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Médio Tejo: Assembleia Intermunicipal questiona integração de Ourém na ULS de Leiria

12/05/2023 às 14:59

A Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT) foi interpelada, na quinta-feira, a questionar, com “caráter de urgência”, por que razão o concelho de Ourém vai integrar a Unidade Local de Saúde (ULS) de Leiria e não a do Médio Tejo.

O requerimento foi entregue na reunião extraordinária da Assembleia Intermunicipal do Médio Tejo, que se realizou na quinta-feira à noite, em Tomar, destinada à “apresentação e informação dos pressupostos para a criação de uma Unidade Local de Saúde (ULS) no Médio Tejo”.

O eleito da Assembleia Municipal de Ourém Nuno Batista apresentou um requerimento à Mesa da Assembleia, com “caráter de urgência”, no sentido de serem questionadas quais as razões que estiveram na base da decisão, quem a tomou e se ela é definitiva, pedindo que sejam feitos “todos os esforços para que seja revertida”.

O deputado lembrou que a ULS de Leiria irá servir uma população de 400.000 pessoas, enquanto a previsão para o Médio Tejo é de 240.000 pessoas, salientando que este é um dos critérios para o financiamento destas estruturas.

Nuno Batista questionou quais as implicações da adesão de Ourém, o mais populoso concelho do Médio Tejo, à ULS de Leiria, concluindo que, no imediato, a saída de quatro dos cinco médicos da Unidade de Saúde Familiar (USF), sendo que a quinta se encontra em licença de maternidade, vai levar a que 30.000 pessoas fiquem sem médico de família.

A coordenadora do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Médio Tejo, Diana Leiria, confirmou ter recebido pedidos de mobilidade dos médicos da USF de Ourém para a ULS do Médio Tejo, em fase de criação, “relacionados com a vida familiar dos próprios”.

Diana Leiria, que respondia à interpelação feita por vários eleitos, adiantou que os serviços vão tentar que as saídas coincidam com os concursos que estão a decorrer, lembrando que, para Ourém, abriram 10 vagas com incentivos do Serviço Nacional de Saúde para a atração e fixação de médicos.

Na apresentação da ULS Médio Tejo, o presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT), Casimiro Ramos, afirmou que, na sequência da deliberação da direção executiva do SNS no dia 21 de abril, foi criado o grupo de trabalho que está, neste momento, a trabalhar no diagnóstico para a elaboração do plano de negócios desta estrutura.

A ULS Médio Tejo integrará 11 concelhos, sendo que Ourém, sobre cujo processo disse não ter sido informado, não pertencerá a esta estrutura e Vila de Rei (que seria abrangida pela ULS de Castelo Branco) entra “por vontade própria”.

Casimiro Ramos afirmou que se realizou esta semana uma reunião com profissionais de saúde do CHMT e do ACES, na qual participaram 154 pessoas, às quais foram pedidos contributos, apelando igualmente à participação dos eleitos municipais.

Contudo, o prazo curto apontado – entrega de propostas e sugestões até segunda-feira – foi alvo de críticas.

Vários eleitos criticaram, ainda, a escassa informação prestada na reunião, a qual, afirmaram, se limitou a apresentar “princípios genéricos”.

Casimiro Ramos afirmou que o grupo de trabalho que está a trabalhar no plano de negócios da ULS, a concluir num prazo de 10 semanas (até 26 de junho), é constituído exclusivamente por profissionais do CHMT e do ACES, “técnicos de excecional qualidade” que não estão a ser remunerados, esforço que merece “apreço” e “devia ser motivo de orgulho”.

Afirmando que muito do trabalho de diagnóstico está feito, o presidente do CHMT disse que não seria ético estar a apresentar informação que tem primeiro de ser entregue à tutela e salientou que o pedido de contributos surge por iniciativa do grupo de trabalho.

Casimiro Ramos afirmou que a criação da ULS, que passará a integrar cuidados primários e hospitalares sob uma única direção, “não vai mudar tudo”, continuando os médicos “nos seus lugares”, sendo essencialmente uma “mudança estrutural organizativa”.

Para o administrador, “o cerne da questão” dos cuidados de saúde está num “desajustamento” entre os recursos humanos e a procura e na questão das carreiras, a qual está em negociação entre sindicatos, Ordem e Governo.

“Não é a ULS que vai resolver isso”, declarou.

Como vantagens da nova estrutura apontou a celeridade nas contratações, os processos clínicos dos utentes integrados, tal como os sistemas informáticos, ferramenta que considerou fundamental para a tomada de decisão.

Apontou, ainda, a comodidade para os doentes, de que deu exemplo as recolhas para análises passarem a ser feitas nos centros de saúde e encaminhadas para os laboratórios hospitalares, ou o reforço da telemedicina, com possibilidade de um doente observado no centro de saúde poder ser visualizado ao mesmo tempo na urgência do hospital.

Diana Leiria disse ver a criação da ULS como “uma oportunidade de melhoria”, salientando, nomeadamente, a celeridade na contratação das Entidades Públicas Empresariais (EPE) que, neste momento, não existe nos cuidados primários.

Segundo a coordenadora do ACES Médio Tejo, nesta região faltam atualmente 30 médicos de Medicina Geral e Familiar, não havendo a certeza de que o problema fique resolvido no concurso que está a decorrer, salientando que a grande dificuldade está na atração e fixação de profissionais jovens.

“Talvez neste modelo das ULS se consigam ter equipas mais próximas, com projetos conjuntos, que tornem o trabalho no Serviço Nacional de Saúde mais aliciante”, declarou.

Lusa

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