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Abrantes: ULS Médio Tejo confirma «situação de tensão» no Hospital, sem «feridos ou danos físicos»

15/10/2025 às 11:08

Um utente que esteve no passado sábado, dia 11 de outubro, no Hospital de Abrantes, denunciou o que disse ser “uma situação extremamente grave”, ocorrida nas instalações da unidade hospitalar.

Deu conta de que, “na sequência de um acidente de viação ocorrido num carro de alta cilindrada que circulava a uma velocidade permitida acima da lei na região de Abrantes, um grupo de mais de 50 indivíduos da comunidade cigana invadiu o Serviço de Urgência do hospital, transportando uma vítima que, segundo informação médica, já se encontrava sem vida”. O utente, “testemunha direta de todos os acontecimentos”, disse ainda que, “apesar dessa circunstância, o grupo forçou a entrada na sala de reanimação, exigindo que os profissionais de saúde tentassem reanimar o indivíduo. Durante o incidente, vários seguranças e profissionais de saúde foram agredidos, tendo alguns necessitado de cuidados médicos”.

O mesmo utente, devidamente identificado mas que vamos manter no anonimato, afirmou que “a PSP de Abrantes foi obrigada a solicitar reforços, tendo sido mobilizadas viaturas do Corpo de Intervenção vindas de Lisboa. A situação só foi controlada após uma intervenção policial de grande dimensão”.

A Antena Livre questionou o Conselho de Administração (CA) da Unidade Local de Saúde (ULS) Médio Tejo sobre a situação e as denúncias em causa, tendo o órgão confirmado que “ocorreu uma situação de tensão durante o fim de semana associada à chegada de uma vítima de acidente rodoviário grave, sem a intervenção das equipas de emergência pré-hospitalar. Deste evento, causado por uma situação de óbito irreversível, não resultaram feridos ou danos físicos a profissionais de saúde, sendo os danos materiais muito limitados”.

Na nota de esclarecimento o CA da ULS Médio Tejo explica ainda que “a situação em causa foi acompanhada presencialmente desde o primeiro momento pelo Conselho de Administração da ULS Médio Tejo, em contacto permanente com o diretor do Serviço de Urgência do Hospital de Abrantes, bem como com as forças de segurança pública e com os serviços de segurança interna da instituição”. Acrescenta que “a intervenção das autoridades foi imediata e decisiva para restabelecer a normalidade, garantindo desde segurança de utentes, profissionais e instalações”, pois “todos os elementos envolvidos acataram as instruções transmitidas pelas forças de segurança pública, que permaneceram no local até à completa resolução da situação. Importa ainda sublinhar que, até ao momento, não foi apresentada qualquer queixa formal por parte de utentes ou profissionais de saúde relativamente a este episódio”.

O utente que contactou a Antena Livre referiu que “enquanto o corpo da vítima não foi libertado, cerca de 200 pessoas da mesma comunidade permaneceram no exterior do hospital. Graças à atuação da PSP, foi possível manter o grupo afastado das instalações hospitalares, contudo permaneceram no parque de estacionamento destinado aos profissionais de saúde. Muitos trabalhadores relataram medo e insegurança ao terminarem os seus turnos, uma vez que tiveram de se dirigir aos seus carros passando junto a dezenas de pessoas do grupo, sendo alguns até abordados e questionados sobre o estado da situação e a libertação do corpo”.

Certo é que, nos dias seguintes, entre domingo e terça-feira, podiam ser vistas centenas de pessoas nos parques de estacionamento nas imediações do hospital. Sucederam-se nas redes sociais inúmeras queixas pela insegurança sentida e também pelo lixo deixado nos locais.

A testemunha dos acontecimentos disse lamentar “profundamente que a administração da ULS Médio Tejo não tenha comparecido no hospital após os acontecimentos, nem tenha dirigido qualquer palavra de solidariedade ou apoio aos profissionais agredidos e expostos a tamanha situação de tensão e violência”.

Já a ULS refere que “o Conselho de Administração está a adotar todas as medidas decorrentes deste tipo de ocorrência, em articulação com os serviços internos competentes e as entidades de segurança, de forma a garantir o permanente reforço das condições de segurança e apoio aos profissionais. Contudo, lembra que “o dia a dia de um Serviço de Urgência Médico-Cirúrgica é, por natureza, marcado por episódios de grande tensão emocional e humana, resultantes da gravidade das situações clínicas que ali chegam. Os profissionais da ULS Médio Tejo estão preparados e formados para atuar com serenidade e competência, em estreita articulação com as forças de segurança”.

A administração da ULS Médio Tejo “manifesta a sua solidariedade para com todos os profissionais que se encontravam em funções e reconhece o empenho demonstrado em assegurar a continuidade dos cuidados num contexto particularmente exigente”.

A Antena Livre confirmou que o Corpo de Intervenção da PSP foi acionado no dia 11, face ao número elevado de cidadãos, mas regressou nessa mesma noite a Lisboa. Desde essa altura passaram a ser os agentes da PSP da esquadra de Abrantes a gerir a situação.

Uma das queixas apontadas a esta situação anómala foi a quantidade de lixo deixada pelo estacionamento e espaços verdes da unidade hospitalar.

A Antena Livre contactou Bruno Tomás, presidente da União de Freguesias de Abrantes e Alferrarede, que confirmou ter conhecimento que, desde domingo, um aglomerado de indivíduos de etnia cigana esteve nas proximidades do hospital e que, face à quantidade de lixo deixado no chão, a Junta de Freguesia articulou com o Município de Abrantes a limpeza da mesma. Bruno Tomás indicou ainda que face à presença prolongada, a Junta de Freguesia deixou sacos de lixo espalhados pelo espaço da ULS do Médio Tejo.

Esta manhã, quarta-feira, já sem a presença dos indivíduos, uma equipa da Junta de freguesia foi limpar o espaço e registou haver menos lixo no chão em relação a dias anteriores, estando os sacos ali deixados, cheios.

 

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