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ADIRN: ADIRN organizou Oficinas da Terra “Da Serra ao Rio"

11/05/2021 às 15:29

Nos dias 7 e 8 de Maio, a ADIRN em parceria com o Município de Torres Novas e agentes locais do concelho, organizaram a “Oficinas da Terra” no âmbito da dinamização dos eventos "Da Serra ao Rio” a decorrer nos meses de Maio e Junho no concelho de Torres Novas. Esta primeira iniciativa decorreu em Riachos e visou o debate sobre a agricultura como sector de desenvolvimento da região e a promoção de produtos de turismo rural, cultural, gastronómico e vinhos.

Este evento iniciou-se com a “Oficina de Agricultura e Desenvolvimento Rural” no Auditório do Museu Agrícola de Riachos, através da discussão de diversas temáticas, nomeadamente associadas às práticas agrícolas tradicionais, alimentação saudável, tradições e cultura como produtos turísticos. Presidiram à mesa redonda o presidente do Município de Torres Novas, Pedro Ferreira, o presidente da Junta de Freguesia dos Riachos, José Júlio, o diretor do Museu Agrícola dos Riachos, Luís Mota Figueira, o coordenador da ADIRN, Jorge Rodrigues e o presidente da ONGATEJO, Mário Antunes.

Luís Mota Figueira iniciou o debate com a enumeração das temáticas a abordar, a primeira questão a debater incidiu no “que é que a agricultura de hoje tem a ver com as heranças culturais dos museus?", seguindo-se da reflexão acerca do “que nós temos a ver com o território, o desenvolvimento integrado e o papel da agricultura nos segmentos convencionais mais tradicionais” finalizando-se com o "quadro da agricultura contemporânea".

Juntaram-se à conversa três empresários agrícolas Bernardo Spínola, da empresa Fazendas — Organic Farming, António e Carlos Graça, da Agro — Graça (pai e filho). Bernardo Spínola mencionou que “a agricultura não é um negócio de milhões, apesar do saldo ser positivo a única hipótese é apostarmos numa vantagem competitiva” reforçando que faz agricultura biológica e regenerativa não usando plásticos inclusive “utilizamos as ervas daninhas para fomentar a biodiversidade”.

Mário Antunes desafia os empresários agrícolas presentes a falar das experiências e expectativas indicando que “não há mundo rural sem agricultura, pois a agricultura é o pilar económico do mundo rural". Os empreendedores concordaram que a agricultura está a mudar, é difícil e cada vez mais exigente, com grandes custos e pouco lucro. Os novos modelos de intervenção na terra, como a agricultura regenerativa, ainda poucas expressões têm na região e estão demasiado longe dos métodos de trabalho de quem já trabalha no setor há gerações.

A família Graça, com uma empresa instalada há 50 anos em Riachos, Torres Novas, não traçou um cenário tão reluzente apesar de elogiar a iniciativa e os novos modelos seguidos por Bernardo Spínola. Carlos Graça refere que dificilmente as empresas já instaladas no mercado vão trocar o modelo de agricultura intensiva por outras práticas ainda que mais sustentáveis, pois o conceito é o lucro e terão que existir outras transformações para que esse caminho seja feito.

Esteve também presente nesta sessão, José Luís Jacinto, presidente do Conselho de Administração da Caixa de Crédito Agrícola do Ribatejo Norte, indicando que são muitos os casos de insucesso de empreendedores agrícolas que vêm das cidades. Acrescentou ainda que “muita gente estragou a vida com dívidas nesse sonho”, dado que “a agricultura é algo de difícil retorno” e “chegar ao mercado é difícil”, colmatando que “ser agricultor será sempre ser resiliente”.

Também presente, a presidente da Federação Minha Terra, Ana Paula Xavier, mencionou a importância das associações de desenvolvimento para o território, a proximidade e conhecimento dos problemas associados a esta envolvente. Defendeu ainda que é importante apostar numa estratégia de desenvolvimento com base numa parceria local, na comunidade local e na área de intervenção.

Encerrou este debate o presidente do Município de Torres Novas, Pedro Ferreira, agradecendo as intervenções de todos os participantes, indicando que a ADIRN e FMT enfrentam uma luta “pacifica", defendendo todos os dias o trabalho desenvolvido pelas ADL’s em prol do desenvolvimento dos territórios e dos agentes locais. Indicou ainda que vale a pena apostar na agricultura, e que os empresários agrícolas ali presentes são prova disso. No seguimento do debate, os cerca de 40 participantes na sessão foram convidados a participar num jantar tradicional no “Picadeirinho”, com momentos musicais promovidos pela anfitriã, a fadista Teresa Tapadas.

O primeiro fim de semana deste evento terminou no dia 8 de Maio, com a “Oficina da Alimentação Saudável”, “Oficina do Pão em Forno a Lenha” e “Oficina de Harmonização de Vinhos". Durante a tarde foram realizadas visitas à Adega “Zé da Leonor", à Quinta de S. João Batista e à Reserva Natural do Paul do Boquilobo.

Estas visitas, bem como as restantes iniciativas associadas à “Oficina da Terra”, visaram dar a conhecer as potencialidades do concelho, com vista à estruturação de produtos turísticos de promoção deste território.

Este evento, considerado como uma iniciativa exemplar de articulação entre os agentes locais no âmbito do desenvolvimento do território, foi possível tendo em conta a total colaboração e disponibilidade dos parceiros locais intervenientes, nomeadamente: Museu Agrícola dos Riachos, Núcleo de Arte dos Riachos, Associação “Bênção do Gado”, Reserva Natural do Paul do Boquilobo, Ongatejo, Teresa Tapadas, Sociedade Agrícola Rebelo Lopes - Vinhos “Zé da LeonoŁ’, Adega M. Cordeiro — Vinhos “Casal Galego”, Enoport — Vinhos “Quinta S. João Baptista", Magda Borges “Personal Food Trained'.

O próximo evento, denominado “Oficinas da Natureza”, realizar-se-á no fim de semana de 21 a 23 de Maio, no Museu Agrícola dos Riachos, Biblioteca Municipal de Torres Novas e Reserva Natural do Paul do Boquilobo. No entanto atendendo à situação pandémica atual, as inscrições são limitadas, contando com um número máximo de participantes, para que sejam garantidas todas as regras de segurança da DGS.

Fotos: ADIRN

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