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VN da Barquinha: Centro de Interpretação Templário de Almourol, único no país, já abriu portas

19/11/2018 às 00:00

Medalhões, moedas, esporas e diversos objetos em metal descobertos nas escavações de 1898 no castelo de Almourol integram a coleção do Centro de Interpretação Templário de Almourol (CITA), que foi inaugurado, ontem, ao início da tarde, em Vila Nova da Barquinha.

Manuel Gandra, nomeado Curador do Centro e da nova Biblioteca Templária, deixou aos presentes algumas revelações sobre os achados arqueológicos em exposição e sobre a Ordem dos Templários.

Em declarações à Antena Livre, o investigador referiu que “além de Tomar, Almourol perfila-se como o segundo lugar mais importante no mundo templário de Portugal” e justificou, dando conta que o castelo está “associado, definitivamente, a achados arqueológicos que revelam uma prática de cavalaria espiritual”. 

A coleção agora em exposição no CITA integra um "acervo único no país", em termos de história templária, e abrange ainda peças do espólio municipal, como uma espada, elmos, marcos templários, fatos de proteção em malha cota e réplicas de imagens originais em túmulos.

Para Manuel Gandra, “a partir do momento em que as peças foram expostas ”tornou-se“ evidente que Almourol é um espaço de espiritualidade templária fortíssima. Todas as peças, tudo o que são as medalhas e os elementos dos arreios de cavalos, etc, foi tudo encontrado em 1898 dentro do castelo e, desde então, nunca foram mostrados” o que agora “é algo extraordinário”.

“As medalhas estiveram escondidas durante tanto tempo o que mostra que havia uma forma de pensar distinta daquela ortodoxia religiosa que se impunha. Isto está expresso nas medalhas, como nos textos que vão até ao sec. XVII sobre as práticas dos Templários aqui em Almourol”, salientou o investigador.

Manuel Gandra, Fernando Freire e Pedro Machado 

Manuel Gandra considera que “os templários são um tema universal”. O objetivo é que o CITA “se transforme numa referência em termos de informação e da profundidade do estudo a realizar, não só em termos de Portugal, mas em termos universais. Em Portugal, é o único [centro de interpretação] do género”, fez notar.

Para a concretização do projeto, o Município de Vila Nova da Barquinha viu aprovada uma candidatura ao Programa Valorizar, Linha de Apoio à Valorização Turística do Interior do Turismo de Portugal, que tem por objetivo promover a contínua qualificação dos destinos com a valorização do património cultural e natural do país.

Com um investimento de 152 mil euros, O CITA foi financiado em 136 mil euros pelo Turismo do Centro. O seu presidente marcou presença na cerimónia, e em resposta à Antena Livre, sobre as mais valias turísticas do novo espaço, Pedro Machado falou de duas dimensões:

 “A primeira dimensão é o respeito pelo nosso legado histórico. A partir daí, conseguimos construir todo um texto de promoção de afirmação territorial nacional e até internacional partindo daquilo que mais procuramos que é a identidade local e a autenticidade local”, afirmou. 

“Segundo, este é um espaço de cidadania que para além do espaço de informação, de visitação, também é um espaço de formação para os nacionais e estrangeiros e isto assume aqui um papel particularmente relevante para nós Centro de Portugal”, acrescentou.

Pedro Machado lembrou que a zona centro do país é um destino onde a procura turística se associa ao “património e à cultura”, sendo “um dos nossos produtos mais maduros, um dos eixos em crescimento e uma forma de podermos promover a visitação”.

“Temos a possibilidade, através deste testemunho vivo da história, podermos ter um espaço de interpretação que nos permite que VN da Barquinha faça parte deste grande puzzle que é o turismo de Portugal”, vincou.

O CITA contou com a doação de Teresa Furtado, arquiteta, que entregou ao Município um conjunto de livros, publicações periódicas, folhetos, monografias, postais ilustrados, manuscritos, microfilmes, filmes, documentos vegetais, peças filatélicas, entre outros objetos.

Teresa Pinto Furtado 

Também o Regimento de Engenharia n° 1 doou, através de um protocolo, os vários objetos encontrados durante as escavações arqueológicas de 1898.

No seu discurso, Fernando Freire, presidente da Câmara Municipal, aproveitou a ocasião para agradecer a todas as entidades e personalidades que se associaram à dinamização do CITA, tendo referido que “Vila Nova da Barquinha tem na sua génese vestígios e o gosto pela coisa militar”.

De seguida, Fernando Freire referiu que a “Biblioteca e Arquivo ficarão abertos ao público e à disposição da investigação, da educação e contribuirão para o desenvolvimento científico e cultural da sociedade como um todo”. O presidente deixou o desafio para que outras personalidades “possam colocar as suas obras nesta Biblioteca/Arquivo para estas estarem disponíveis à consulta de todos quantos se interessam por estas temáticas”.

“Hoje inauguramos a obra e preservamos a memória da Ordem do templo e de Cristo”, salientou por fim o autarca, dando conta que em breve, irão surgir outras novidades sobre o tema.

O Centro de Interpretação Templário vai funcionar no piso 1 do Centro Cultural da localidade e contempla uma sala de exposição permanente, um espaço para mostras temporárias e uma sala de projeção de filmes sobre a temática dos Templários.

Além da inauguração do CITA, no domingo também se inaugurou a Biblioteca-Arquivo do Centro de Interpretação de Almourol, com acervo dos doadores da arquiteta Teresa Pinto Furtado e do professor Manuel J. Gandra. Um equipamento que visa "promover o acesso à informação necessária ao desempenho das funções de ensino, investigação, educação e extensão cultural da comunidade".

A cerimónia contou ainda com uma visita guiada e combates medievais no Castelo de Almourol, além da demonstração de armas medievais, conferências e momentos musicais.

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