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«É sempre um alívio saber que cumpriram bem e vieram todos»

18/11/2016 às 00:00

Teve lugar esta quinta-feira no quartel-general da Brigada de Reação Rápida, em Tancos, a cerimónia de receção dos Estandartes Nacionais das forças nacionais destacadas no Kosovo, Iraque e Lituânia.

 

A entrega dos Estandartes Nacionais por parte das forças militares que integram missões no estrangeiro, é sempre uma cerimónia carregada de simbolismo e emoção.

Presidiu à cerimónia o Comandante da Brigada de Reação Rápida, o Major-General Carlos Perestrelo, que, no seu discurso, destacou o papel das Forças Armadas ao contribuírem “para a afirmação do nosso país no mundo, com a projeção de unidades treinadas e certificadas para diversos teatros de operações como a Bósnia-Herzegovina, Timor Leste, Afeganistão, Somália, Mali, República Centro Africana, e no caso presente, para o Kosovo, para a Lituânia e para o Iraque". O Exército constitui-se, "mais do que nunca, como instituição estruturante da identidade nacional e pilar indispensável do Estado, merecedor da confiança que o país nele deposita e onde a Nação se revê com elevado sentido patriótico”.

Carlos Perestrelo não esqueceu a atualidade e falou dos tempos que vivemos que são, segundo o Comandante, “de enorme perturbação na dita ordem mundial, com uma disputa aberta contra os valores das democracias ocidentais, sendo preocupante e transnacional a ameaça declarada do terrorismo radical, bem como os sinais de preocupação a Leste, sendo importante hoje, mais do que nunca, ser solidário e relevante no seio das organizações de que Portugal é membro, através do empenhamento do seu vetor militar”.

Mas as críticas também surgiram na voz do Comandante da Brigada de Reação Rápida devido a “algum afastamento mediático, que se estranha face aos encómios como somos referenciados nas mais altas instâncias internacionais, e mesmo sem o merecido debate ou cuidada atenção no seio das elites nacionais”, referindo que “as Forças Armadas vêm cumprindo nos últimos 20 anos um papel relevante nas missões humanitárias e de paz, honrando o País e as gentes por quem se batem”.

 

Comandante da BRR, Major-General Carlos Perestrelo

Quanto aos militares que agora regressaram, o Major-General Carlos Perestrelo afirmou ter tido “a felicidade de os receber logo na chegada (…) e é sempre um alívio saber que cumpriram bem e vieram todos”.

No Iraque estiveram 30 militares que, nos seis meses da missão, deram apoio à formação e treino das Forças de Segurança iraquianas, no âmbito da Coligação Internacional no combate ao DAESH. O contingente português esteve sob o comando do Major Maia Martins, que no balanço desta missão falou de “uma experiência enriquecedora, quer a nível pessoal, quer profissional”. Das dificuldades encontradas no terreno, o Comandante falou “da cultura diferente. É uma cultura oriental e nós tivemos que nos adaptar a ela” para que a informação passasse e a formação tivesse resultados pois “era muito técnica””. Flexibilidade foi a palavra de ordem e resultou muito bem pelo facto de “na nossa cultura, termos muita facilidade em adaptamo-nos e sermos um povo que tem, por princípio, respeitar o próximo que é um valor muito bem aceite por parte dos iraquianos. Fomos muito bem aceites”, afirmou o Major Maia Martins.

 

Major Maia Martins, Comandante da unidade que regressou do Iraque

Do Kosovo chegaram 181 militares. Numa das missões que mais tempo tem de duração no terreno, as tropas portuguesas formaram a reserva tática do Comandante da Kosovo Force (KFOR) e foram comandadas pelo Tenente-Coronel Francisco Sousa.

“Esta missão é, sem dúvida, uma prova do valor dos militares portugueses. É um testemunho constante, não só dos comandantes da própria missão mas de todos os nossos parceiros e camaradas de outras nações com os quais privamos e que reconhecem esse valor desde as primeiras unidades que foram destacadas para esse Teatro de Operações até às últimas que estão agora a cumprir a missão”, avançou o Comandante.

Francisco Sousa confirmou que os militares portugueses continuam a ser muito bem-vistos e apreciados pelos habitantes da região. “É inegável. Eles não só gostam dos militares da NATO, porque são o garante da soberania e independência que eles têm neste momento mas também gostam muito de ver a bandeira portuguesa e esforçam-se mesmo para nos dizerem «olá», «bom dia», «boa tarde»… Nota-se uma genuína sensação de gratidão”, confessou o Tenente-Coronel que referiu que este facto fica a dever-se “aos genes portugueses. Ao facto de nos inserirmos e podermos ser projetados para qualquer lado e conseguirmos comungar das mesmas preocupações, ouvirmos as pessoas, estarmos atentos às suas necessidades e acima de tudo sermos humanos e portugueses”.

 

Tenente-Coronel Francisco Sousa, Comandante do contingente português que completou a missão no Kosovo

Prevê-se que a missão portuguesa no Kosovo venha a ser encerrada em breve. Francisco Sousa revela que essa “é uma grande preocupação do Comandante da KFOR ver sair a unidade que está a ser comandada por portugueses. No entanto, esta unidade vai ter continuidade dentro da própria KFOR. Mas é com alguma tristeza que eles vêm sair do Teatro de Operações o contingente português. (…) Esperemos que tudo corra bem, esperemos que a situação no Kosovo continue a evoluir favoravelmente e que se atinja aquilo que é mais necessário para as populações que é paz e progresso”.

 

Diana Gonçalves, militar que integrou a força nacional no Kosovo

Mas também se falou no feminino nesta missão do Kosovo. Diana Gonçalves foi uma das militares que integrou a missão que agora regressou e afirma que as dificuldades com que se deparam “não têm a ver com género mas sim com a missão. Sendo homens ou mulheres, todos temos que cumprir da mesma maneira para atingirmos os mesmos objetivos”.

Foram 315 os militares que regressaram a Portugal após missões de 6 meses nos três teatros de operações. No Kosovo, a integrar a KFOR, no Iraque, no âmbito da Coligação Internacional no combate ao DAESH e na Lituânia, mais uma vez no âmbito da NATO, decorrente da crise na Ucrânia.

Entrega do Estandarte Nacional por parte do Comandante das Forças destacadas na Lituânia, Capitão Carqueijo

Patrícia Seixas

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