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Vasco Gonçalves: “O aumentar da fasquia implica sempre pôr em todos os jogos um grande querer vencer”

12/04/2018 às 00:00

Vasco Miguel André Gonçalves nasceu em Abrantes há 40 anos, na freguesia de S. João, hoje União das Freguesias de Abrantes e Alferrarede, iniciando assim o seu percurso na estrada da vida. É casado, tem uma filha, iniciou a prática do basquetebol em 1990, tendo representado a Seleção Distrital em todos os escalões e na época de 1992 / 1993 representou a Seleção Nacional. Começou a sua carreira como treinador em 1995 e no seu primeiro ano de sénior jogou pelo Eléctrico Futebol Clube, Ponte de Sôr.

Como foi o início da tua aventura na modalidade de eleição? E porquê o basquetebol? 

A minha aventura no basquetebol começa aos 12 anos de forma tardia na Escola D. Miguel de Almeida por influência do professor Carlos Quinta Gomes. Como eu era alto para a idade que tinha, o professor viu em mim um potencial jogador e que podia triunfar numa modalidade com pouca expressão no nosso país. 

Como surgiu a oportunidade de treinar e jogar ao mesmo tempo? Porquê o Clube Náutico de Abrantes?

 A oportunidade de treinar surge aos 17 anos a convite do professor Passarinho, que na altura era um dos grandes impulsionadores do basquetebol no Clube Náutico de Abrantes. A oportunidade dada levou a que eu nem pensasse duas vezes, pois a paixão pelo basquetebol falava mais alto.

A tua formação como jogador foi fundamental para que pudesses passar todos os ensinamentos que tiveste às tuas atletas?

Sim, sem dúvida. Ao longo dos anos fui trabalhando com vários treinadores pelos vários clubes que passei e pelas várias seleções. Esse conjunto de ensinamentos deram-me capacidades, que hoje tento transmitir às minhas atletas. Nunca descurando a minha preparação diária, estudando e vivenciando experiências para evoluir e ir sempre acompanhando o progresso da modalidade.  

Como se formam atletas? Enquanto líder quais os valores que gostas de transmitir às tuas atletas?

A formação das atletas inicia-se com um ambiente familiar saudável, em que as regras sociais e alimentares começam em casa. Depois, é necessário que o clube dê continuidade a esse trabalho, criando condições de treino e formando responsáveis competentes ao nível do treino e competição. Enquanto líder tenho a preocupação de trabalhar sempre em grupo, porque sozinhos vamos demorar mais tempo a atingir os nossos objetivos. Funcionamos como uma família, onde transmito às minhas atletas valores como a amizade, a união, solidariedade, atitude, dedicação, lealdade e auto-superação, constantes que são o produto final do nosso sucesso. 

Como treinador identificas as jovens que não estão a ter sucesso escolar? Se sim, que medidas tomas?

Sim. Existe uma relação muito aberta com as minhas atletas por isso, tentamos definir um caminho que nos leve a bom porto. Quando o problema é escolar, juntamos o grupo com o objetivo de se encontrar uma solução para contornar e contrariar o que está errado, de forma a chegarmos onde queremos e não dissociando os pais deste processo. Quando os problemas são familiares ou outros, falo com a atleta individualmente para que possamos encontrar uma solução para o que está a acontecer. Conversamos muito para encontrar formas de entreajuda com os meus conselhos e experiência de vida a servirem sempre de exemplo. 

Como conjugas a parte competitiva com a componente pedagógica?

A conjugação destas duas componentes tem em primeiro lugar a ver com a minha mentalidade de trabalho, o acreditar sempre naquilo que faço, depois a realização de dois treinos por semana torna mais fácil a gestão destas componentes. 

Já com alguns anos ligado à formação de jovens, quais são as maiores dificuldades que as jovens encontram nas transições de escalão?

As dificuldades que uma jovem pode encontrar nas transições de escalão são apenas no aspecto físico, pois nos escalões existem várias atletas de idades diferentes. A subida de escalão origina muitas vezes a separação de atletas sendo esse o grande problema. O desfazer do grupo vai dificultar ao máximo o trabalho que se desenvolve durante a época, em prejuízo da próxima.

Haverá alguma relação na escolha do basquetebol por parte das jovens tendo como motivo a transmissão pela televisão dos jogos da NBA?

Penso que não, porque antigamente havia mais transmissões de jogos do que atualmente. Mas, também é importante estar atento porque a obsessão pelo seu ídolo pode criar falsas expectativas e alguma frustração.

Quando preparas uma época defines objetivos ou vão sendo definidos com o decorrer dos jogos? 

Os objetivos são definidos no início da época, depois tens que construir uma equipa competitiva que permita passar as diferentes fases do campeonato com sucesso. O aumentar da fasquia implica sempre pôr em todos os jogos um grande querer vencer, muito empenhamento para que tal aconteça e jogar sempre melhor que os adversários. Nesse aspeto tenho tido sorte, porque tenho aumentado a fasquia todas as épocas e já vamos atraindo público aos pavilhões. 

O que faz com que uma jovem atleta seja potencial candidata a ter uma carreira interessante na modalidade?

Uma jovem pode tornar-se potencial candidata quando sobressai dos outros elementos da equipa, mas para que isso aconteça é necessário fazer uma avaliação muito rigorosa de determinados critérios com base nos fatores psicológicos, físicos e de coordenação. Durante o processo de formação há muitas potenciais candidatas que se perdem e aparecem outras que não se estava à espera, mas há que referenciar a interioridade como sendo ela um factor que pesa na escassez de atletas e de espaços de treino.

Qual o papel dos pais nos treinos e nos jogos?

O papel dos pais é muito importante. Tenho a sorte de ter um grupo de pais sempre disponíveis na distribuição de tarefas relacionadas com a logística inerente aos jogos e durante os jogos vibram bastante no apoio à equipa. 

Como são as condições de treino?

As condições de treino são muito boas, mas por vezes o improviso é fundamental. Existe apenas um espaço para treino, o piso não é dos melhores e as tabelas são poucas.

Conta um momento que te tenha marcado positivamente enquanto treinador? E negativamente?

O momento mais marcante da minha carreira enquanto treinador foi o ter vencido o Torneio Internacional do CAB – Madeira em femininos e sendo a primeira equipa do continente a vencer o mesmo. O ter perdido a final do campeonato distrital por 5 pontos marca de forma negativa a nossa prestação, mas não tenho nada apontar às minhas atletas porque elas tiveram uma entrega e dedicação total ao jogo.  

Qual o teu lema de vida?

Tudo é possível para aquele que se atreve. 

Carlos Serrano

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