordou a temática na forma de ajuda e não na forma de tratar os “dependentes” como criminosos, apenas.

Mas os dias de hoje trazem os velhos problemas, mais aligeirados, eventualmente, por via da introdução de novas substâncias. A proliferação das drogas sintéticas é um problema que atravessa a sociedade, embora haja a consciência de que a abundância de informação acaba por potenciar as formas de prevenção.

Renato Bento, e a coordenadora do CRI Ribatejo, Isabel Batista identificam claramente um novo problema no distrito e, eminentemente, ligado cultural e socialmente às zonas mais agrícolas. Trata-se do alcoolismo. E numa forma complicada de se trabalhar. Não é alcoolismo nos jovens, explicou Isabel Batista. É um problema de álcool que vem da juventude, mas que afeta a população dos 40 ou 50 anos. “Muita vez chegam-nos referenciados por problemas de saúde, pelos médicos de família”, ou então, vincou, por familiares que “se sentem cansados do álcool a mais”. Isabel Batista classificou os casos de alcoolismo como um terço do total de utentes que procuram atendimento.

E, modo geral, são casos mais complicados de abordar e tratar porque, em grande parte, “não aceitam que são alcoólicos, por dizem que sé bebem um copo e não é bem assim. E não aceitam que têm esse problema. Ultrapassar a fase de negação é o processo mais difícil”.

Isabel Batista revelou ainda que esta problemática está muito associada a um modo de vida que leva os utentes, a maior parte homens, a ter dependência do álcool ou, por outro lado, a não conseguir afastar-se da bebida. “No caso das drogas é mais fácil os dependentes aceitarem que têm um problema. No álcool é muito mais difícil e, grande parte das vezes, só com os problemas hepáticos é que dão passos mais concretos”.

Se estes dois problemas sociais atravessam os tempos, desde “o século passado”, os novos tempos trazem outras dependências sem adição de substâncias. Falamos do jogo. E se na região os problemas do jogo, nos casinos, não é muito usual, começam a aparecer utentes que “querem largar as raspadinhas”. E depois, nos jovens há também os problemas com os videojogos. A modernidade e adaptação é um trabalho contínuo dos técnicos que têm de se manter atualizados.

Aliás, a área da saúde mental é outra das questões emergentes, pelo que o próximo Quadro Comunitário de Apoio vai ter o reforço financeiro para a contratação de especialistas para a região. Segundo Renato Bento a presença da saúde mental nos cuidados continuados tem de ser reforçada para “ajudar” ao trabalho que já é feito pelos serviços da segurança social e das suas instituições.

A conferência sobre adições juntou várias dezenas de profissionais da segurança social e da saúde que debateram a temática das dependências no 20º aniversário da estrutura de Abrantes. Na Equipa de Tratamento de Abrantes terão sido atendidos, no ano de 2018, cerca de meio milhar de cidadãos com dependências. Sejam com ou sem substâncias. Sejam nas drogas mais usuais, nas sintéticas ou no álcool. E surgem os novos casos de jogo e, nos mais jovens, nos vídeo-jogos.

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