A fatura ambiente de Abrantes vai baixar em 2026. A Câmara de Abrantes aprovou esta segunda-feira, por unanimidade, a redução das tarifas da água e dos resíduos sólidos urbanos para 2026. Trata-se de uma medida que o presidente do município classificou como “verdadeiro apoio às famílias” e à competitividade do concelho. Manuel Jorge Valamatos já tinha anunciado, em parte, esta intenção quando, há uma semana, apresentou para 2026 a mesma política fiscal que correu o ano de 2025. Na altura, quando criticado pela oposição de não haver mexidas, principalmente, no IMI Valamatos disse querer mexer na fatura ambiente, porque é que chega efetivamente a todas as famílias.
A proposta apresentada foi votada por unanimidade pelos eleitos da maioria socialista, pelos vereadores da coligação AD (PSD/CDS-PP) e pelo vereador do Chega.
A tarifa para 2026 prevê uma diminuição da chamada fatura ambiente para cerca de 91% dos clientes dos Serviços Municipalizados de Abrantes (SMA), abrangendo sobretudo consumidores domésticos, instituições particulares de solidariedade social (IPSS) e entidades sem fins lucrativos.
“Hoje é um dia diferente e importante, porque não vamos subir tarifas, pelo contrário, vamos baixar a fatura ambiente”, afirmou Manuel Jorge Valamatos tendo feito notar que esta decisão representa “a forma mais justa de ajudar as famílias” num contexto de aumento generalizado dos custos de vida.
No conjunto das três tarifas que compõem a fatura ambiente apenas o saneamento tem um ajuste, em subida das tarifas, por estar previsto no contrato de concessão. Neste setor saneamento haverá uma atualização das tarifas variáveis e fixas de acordo com o contrato de concessão com a Abrantáqua, em 5,4% e 2,4%, respetivamente.
Ainda assim, o município assegura que o somatório das três componentes resulta numa descida global da fatura ambiente em 2026, sem comprometer a qualidade do serviço prestado nem colocar em causa os investimentos previstos.
Segundo Manuel Jorge Valamatos, para um consumo de referência de 10 metros cúbicos, a fatura mensal será reduzida em cerca de 65 cêntimos face a 2025, o que poderá traduzir-se numa poupança anual mínima de 10 euros por agregado, dependendo, naturalmente, dos consumos.
O autarca destacou ainda que a medida impacta diretamente no “bolso” das pessoas, e que a descida é apresentada fora do período eleitoral para evitar a classificação como medida eleitoralista.
Mesmo assim o autarca destacou que na água, continuam a ser feitos investimentos no reforço e melhoria das redes, com recurso a financiamentos para evitar impactos diretos nas faturas.
Manuel Jorge Valamatos, presidente CM Abrantes

Já nos resíduos vincou a necessidade da Câmara Municipal apoiar os SMA porquanto neste setor a despesa continua a aumentar, e muito. O valor da deposição de resíduos no Aterro da Valnor, em Avis) subiu de 52 euros por tonelada em 2024, para 83 euros (2025) e 87 euros (2026). Já a Taxa de Gestão de Resíduos, definida pela ERSAR (Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos) também disparou. Em 2020 o Município de Abrantes pagava 130 mil euros e em 2026 vai pagar 360 mil euros.
Quando questionado sobre o custo da recolha e tratamento do lixo, o autarca reforçou depois o custo derivado à dimensão do concelho (714 km²), uma densidade populacional de 50 habitantes por km² (no Médio Tejo é de 192 habitantes por km²), e a necessidade de ter oito a nove equipas de recolha dos resíduos Por isso apontou a reciclagem como a única forma de contrariar esta tendência.
A população tem que fazer mais reciclagem e utilizar da forma correta os contentores. Por exemplo, depositar nos contentores castanhos os biorresíduos. É que basta colocar um saco, mesmo que com pouco lixo, nestes contentores para inutilizar o trabalho de outras pessoas que fazem os depósitos da forma correta.
Manuel Jorge Valamatos deu outro exemplo, com os monos ou monstros domésticos. Há um serviço gratuito e, mesmo assim, continuam a ser depositadas estruturas de maior dimensão junto aos contentores do lixo,
Manuel Jorge Valamatos, presidente CM Abrantes

A proposta aprovada esta segunda-feira mantém ainda os tarifários sociais, com uma redução de 43% para agregados com rendimento per capita inferior a 50% do salário mínimo nacional, e descontos de 5% para famílias numerosas, sendo estas reduções cumulativas com a descida geral da fatura ambiente.
Recorde-se que o orçamento e plano de atividades dos Serviços Municipalizados de Abrantes terão o maior valor da sua história, 10,43 milhões de euros, mais 18% do que em 2025, um aumento impulsionado sobretudo por subsídios do Portugal 2030 (fundos comunitários) para investimentos na remodelação da rede de água da Barrada e do Pego.
O município prevê iniciar em 2026 um “ciclo de forte investimento” no abastecimento de água, incluindo a requalificação de redes, reservatórios e estações de tratamento, a ampliação da telegestão e ações de eficiência energética, garantindo simultaneamente a redução das tarifas aos consumidores.