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"Um sinal de esperança": Igreja de São Vicente alvo de obras de restauro de 120 mil euros (C/ÁUDIO E IMAGENS)

14/02/2020 às 00:00
DR: Antena Livre e Jornal de Abrantes

A Igreja de São Vicente, em Abrantes, vai ser alvo de obras de restauro no interior do edifício.

A intervenção representa um investimento de 120.748,67€ e vai incidir sobretudo no restauro de dois altares de uma das naves laterais (altar de Nossa Senhora da Conceição e de Nossa Senhora de Fátima) e toda a zona envolvente aos mesmos (pintura de caixilharias em madeira, portas exteriores históricas e os trabalhos de caiação com integração de cor, em abóbadas pertencentes às naves laterais), sendo ainda prevista a recuperação "de uma parte da cobertura do teto. O que iremos tentar é a recuperação do teto todo”, conforme explicou o vice-presidente do Município, João Gomes, à Antena Livre.

O auto de consignação foi assinado esta sexta-feira, dia 14 de fevereiro, entre a autarquia e a empresa Nova Conservação-Restauro e Conservação do Património Artístico-Cultural, S.A., a quem a obra foi adjudicada e cujo prazo de execução ronda os seis meses - 180 dias. (Pode consultar o projeto aqui)

Presidente da Câmara de Abrantes e responsável pela empreitada no momento de assinatura do auto de consignação

No momento da assinatura do auto de consignação, o presidente da autarquia, Manuel Jorge Valamatos, explicou que esta intervenção acontece no âmbito de uma candidatura ao fundo comunitário Programa Portugal 2020: "O projeto foi encetado com o apoio da Câmara Municipal mas pela Direção Geral de Património Cultural (DGPC). A candidatura foi apresentada pelo Município, que no fundo é o dono da obra, ao Portugal 2020, essa candidatura foi aceite e 85% da obra é apoiada por fundos comunitários, sendo 15% repartido entre a DCPC e a Câmara Municipal [cabendo assim à autarquia 7,5% do valor total do investimento]".

Manuel Jorge Valamatos realçou que este "é um dia muito importante para nós" e que esta intervenção é "um bom sinal, é um sinal de esperança, (...) mobilização, atitude, proatividade".

"É um investimento considerável para continuar aquilo que foi a requalificação externa", diz o autarca, que explica que este projeto de execução refere-se a uma segunda ação de uma candidatura que foi feita em 2017 para toda a intervenção da igreja (com a designação “Património Cultural – Intervenções em Monumentos Nacionais – Valorização da Igreja de S. Vicente”). Na primeira ação foi realizada a empreitada de beneficiação exterior da Igreja de São Vicente, uma obra muito arrojada do ponto de vista técnico" com obras exteriores de cobertura, consolidação da abóbada, fornecimento de janelas em madeira, restauro de vitrais e pinturas exteriores e trabalhos relacionados com a humidade. No âmbito da mesma intervenção foram executados ainda os trabalhos de arranjos exteriores cuja responsabilidade coube ao Município de Abrantes.

Como "houve uma poupança na primeira fase de intervenção [que rondou os 274 mil euros] (...), a obra ficou abaixo daquilo que era o previsto - o que não é muito comum, e deu-nos um suporte para iniciar esta segunda fase, deu robustez a esta segunda fase", conforme explicou Manuel Jorge Valamatos. Assim, feita a reformulação financeira da candidatura, pode agora ser iniciado o trabalho de "requalificação destes dois altares". 

"Estamos num sítio magnífico. Ao nível da região, estamos a falar por ventura num dos sítios mais fantásticos, culturalmente falando e de todo este enquadramento de caráter religioso", diz o autarca que admite que "há muitas coisas para fazer" e que esta igreja precisa de ser "colocada à disposição do culto, das pessoas, dos turistas".

Na assinatura do documento estiveram presentes o vice-presidente da autarquia, João Gomes, o vereador Luís Filipe Dias, o presidente da União de Freguesias de Abrantes e Alferrarede, Bruno Tomás, e também representantes da DGPC e o grupo de trabalho que vai intervencionar a igreja

Já o técnico empreiteiro responsável pela obra, Nuno Proença de Almeida, que vai contar com uma equipa de entre seis a dez pessoas "altamente credenciadas para o efeito”, explicou que "foram escolhidos dois dos altares que apresentam maiores problemas conservativos: temos a convivência de materiais pétreos com elementos orgânicos, madeira em processos muito avançados de degradação e que urge desenvolver um percurso inverso ao processo de alteração e degradação destes materiais".

Altar de Nossa Senhora da Conceição, um dos altares a ser intervencionado

Altar de Nossa Senhora de Fátima, o outro altar a ser alvo de requalificação

"O nosso trabalho vai iniciar por compreender melhor, documentar e perceber exatamente a constituição das partes, que vai obrigar a desmontes significativos", acrescentou, evidenciando o problema de "perda de pedra" dos altares.

