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Festas Constância: “Constância é uma terra bonita para viver e para visitar”

19/04/2019 às 00:00
Sérgio Oliveira

De 20 a 22 de abril, Constância volta a engalanar-se para receber todos os que a queiram visitar.
Ruas floridas, tasquinhas, desporto, procissão de Nossa Senhora da Boa Viagem e bênção dos barcos e das viaturas e muita animação são os momentos altos das Festas do Concelho 2019. Fomos sentir o pulso a quem dirige os destinos do concelho.

 

As Festas da Senhora da Boa Viagem continuam a ser de afetos e reencontros?

Obviamente que sim. É o momento cultural mais alto que se vive anualmente no concelho e é também o momento em que familiares e amigos se encontram. É o fim-de-semana da Páscoa e há a tradição, principalmente no domingo de Páscoa, de as famílias dedicarem a tarde à festa. E acabamos por reencontrar pessoas que não vemos há muito tempo.

O que é que vos motiva nesta Festa? O que é que elas representam para quem comanda os destinos do concelho?

Representam três ou quatro aspetos. Por um lado, uma homenagem aos nossos antepassados, ligados aos rios e à atividade marítima e com isso, a devoção a Nossa Senhora Senhora da Boa Viagem, com a bênção que é pedida pelas embarcações e viaturas.

Por outro lado, é uma festa. Se deixarmos de parte o âmbito religioso, é uma festa que tenta ser comercial, que tenta atrair diversos públicos à vila e, com isso, dinamizar a economia local.

Para quem tem a responsabilidade de gerir os destinos do concelho, o objetivo é projetar o concelho para o exterior. Dizer que existimos, que Constância é uma terra bonita para viver e para visitar.

Como é que o autarca Sérgio Oliveira vive e se apropria destas Festas?

De maneira diferente do que as vivia há uns anos, até porque não tinha responsabilidades. A primeira grande diferença é que antes ficava na rua até mais tarde e agora recolho aí por volta da meia-noite. Assisto ao início dos últimos concertos mas depois tenho que ir porque, no dia seguinte, faço questão de estar na Câmara logo pela manhã. Até para ver se os trabalhos operacionais, como a limpeza, se está tudo a correr dentro da normalidade ou é preciso dar algum toque.

Algum momento que tenha marcado o jovem Sérgio Oliveira nas Festas do Concelho de Constância?

Há vários momentos mas um que me marca sempre muito, não enquanto autarca mas como munícipe, é a tradição de, com o meu grupo de amigos de infância, nos juntarmos sempre para jantar no sábado das Festas. Só eu e mais dois ou três é que ficámos por cá, os outros estão espalhados pelo país mas sabemos que o sábado das Festas é reservado para nos juntarmos. E isto acontece há já largos anos.

A segunda-feira da Boa Viagem, para além de ser o feriado municipal, é um dia carregado de devoção religiosa. Nos dias que correm, como é que se explica a enorme adesão das pessoas a este dia?

Creio que há três públicos. Um que vem porque, efetivamente, tem fé e acredita na devoção a Nossa Senhora da Boa Viagem. Outro grupo vem porque gosta de assistir à cerimónia da bênção dos barcos e das viaturas e há ainda outro grupo de pessoas que vem somente em passeio. Mas não tenho dúvidas que a maioria das pessoas vem por devoção a Nossa Senhora da Boa Viagem.

Vamos aos destaques da edição deste ano...

Um dos destaques é, obviamente, o Grande Prémio da Páscoa em atletismo. Mas vamos voltar a ter a tenda jovem, as tasquinhas, as ruas floridas e os concertos que considero que são de qualidade e virados para dois públicos distintos. No sábado, o Toy, com um produto mais popular e para um concerto de massas e, na segunda-feira, dia de Nossa Senhora da Boa Viagem, um concerto mais intimista e virado para um público mais específico, com a Teresa Salgueiro. Nós entendemos que, sendo a segunda-feira um dia marcadamente religioso, temos que ter sempre um cuidado especial com o concerto desse dia. É um dia solene, com determinado formalismo e o concerto de encerramento das Festas tem que ser sempre um concerto solene.

O retorno das Festas é significativo? Qual o investimento do Município?

Sim. O retorno das Festas é significativo para a economia local, para o comércio local, para as associações que, muitas delas, dependem do retorno do que fazem na tasquinha durante as Festas para conseguirem desenvolver toda a sua atividade ao longo do ano, e também pela projeção que o concelho tem para o exterior. É um investimento que não tem um retorno direto para o Município mas que, indiretamente, traz vantagens competitivas ao nosso concelho. Este ano, o investimento será mais ou menos o mesmo que o do ano passado e andará entre os 100 e os 120 mil euros.

O ano passado já houve algumas pequenas alterações do formato... o que está previsto para este ano?

À partida, será tal como no ano passado. Há apenas dois ou três ajustamentos.

O envolvimento das associações do concelho, bem como do Agrupamento de Escolas é condição fundamental para a organização do certame. Mantém-se essa boa relação?

