Antena Livre
Deseja receber notificações?
Município Abrantes
PUB

Autárquicas: Presidente do PS de Torres Novas demite-se contra "expedientes" da estrutura nacional

6/12/2016 às 00:00

O presidente da concelhia socialista de Torres Novas, António Rodrigues, demitiu-se do cargo por discordar dos “expedientes estranhos à lei e aos próprios estatutos” assumidos pela estrutura nacional do partido em relação às candidaturas às próximas eleições autárquicas.

Numa carta aos militantes, a que a Lusa teve hoje acesso, António Rodrigues afirma não poder “pactuar com uma mentira” e com procedimentos que não subscreve e aos quais não quer associar o seu “nome e credibilidade individual”, numa referência ao facto de a Comissão Política Nacional do PS ter decidido a “recondução compulsiva” dos atuais presidentes de Câmara, “independentemente das prerrogativas estatutárias das estruturas concelhias”.

Rodrigues, que foi presidente da Câmara Municipal de Torres Novas durante 20 anos (de 1993 a 2013), não se tendo podido recandidatar nas últimas autárquicas devido à lei que impede o exercício de mais de três mandatos consecutivos, afirma que esse foi o primeiro sinal da “vontade do PS em tutelar o direito de voto dos portugueses, limitando-os no seu direito elementar de eleger e ser eleitos”.

“Ao cabo de mais de três anos, e quase concluído o mandato de interregno a que a dita legislação obriga, é o próprio PS que se propõe agora fazer uso de expedientes estranhos à lei, e aos seus próprios estatutos, para continuar a condicionar a autonomia da dimensão autárquica em Portugal. Desta vez, dentro das próprias estruturas concelhias”, escreve.

Frisando que é a estrutura concelhia, e não a nacional, “que lida direta e diariamente com o concelho, a sua população, com o ambiente político e com as reações ao desempenho do atual executivo”, que considera vir revelando “uma absoluta incapacidade”, o ex-autarca (que há uns meses se demitiu da presidência da Assembleia Municipal), afirma ser, “no mínimo, uma desconsideração e uma enorme irresponsabilidade que a escolha do partido venha a recair, de forma tácita e acrítica, sobre os atuais presidentes, com o critério único de que ‘já lá estão’”.

António Rodrigues considera, ainda, de uma “hipocrisia sem precedentes” que a decisão da nacional obrigue os presidentes das concelhias do PS a “convocar eleições de fachada, para disfarçar e legitimar um procedimento manifestamente antidemocrático e que manchará a melhor tradição do partido”.

“Não quero convocar uma reunião da concelhia quando, independentemente do resultado, já se sabe que a opção final será sempre a atual. Tanto mais que [o atual presidente, Pedro Ferreira] já assumiu, publicamente, ser ele o candidato, indo ao pormenor de já ter escolhido o seu próximo chefe de gabinete… Para esta comédia trágica não podem contar comigo”, escreve.

Rodrigues assegura que esta tomada de posição surge independentemente da sua disponibilidade pessoal para se “apresentar, ou não, como candidato” à Câmara de Torres Novas, não escondendo críticas ao executivo liderado pelo homem que foi seu vice-presidente, a ponto de afirmar não querer ficar “associado ao desnorte gravíssimo e irresponsável que se verifica atualmente na gestão do município”.

Contactado pela Lusa, o atual presidente do município torrejano afirmou que Rodrigues se esquece de mencionar "questões tão importantes como o reequilibrio financeiro", com uma significativa redução da dívida, sublinhando que, "neste momento", Torres Novas surge "nos primeiros lugares do distrito com muitas obras concretizadas e com mais a concretizar por via do [programa comunitário] Portugal 2020".

"Só de encargos de empréstimos do passado suportamos 4 milhões de euros por ano. A melhor resposta para desnorte é a confiança depositada pelo partido em mim. Andarão cegos?", afirmou.

Lusa

Crédito:DR

Partilhar nas redes sociais:
Partilhar no X
PUB
Capas Jornal de Abrantes
Jornal de Abrantes - julho 2025
Jornal de Abrantes - julho 2025
PUB