 

Pormenor de uma coluna que ladeia um dos altares a ser intervencionados

REQUALIFICAÇÃO DE "UMA JÓIA" É "MOMENTO DE GRANDE ALEGRIA PARA TODA A IGREJA"

No momento protocolar que assinala o início da empreitada esteve também presente o padre António Castanheira, das Paróquias de São João e São Vicente, que considerou este momento como "de grande alegria para toda a Igreja, para esta comunidade que vive na cidade de Abrantes, porque este templo, com tantos anos, com tantos séculos, é um lugar de memória, de vida espiritual, cultural, e nós precisamos também de ser cuidadores destes dois aspetos".

Padre António Castanheira e presidente da Câmara de Abrantes durante a cerimónia

"Ter um monumento destes cuidado, restaurado - a nível dos altares e também ao nível dos tetos - é esperança para todos e alegria (...) um momento de esperança grande", acrescenta o padre que disse ser necessário pensar como vai ser possível conciliar as obras com as celebrações religiosas - que vão continuar a decorrer.

Assim, "todos os condicionalismos que houver são por um bem maior", assume, referindo que "tudo acontecerá na mesma, o espaço é tão grande que será limitada uma parte para que os trabalhos possam decorrer com a sua possível normalidade e a liturgia possa também, coordenada com o trabalho de restauro, executar-se como deve ser".

Nesta ação, pretende-se também tentar a "recuperação do teto todo”

O pároco salientou que esta intervenção é importante tendo em conta que este é "um lugar de espiritualidade" e que para esse fim foi feito, e referiu também a importância da cultura, sendo "um monumento destes uma jóia, e sendo uma jóia precisa de ser cuidado, restaurado, purificado, voltando umas coisas mais ao original e outras adaptando às necessidades litúrgicas".

"Os templos são sempre espaços vivos ao longo da sua história, porque é cá que vive gente, é cá que uma comunidade cristã lhe dá o nome de igreja porque essa igreja é uma comunidade viva", acrescentou o padre António Castanheira que concluiu dizendo aos jornalistas que "enquanto estiver com alguma responsabilidade nesta paróquia, quererei ajudar com outras entidades (...) mais e em conjunto faremos melhor e iremos mais longe".

 

UM POUCO DE HISTÓRIA

Recorde-se que a primitiva igreja de São Vicente foi fundada em 1149, depois da tomada do castelo da vila de Abrantes por D. Afonso Henriques. Em 1179, depois de um cerco do exército mouro que arrasou a vila, o templo, que era sede de paróquia, seria reconstruído. Em 1565 o Bispo da Guarda, D. João de Portugal, convocava Sínodo Provincial, e como quatro anos depois a primitiva igreja se encontrava em ruínas, D. Sebastião ordenou ao Corregedor de Tomar que procedesse à sua reedificação. A obra da nova igreja seria iniciada em 1569, empregando oficiais dos estaleiros do Convento de Cristo de Tomar.

(Fonte: DGPC)

Em 1595 a obra ficaria a cargo do arquitecto militar Mateus Fernandes , que possivelmente só terminaria o projecto do novo templo em 1605, data em que a sede de paróquia, que desde 1569 transitara, primeiro, para a ermida de Santa Catarina, hoje com a invocação de São Lourenço, e depois para a ermida de Santa Iria, voltava para São Vicente e a nova igreja abria ao culto. (Fonte: Página oficial do Património Cultural do Governo português)

 

PRESIDENTE DE CÂMARA RECONHECE QUE HÁ MAIS IGREJAS PARA AS QUAIS OLHAR

As atenções estiveram viradas para a Igreja de São Vicente mas o autarca Manuel Jorge Valamatos não esqueceu os outros monumentos classificados e de importância religiosa existentes no concelho.

"Temos outra igreja para a qual também temos que olhar com muita atenção. Neste momento, estamos a fazer o levantamento da igreja de São João", disse Manuel Jorge Valamatos que deu conta de que esteve recentemente reunido com a Direção Geral de Património Cultural e que daí ficou "muito esperançado que venhamos a ter candidaturas".

"Vamos passar todos esses documentos para a DGCP, sendo que houve um comprometimento por parte da DGCP de estrutura do projeto para que possamos ter maturidade suficiente para procurar quadros de apoios comunitários para conseguirmos desenvolver ali toda a recuperação necessária, com o compromisso da DGPC, da parte que é da componente nacional, ser repartida entre a Câmara Municipal e a DGPC. Há motivos para termos esperança e que essa esperança seja sinónimo de determinação, vontade, garra, para todos juntos fazermos melhor pelo nosso património cultural", disse o presidente do Município.

Já relativamente à igreja de Santa Maria do Castelo, o presidente diz que "a obra já está a iniciar, todo o procedimento já se está a iniciar" e espera que "no final de maio, início de junho, pudéssemos ter a obra concluída para colocá-la à disposição da nossa comunidade e de todos aqueles que nos visitam".

 

Reportagem e fotorreportagem: Ana Rita Cristóvão

 

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