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Ambientalistas defendem que Portugal deve insistir no fecho da central de Almaraz

22/03/2016 às 00:00
Tejo

As Associações ambientalistas defenderam hoje, na Assembleia da República, a “necessidade urgente” de Portugal insistir no encerramento da central nuclear de Almaraz, em Espanha, afirmando que “já chegou ao fim do seu período útil de vida”.

Ao falar na Comissão de Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação, numa sessão dedicada ao Rio Tejo, António Eloy, do Movimento Ibérico Antinuclear (MIA), frisou que a central “deve ser parada definitivamente”, porque “foi feita para durar 30 anos e já está no período de prolongamento da sua vida útil”.

Lembrando que, recentemente, foram detetados problemas numa válvula daquela barragem, o ambientalista afirmou que “todas as forças políticas espanholas são favoráveis [ao fecho], com exceção da que está no poder”.

Do lado da Quercus, Luís Manuel Alegre centrou a sua intervenção na poluição no rio Tejo, afirmando que tem “origem principalmente na agricultura, na agroindústria e na falta de caudais”, que se devem ao aumento da “utilização da água em Portugal e em Espanha”.

Lembrando que hoje se assinala o Dia Mundial da Água, o ambientalista também frisou a necessidade de se rever a Convenção de Albufeira e uma melhor fiscalização dos recursos hídricos, “que tem um défice tremendo”.

“Assenta numa rede de vigilantes da natureza que é muito pequena. Há muito pouca gente na fiscalização e essa fiscalização é fundamental para que as empresas não lancem poluentes nos afluentes”, afirmou.

Carlos Salgado, da Associação Tagus Vivan, considerou urgente garantir a segurança da central de Almaraz, para se evitar uma “eventual poluição nuclear das águas do Tejo e atmosférica”.

Ao falar pelo PSD, o deputado Manuel Frexes considerou “inacreditável que uma central nuclear cujo prazo terminava em 2010, continue a trabalhar em 2016”.

“Devia de ser encerrada. É, indiscutivelmente, uma ameaça”, frisou.

A deputada socialista Maria da Luz Rosinha, por seu turno, referiu-se à revisão da Convenção de Albufeira, afirmando que “é prioritária por causa dos caudais”.

Quanto aos agentes poluidores, destacou a suinicultura, a agropecuária e a agricultura e defendeu que têm de ter uma “uma fiscalização que, até ao momento, tem-se demonstrado incapaz de os travar".

Já o deputado Jorge Costa, do Bloco de Esquerda (BE), referiu-se a Almaraz como uma “situação de extrema preocupação”.

“Sucedem-se os acidentes. Um acidente grave seria uma catástrofe de dimensões difíceis de calcular. Iria muito além do impacto ambiental. Seria uma catástrofe de saúde pública massiva”, afirmou.

Por sua vez, a deputada Patrícia Fonseca, do CDS-PP, lembrou que as industrias identificadas como poluentes são “setores económicos de importância relevante para o país, onde o escrutínio da atividade tem sido cada vez mais apertado”.

“O que acontece é que algumas dessas entidades não cumprem as normas”, afirmou a deputada.

Afirmando que as coimas deviam ser mais elevadas, Patrícia Fonseca considerou que está a falar—se de “meia dúzia de prevaricadores que dão uma má imagem a todo um setor que está a trabalhar bem”.

Para a deputada do PCP Ana Mesquita, a falta de fiscalização é uma das consequências da austeridade, que “esvaziou serviços com responsabilidades na área do ambiente”.

Quanto à central nuclear de Almaraz, afirmou que Portugal “não pode ficar impávido e sereno, sem se preocupar sobre as consequências do que pode ser uma central que já ultrapassou o tempo útil de vida”.

Por último, o deputado André Silva, do PAN, destacou “dois problemas essenciais [do Tejo]: os caudais e os agentes poluidores”.

Lusa

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