Sim. As associações vão embelezar as ruas, vão dinamizar as tasquinhas e a tenda jovem. Mantém-se o dinamismo e não há nenhuma alteração nesse aspeto. E esta colaboração é fundamental porque, se não fossem as associações e o Agrupamento de Escolas, eu não tenho dúvidas nenhumas de que já não teríamos nenhuma rua florida nas nossas Festas. Os moradores da zona baixa da vila são muito poucos, os que existem são pessoas idosas, já na casa dos 80 e muitos, já sem capacidade para dinamizar este tipo de iniciativa. Na parte alta da vila, na sua maioria, são pessoas que não são naturais de Constância, o que não quer dizer que não vivam as Festas tal como os naturais do concelho, mas não foram habituadas a esta tradição e é difícil conseguir chamá-los. Até porque a vida é completamente diferente, temos que ser realistas. A maioria dos casais são jovens, têm filhos, têm outro tipo de tarefas e a correria do dia-a-dia não lhes permite estar à noite a fazer flores, durante meses, e a vir depois embelezar as ruas. Este é um caminho que tem que ser feito entre a Câmara e as associações porque apesar de estarmos com algum potencial no centro histórico ao nível da reabilitação urbana, essa reabilitação está a ser direcionada para alojamentos locais ou guest houses e não para habitação e fixação de pessoas. Isto deve-se às condicionantes que o centro histórico tem como as ruas estreitinhas, o não poder deixar o carro ao pé da porta - infelizmente vivemos numa sociedade comodista - , o ter que ir às compras e ter que carregar com os sacos para cima e para baixo... e é normal que não seja atrativo viver no centro histórico, não só no de Constância como em qualquer centro histórico. Temos que aproveitar as oportunidades que existem que estão viradas para o alojamento local e para algum pequeno comércio.

 

Com a abertura em breve do Hotel, Constância vai disponibilizar mais camas a quem a visita. Também o Centro Náutico tem um novo Fluviário e há empresas a procurar a zona industrial de Montalvo. Que balanço faz do seu concelho neste momento?

Faço um balanço positivo. Sem embandeirar em arco, porque não é o meu estilo de estar à frente seja de que instituição for, acho que temos ainda um longo caminho a percorrer mas acho que se tivesse que sair amanhã da Câmara, por qualquer motivo, quem viesse a seguir a mim, tenho a certeza que encontrava um concelho melhor arranjado, mais bem cuidado, com obras a decorrer. Internamente, muito mais organizado do que aquilo que eu encontrei e com uma situação financeira bastante melhor do que aquela que me foi deixada. Nesse aspeto, tenho a minha consciência tranquila. Tenho dado o melhor que posso e que sei para resolver os problemas e pôr o concelho a andar. O que é um facto é que o concelho está a mexer. O hotel abrirá este ano, o fluviário no Centro Náutico, a abertura de uma nova barbearia no centro comercial, a abertura do bar junto ao Parque de Campismo, o interesse em reabrir um café/restaurante na zona alta da vila, em breve teremos uma loja de produtos regionais na Rua Luís de Camões, estamos com dez processos de reabilitação de imóveis no centro histórico e, ao nível do Município, estamos com duas obras grandes que é o Largo Cabral Moncada e a ETAR de Montalvo. Queremos lançar ainda este ano a ETAR da Pereira, o Cine-Teatro e o açude de Santa Margarida mas tem que ser tudo bem planificado. Nós temos um desafio muito grande pela frente, e que me preocupa muito enquanto presidente de Câmara, que é a questão do turismo sazonal. Temos um grande fluxo de pessoas no turismo no período primavera/verão e, no período de inverno, nem por isso. E isto levanta dois problemas: um é combater essa sazonalidade e fazer com que as pessoas venham também no inverno à vila mas, por outro lado, no verão tenho o problema de não ter estrutura nem capacidade para acolher tanta gente. Temos esse problema a nível de restaurantes, cafetarias... não há capacidade. Isto leva-nos à conclusão que o facto de vir muita gente a Constância acaba por beneficiar não só Constância mas toda a região porque algumas pessoas acabam por ir aos restaurantes da Barquinha, Abrantes, Chamusca...

Recentemente, a importância da Casa-Memória de Camões foi reconhecida pela Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo. Falta o reconhecimento do Governo... como está esse processo e qual a importância da Casa-Memória para Constância?

A Casa-Memória tem uma importância fundamental para o desenvolvimento do turismo não só do concelho mas da região. Não há em Portugal uma casa dedicada a Luís Vaz de Camões, que foi um dos maiores poetas de sempre do nosso país. Ou melhor, a casa existe, não tem é os conteúdos. Eu diria mesmo que o pior está feito. Agora é apetrechá-la com os conteúdos necessários, com recursos humanos qualificados e abri-la ao público. Eu não tenho dúvidas que será um polo de atração para muita gente.

E poderá ser uma forma de colmatar a falta de turismo no inverno?

Exatamente. Tivemos o reconhecimento da CIMT, que não foi um processo difícil, bem pelo contrário, foi aprovado por unanimidade. Tivemos também uma reunião com a senhora ministra da Cultura onde insistimos, mais uma vez, na ideia de que precisamos que o Governo, através do Ministério da Cultura, nos apoie nesta causa e assuma isto como uma questão nacional.

 

Patrícia Seixas

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