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Cinco espécies de antepassados de crocodilos viveram há 150 milhões de anos na Lourinhã

12/12/2019 às 00:00
Sahitisuchus_fluminensis (imagem ilustrativa)

Pelo menos cinco espécies de ‘crocodilomorfos’, antepassados dos crocodilos, viveram há 150 milhões de anos na região da Lourinhã, anunciaram hoje vários paleontólogos.

Num artigo publicado na revista científica “Zoological Journal of the Linnean Society”, os paleontólogos Alexandre Guillaume, Miguel Moreno-Azanza, Octávio Mateus e Eduardo Puértolas-Pascual revelam que “pelo menos cinco espécies coabitaram em rios jurássicos da região” da Lourinhã, refere uma nota de imprensa hoje divulgada.

A existência de pelo menos cinco espécies diferentes de ‘crocodilomorfos’ vem enriquecer a biodiversidade de animais do Jurássico Superior já descobertos na Lourinhã e permite explorar as relações ecológicas entre todos, salientam os cientistas.

Os dentes pertencentes a estas cinco espécies diferentes permitem aos investigadores distinguir comportamentos alimentais diferentes: uns alimentavam-se de presas com concha e moles, outros de animais com conchas, como caracóis ou moluscos e havia também outros que preferiam pequenos artrópodes, como insetos e crustáceos e, ocasionalmente, pequenos vertebrados, como mamíferos e anfíbios.

O ‘crocodilomorfo’ indeterminado era um predador carnívoro terrestre.

A investigação resultou de um trabalho de mais de 700 horas a peneirar centenas de quilogramas de sedimentos jurássicos, triando fósseis, alguns dos quais “são tão pequenos quanto um milímetro”.

Entre os milhares de fósseis encontrados, que integraram a coleção do Museu da Lourinhã, encontram-se dentes de ‘crocodilomorfos’.

“O pequeno tamanho dos dentes encontrados sugere que os animais a que pertenciam a espécies pequenas ou eram jovens de espécies maiores”, apontam, acrescentando que só a descoberta de outros restos esqueléticos destes animais poderia trazer mais certezas científicas.

Dos mais de 120 dentes descobertos e reunidos entre 2017 e 2018, os investigadores conseguiram “distinguir 10 morfologias diferentes de cinco espécies diferentes: ‘Atoposauridae’, ‘Goniopholididae’, ‘Bernissartiidae’, ‘Lusitanisuchus mitracostatus’ e um crocodilomorfo indeterminado.

Todas as espécies já eram conhecidas da comunidade científica, sendo que o ‘Lusitanisuchus mitracostatus’ foi identificado pela primeira vez na Mina da Guimarota, em Leiria.

O estudo, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e por uma bolsa de investigação financiada pelo Parque dos Dinossauros da Lourinhã, é parte integrante da dissertação de mestrado de Alexandre Guillaume, investigador da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e Museu da Lourinhã, a iniciar o doutoramento em microfósseis de vertebrados.

A tese foi coordenada pelos paleontólogos Miguel Moreno-Azanza e Octávio Mateus, da mesma universidade, juntando-se também para este artigo Eduardo Puértolas-Pascual, especialista em crocodilomorfos ibéricos.

Lusa

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