Ivone Cardoso é uma jovem estudante natural de Abrantes que em meados de fevereiro rumou à Lituânia, um país no norte da Europa com cerca de 2 milhões e 800 habitantes, para fazer erasmus.
Foi movida pelo sonho da enfermagem e de poder estagiar fora do país, numa nova realidade, e, quando lá chegou, a rotina do dia a dia fazia-se sem constrangimentos.
A neve caía e a palavra coronavírus ainda era algo que se ouvia bem lá ao longe, mas também neste país, que em tempos pertenceu à União Soviética, a pandemia entrou: à data desta quarta-feira, são no país 213 os casos confirmados e 2 as vítimas mortais.
O cenário repete-se àquilo que vamos assistindo por todo o lado: escolas fechadas, serviços abertos só os essenciais, e contenção.
Com as fronteiras terrestres fechadas a cidadãos estrangeiros, os que lá estão podem sair mas não entram mais.
A abrantina vive numa residência com outros estudantes de várias nacionalidades. Confessa-nos que segurança é uma palavra que não consegue sentir, apesar de estarem a ser tomadas todas as medidas de higienização e controlo.
“Não me sinto tão segura como me iria sentir em Portugal”, explica-nos, uma vez que “em Portugal temos, claramente, mais cuidados de saúde”.
Ivone termina a nossa conversa, que aconteceu no passado domingo, a dizer que “gostaria de estar perto dos meus, apesar de ter algum receio de fazer uma viagem destas agora até Portugal, porque é um grande risco”.
Depois desta conversa, e face ao perigo que sentia em estar junto de tantos estudantes, Ivone tentou regressar a casa. Depois de horas de espera, adiamentos, e voos daqui para ali, a abrantina regressou esta quarta-feira a casa, onde vai iniciar o seu período de resguardo. Diz-nos que à chegada a Portugal não houve qualquer medida de testagem sobre possíveis sintomas no aeroporto.
Ana Rita Cristóvão