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Mouriscas: EPDRA integra rede de Proteção a Equídeos em Risco (c/áudio)

18/11/2025 às 16:46

A Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Abrantes (EPDRA) passou a integrar o Programa Nacional de Proteção a Equídeos em Risco, após celebrar o protocolo com outras duas instituições, a Provedoria do Animal e a Direção-geral de Alimentação e Veterinária.

O acordo, assinado esta segunda-feira, 17 de novembro, já esteve agendado para o início do ano, mas a queda do Governo, na altura, fez adiar data.

Susana Guedes Pombo, diretora-geral de Alimentação e Veterinária, indicou que é a primeira vez que se está a fazer esta rede de colaboração e quando se envolve o ensino ainda mais importante. A responsável agradeceu à escola que desde a primeira hora aderiu e manifestou o desejo que este acordo se possa replicar porque existem em Portugal muitos animais com vulnerabilidade.

A diretora-geral disse que os animais, quando são sinalizados por más condições dos locais ou outros, alvo de maus-tratos têm primeiro de ver instaurados contraordenações ou ações judiciais para poderem ser recolhidos e poderem entrar nesta rede. É que não é de qualquer forma que entregam os animais na escola. Até porque há um envolvimento do ensino superior, nomeadamente das turmas de Medicina Veterinária da Lusófona.

Susana Guedes Pombo disse que não há ideia do número de animais, equídeos, que precisam deste tipo de serviço, porque normalmente quando se fala em maus tratos, fala-se mais em animais de companhia.

 

Susana Guedes Pombo, DGAV

Laurentina Pedroso, provedora Animais, representa a outra das partes envolvida neste acordo. A, também docente na Universidade Lusófona, explicou o funcionamento do acordo, pioneiro no país, mas também fora dele.

Os animais serão tratados, em caso de necessidade, e acompanhados por alunos do curo de veterinária da Lusófona, e só depois são “entregues” à escola.

O acolhimento pode ser temporário, de acordo com casa caso, mas podem até ser de caráter definitivo.

 

Laurentina Pedroso, provedora Animais

Marly Serras, diretora da EPDRA começou por referir os alunos. “Para os alunos é uma maneira deles, logo ao cuidarem dos animais, mostrar empatia pelo.” Isto porque a escola vai receber animais com problemas, o que acarreta um bocadinho mais essa necessidade de aprendizagem ou esses ensinamentos que os alunos têm de ganhar. E depois acabam por adquirir competências.

Os animais “virão com alguns problemas de saúde, mas acompanhados pelo hospital de Santo Estevão e pelos alunos da Universidade Lusófona, das Ciências Agrárias, com já temos uma parceria há vários anos. Eles vêm aqui ter aulas práticas, irão ajudar também os nossos alunos a adquirirem competências em como cuidar destes animais com dificuldades e com fragilidades.”

Marly Serras indicou que esta é uma resposta para o país e uma nova oportunidade porque isto é um projeto inovador, é a primeira vez que está a acontecer em Portugal, com equídeos.

A diretora confirmou que tem boxes, mas nunca “poderemos ir além dos cinco ou seis de cada vez, porque depois também é complicado.”

Este é um problema do país, não de uma ou outra reunião, mas a diretora da EPDRA revelou ter a noção da situação real. “Nunca pensámos que houvesse pessoas que abandonassem os animais e que maltratassem os animais. Por isso, isto é uma realidade que nós não conhecíamos. Sabíamos dos cães, dos gatos, mas nunca são animais de grande porte, no caso os cavalos.”

Os alunos ficaram satisfeitos ao saber deste acordo. “É um enriquecimento do seu percurso. Isto não é para virem cá bater à porta e colocar aqui cavalos, têm que ser sinalizados e virem através das instituições.”

 

Marly Serras, diretora EPDRA

Mas este não é um hotel, os animais quando entram têm que passar sempre por um processo, é sinalizado, é verificado, a parte médica, a parte veterinária e só depois é que entram na escola.

Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara de Abrantes, esteve presente na sessão e vincou que “estar aqui também a conviver convosco na assinatura deste protocolo, é um bocadinho depositar confiança em todos vós, nos alunos, preferencialmente, mas também nos professores.”

Depois apontou à necessidade de cuidar dos animais: “Porque é de grande sensibilidade aquilo que se está aqui a fazer, porque, no fundo ouvimos muitas vezes dizer que quem trata bem dos animais são cidades, são países evoluídos”
Manuel Jorge Valamatos sublinhou ainda a importância que os alunos de hoje percebam que “já saíram daqui muitos colegas vossos que são pessoas que têm um trabalho e têm uma afirmação profissional muito relevante no nosso contexto nacional e até internacional.”

 

Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara de Abrantes

 

O protocolo de colaboração foi assinado entre a EPDRA, DGAV e Provedoria do Animal.

 

A agricultura é um setor com futuro - secretário de Estado

“Relativamente ao futuro da agricultura, e nós precisamos mesmo que haja muitos e bons alunos a frequentarem estes estabelecimentos de ensino, e para inverter aquilo que estava a acontecer. Há dias estive no Instituto Superior de Agronomia em Lisboa e houve cursos que não abriram. Sabem porquê? Não tinham alunos.”

E depois frisou que na alimentação, havendo lugar para todas as opiniões, não devemos deixar de lado a dieta mediterrânica e o consumo de carne. E aqui frisou que não são as pecuárias que estão a prejudicar a camada de ozono. “Eu não sou nada contra aqueles que têm opções específicas alimentares, até respeito muito, mas têm que respeitar os outros que são os considerados normais. Nós não temos que voltar a ser considerados os anormais porque estamos de carne. Desculpem lá.”

E nesta ligação ao mundo rural não se esqueceu da paisagem do interior do país. “Nós sabemos que se o nosso país estivesse com a nossa paisagem, com mais pastores, com mais rebanhos, com mais agricultura extensiva, a nossa carga combustível tinha consumo, porque eram os animais que o consumiam, e não passávamos por este flagelo habitual, que são os incêndios florestais todos os anos. E, isto comprova que o extensivo e os animais que ali pastam são uma mais-valia até para os créditos de carbono, ao contrário do que alguma imprensa andou por aí a contaminar.”

João Moura não se esqueceu do cavalo lusitano. “O ano que passou, num estudo que foi feito em Alter do Chão, em cooperação com a nossa Coudelaria Nacional, a mais antiga do mundo, traduziu-se para a economia portuguesa, 2,7 mil milhões de euros à área dos cavalos em Portugal. É um valor incrível. Que até os portugueses não têm muita ideia daquilo que está aqui patente, no retorno que isto pode ser para Portugal.”

Aludiu depois à Feira Nacional do Cavalo que terminou no fim de semana, na Golegã: “Esta semana transacionaram-se cavalos na Golegã, alguns, em valores acima de 500 e acima de um milhão de euros, por animal. Nem todos podem ser o nosso Rubi, que está lá no Luxemburgo e que foi vendido por 1 milhão e 200 mil euros.”

O governante referiu-se à excelência de produtos nacionais: “O nosso vinho, o nosso azeite, os nossos queijos, os nossos derivados do porco, as nossas frutas do Oeste, os nossos frutos vermelhos da costa alentejana, etc., etc., etc., as nossas raças autóctones de bovinos, que hoje são vendidos a preços incríveis, mas infelizmente em restaurantes lá fora.”

João Moura, secretário de Estado da Agricultura

De acordo com o que a Antena Livre apurou já há um animal, no concelho da Amadora, sinalizado e que pode vir a ser o primeiro a entrar na EPDRA ao abrigo deste protocolo.

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