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Lampreia e Sável “para comer e chorar por mais” em VN da Barquinha

9/02/2019 às 00:00
Adélia Quaresma na confeção da lampreia

Adélia Quarema, 59 anos, é a responsável pela Tasquinha da Adélia e uma das cozinheiras mais conhecedoras da confeção da lampreia, do sável e de vários pratos ligados à nossa gastronomia típica.

Quando entrámos no seu restaurante, em pelo centro histórico de Vila Nova da Barquinha, já se sentia o cheiro do refogado que iria acolher a lampreia, que já estava devidamente arranjada e cortada para ser cozinhada.

Foi na sua cozinha tradicional que acolheu o Jornal de Abrantes. Disse-nos que o gosto pela culinária “é de família”. A sua mãe era uma excelente cozinheira, mas o seu pai também não lhe ficava atrás, e foi desde muito cedo que Adélia começou a “pôr as mãos na massa”.

É com entusiasmado que afirma ter muito “gosto e muito amor” por aquilo que faz e tudo passa pelas mães dela na cozinha da Tasquinha da Adélia há 18 anos.

O negócio vai correndo bem. Os fins de semana normalmente significam casa cheia, mas durante a semana muitos chegam para provar a bela fataça, grelhada ou frita, a açorda, as enguias, o arroz tamboril e durante estes meses a lampreia e o sável.

“Nós procuramos ter sempre um prato tradicional aqui da nossa zona”, afirmou Adélia, lembrando a fataça, mas também a diversidade de bifes que apresenta no seu menu.

A Tasquinha da Adélia participa na Mostra do Sável e da Lampreia, promovida pela Câmara Municipal, desde que iniciou a atividade.  Adélia conta que chegam clientes de toda a parte para provar e degustar os pratos e que adesão tem sido constante.

No entanto, admite que os problemas do rio e a própria crise, afastaram um pouco a clientela.

“Normalmente, são os mais velhos que procuram estes pratos. A maior parte da juventude não aprecia, mas há 4 anos e meio, notei que adesão baixou. O ano passado, devido aos problemas do Tejo, quase não se vendeu lampreia. As pessoas tinham medo”, lamentou a cozinheira.

Este ano, as expetativas são melhores e Adélia espera novamente ver entrar os habituais clientes do norte do país, de Abrantes, de Caldas da Rainha, do Algarve, de Ovar ou da Figueira da Foz.

“A Lampreia é um prato que as pessoas ou gostam ou odeiam. E se não gostam, nunca mais voltam a querer comer”, confessa a cozinheira, referindo que a sua confeção “não é difícil, leva azeite, alho, pimentão”, etc. Depois, é só colocar a lampreia e juntar-lhe o arroz. Já o sável é frito e é acompanhado com açorda que resulta das suas ovas.

Para provar a lampreia, Adélia aconselha o cliente a fazer reserva, pois é um prato que requer tempo e dedicação. “É sempre preferível o cliente fazer a sua reserva, porque quando chega já temos a lampreia arranjadinha e é só pôr o arrozinho. É meio caminho andado para não demorar tanto tempo”, realçou.

Por fim, Adélia confessa que o seu maior gosto é cozinhar, mas também é ver a sala cheia. E o seu maior desgosto é saber que um dia vai morrer e não poder continuar a liderar os destinos da casa. Contudo, refere que até ter forças é na cozinha que quer continuar a trabalhar e deixa o pedido ao Município para que continue a promover as mostras gastronómicas.

Fernando Freire, presidente da Câmara Municipal, explica ao Jornal de Abrantes que a aposta continuada na mostra se deve ao facto de “haver uma grande aceitação por parte do público” e porque é necessário apostar “nos recursos endógenos”.

“Sabemos que há pessoas que se deslocam de todo o país para visitar Vila Nova da Barquinha para apreciar o Castelo de Almourol, mas também para vir comer e se deliciar com a lampreia. Todos os anos, isto acontece. Todos os anos é repetido e isso quer dizer que em 25 anos já temos um público fiel”, elucidou.

Quanto às questões ligadas ao rio Tejo, Fernando Freire considerou que se “melhorou muito”.

“Aquilo que assistimos no ano passado e há dois anos em relação à qualidade das massas de água que circulam no Tejo, não tem nada a ver com aquilo que hoje se vê. O nosso pescador, o Rui de Tancos, disse que há muito mais lampreia em relação aos anos anteriores, o que significa que estão a vir mais cedo e que as águas estão mais puras”, realçou.

Este ano, os visitantes que degustem nos restaurantes aderentes a lampreia e o sável poderão ganhar bilhetes para passeios de barco ao Castelo de Almourol e ao Centro de Interpretação Templário (CITA).

Fernando Freire diz ser necessário apostar nos produtos endógenos

“Todos os anos oferecíamos passeios de barco a Almourol. Este ano, incorporámos a visita ao Centro de Interpretação Templário. O bilhete dá para os dois espaços. Por isso, venham apreciar o novo centro, conhecer a história dos templários em Portugal e também degustar excelentes sabores”, apelou o presidente.

Quanto ao seu gosto pela lampreia ou pelo sável, o presidente disse que as duas iguarias “são bem-vindas” (risos), mas é na lampreia que encontra uma maior satisfação.

A XXV edição do Mês do Sável e da Lampreia realiza-se de 9 de fevereiro até ao dia 31 de março nos restaurantes aderentes: Stop (Atalaia), Almourol (Tancos), Ribeirinho (VN Barquinha), Loreto (VN Barquinha), Tasquinha da Adélia (VN Barquinha), Trindade (Moita do Norte), (Soltejo (VN Barquinha), e Chico, este último em Praia do Ribatejo.

O arroz de lampreia e o sável frito com açorda são pratos comuns a todos os restaurantes, no âmbito deste festival gastronómico cujas ementas apresentam ainda outras sugestões. Bom apetite!

Joana Margarida Carvalho

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