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PALHA DE ABRANTES: DUAS DÉCADAS A PUGNAR PELA CULTURA

11/08/2016 às 00:00

Em junho de 1995 nasceu em Abrantes a Palha de Abrantes - Associação de Desenvolvimento Cultural. Num momento em que o panorama cultural abrantino se apresentava moribundo, a criação da Palha de Abrantes partiu da iniciativa de José Eduardo Alves Jana.

A assembleia geral constituinte da associação realizou-se a 26 de junho, em que estiveram presentes Alves Jana, Francisco Lopes, Eduardo Campos, Sara Morgado, entre muitos outros. A apresentação pública da associação decorreu a 27 de outubro do mesmo ano.

Com as primeiras instalações no Convento de S. Domingos, a Palha de Abrantes arrancou com as suas atividades. Entre as primeiras iniciativas, conta-se o lançamento da Antologia de poesia popular, da autoria de Joaquina Varandas, a que se seguiria a edição de livros de um conjunto alargado de poetas populares da região. Essa fase ficou ainda marcada pela abertura da Escola de Artes Plásticas, que ainda hoje se mantém. Também dos primeiros tempos é a organização de uma Feira da Ladra, uma vez por mês, na Praça Barão da Batalha, que ainda continua a realizar-se.

 

O marco Festival do Imaginário

Em 2006, a marca deixada pela Palha de Abrantes foi o Festival do Imaginário, que contou com Manuel Maria Carrilho, então Ministro da Cultura, na sessão de abertura. Tratou-se de um evento marcante, com uma enorme projeção, inclusivamente ao nível da comunicação social nacional, no qual participaram pensadores nacionais e internacionais de referência, como Eduardo Lurenço. Em 1999 viria a decorrer uma segunda edição do Festival do Imaginário, subordinada ao tema "Utopia, Totalitarismo e Liberdade". Nesta fase, nos anos em que este evento não se realizou, tiveram lugar algumas edições dos Encontros de Abrantes.

A partir de 1997, a rubrica Café com Letras recebeu gente proveniente de todas as áreas e abordou uma multiplicidade de problemáticas. Ainda em 1997, na qualidade de sócio da TAGUS, e em parceria com a mesma, a Palha de Abrantes promoveu o I Encontro de Desenvolvimento Local.

Depois de já haver criado a Universidade Popular de Abrantes, a Palha de Abrantes apresentou publicamente a Universidade da Terceira Idade de Abrantes (UTIA). Também nesta fase, começou a desenvolver atividades no âmbito do Clube de Pais.

Em 1999, com a encenação de Helena Bandos, apresentou-se publicamente o Grupo de Teatro da Palha de Abrantes. Nesta fase, os projetos e as atividades eram múltiplos, continuando a concretizar-se a atividade editorial, por exemplo com a revista bilingue "Canal". Em setembro de 1999, decorreu a primeira sessão do ciclo de debates Pensar Abrantes. Em 2000, a Palha de Abrantes recebeu o troféu "Qualidade", atribuído pelo semanário O Ribatejo.

Sendo o livro um objeto de culto da associação, no ano 2000, a Palha de Abrantes abriu A livraria Contracapa, no Centro Coordenador de Transportes. Este passou a ser o espaço privilegiado para desenvolvimento das sessões da associação, em torno de livros, pessoas, temáticas várias e manifestações artísticas.

Num tempo marcado pela chegada de imigrantes do leste europeu, a Palha de Abrantes procurou dar resposta a algumas das suas necessidades, com a organização de um curso de Português para imigrantes.

 

O corte do cordão umbilical

Em janeiro de 2002, a Palha de Abrantes viveu, em termos de liderança, a sua primeira prova de fogo. Alves Jana deixou a Direção, tendo surgido uma lista que tomou conta dos destinos da associação, presidida por Armando Borges.

No final de 2002, foi apresentado o Centro de Estudos de História Local de Abrantes (CEHLA). Em maio de 2003, o CEHLA organizou as I Jornadas de História Local, no decurso das quais apresentou a revista de História Local Zahara, cujo n.º 27 foi recentemente lançado.

Também em 2002, um grupo de associados da Palha de Abrantes formou a secção de cinema Espalhafitas, propondo-se criar um programa de cinema de qualidade, no Cine-Teatro S. Pedro.

A partir de março de 2004, a Direção passou a ser presidida por Laurent Piretto.

 

Resistir para não sucumbir

Apesar de 2005 e 2006 terem sido anos difíceis, face à situação financeira da associação, a mesma não desistiu da ação cultural habitual, acrescida de outros projetos e eventos. Apesar de alguns terem optado por não se manter no seio da Palha de Abrantes, como aconteceu com o Grupo de Teatro, a associação conseguiu superar muitas das complicações que se lhe haviam colocado. Nesta  fase, não podemos deixar de considerar a ação de Maria de Lurdes Martins, atual Presidente da Direção, que foi determinante para a sobrevivência da associação.

Em 2006, nasceu o projeto Arquivo de Imagem, com oficina de vídeo; no âmbito do Espalhafitas, surgiram os Realizadores de Palmo e Meio, em que as crianças das escolas de Abrantes e dos concelhos vizinhos tiveram oportunidade de fazer filmes de animação, alguns dos quais premiados em festivais nacionais e internacionais.

Desta fase destacamos os seguintes eventos: em outubro de 2010, organização do Musicam Abrantes, que incluiu uma exposição de fotografia e múltiplos concertos; em fevereiro de 2011 arrancou o "Hoje Pago Eu", em S. Facundo; em novembro de 2011, em parceria com o Agrupamento de Escolas Dr. Manuel Fernandes, iniciaram-se as Conferências do Liceu; em março de 2012, a Delegação da Ordem dos Arquitetos de organizou, em parceria com o Espalhafitas, uma homenagem a Manoel de Oliveira; em junho de 2012, em parceria com a TAGUS e a Associação Comercial e de Serviços teve lugar a primeira Feira Franca.

Na Gala Antena Livre, em 2013, o CEHLA viu o seu trabalho reconhecido e foi agraciado com o galardão "Cultura"; volvidos dois anos, o ANIMAIO (Espalhafitas) receberia idêntica distinção.

 

Um Sr. Chiado

A 19 de abril de 2013, a Palha de Abrantes reabriu o antigo espaço Chiado. Através de um contrato de comodato entre a família Bandarra e a associação, foi gentilmente cedido um edifício com três pisos, com o objetivo de desenvolver atividades culturais no centro histórico da cidade de Abrantes. Agora denominado Sr. Chiado, serve para dinamização, fomento e diversificação da oferta cultural. E aqui o público abantino tem oportunidade de assistir à exibição de filmes, a concertos, a conferências e debates, ao lançamento de livros, mas também a exposições e à dinamização de workshops. Espaço aberto, tem sido, acima de tudo, um local de encontro e troca de ideias, desempenhando um papel importante na dinamização do centro histórico da cidade, onde muito se sentem os efeitos do envelhecimento da população e da desertificação.

 

Por José Martinho Gaspar 

 

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