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Abrantes: Menino nasce em ambulância na A23

25/05/2020 às 00:00
DR Antena Livre

Foi uma normal chamada via CODU -  Centro de Orientação de Doentes Urgentes, às 6:10 horas desta segunda-feira. A saída era para socorrer uma mulher de 31 anos que estava em trabalho de parto em Mouriscas, no concelho de Abrantes.

“Quando chegámos, a senhora estava à porta de casa, mas devido à Covid-19, há certos procedimentos que têm de ser feitos”, conta Paulo Dinis da Corporação dos Bombeiros Voluntários de Abrantes e que acorreu à chamada. “Eu era o socorrista, já ia equipado e tratámos do procedimento como medição da temperatura, verificação de sinais e sintomas. Colocámos a senhora na nossa maca na ambulância para podermos fazer uma avaliação mais aprofundada”.

Segundo o que a paciente relatou, “desde as três da manhã que estava a sentir algumas contrações mas que iam passando. Quando cheguei, ela não estava com contrações. Não havia qualquer sinal ou sintoma a nível do parto e seguimos para o Hospital de Torres Novas”, pois é nessa unidade hospitalar que se encontra, neste momento, a maternidade/obstetrícia do Centro Hospitalar.

E tratar-se-ia de mais uma saída “absolutamente normal” no dia-a-dia de um socorrista.

Mas a vida nem sempre acontece como planeamos e gosta de pregar surpresas. Desta vez, uma boa surpresa.

Era o quarto filho do casal e “sabemos que o parto do quarto filho é sempre muito mais rápido”, conta Paulo Dinis, explicando, no entanto, que “estava tudo normal, não havia rompimento de bolsa nem nada. O único sinal é que a senhora estava com 39 semanas e 4 dias e com algumas contrações”.

Poucos quilómetros tinham feito pois logo que entraram na A23, “a senhora começou a queixar-se de algumas contrações mas estavam afastadas. Só que as contrações começaram a ficar muito perto e eu decidi fazer uma avaliação mais profunda pois a senhora disse que estava a sentir contrações com muito mais dor. Para tal, pedi ao meu colega, Diogo Miguéns, que parasse para ter mais condições de segurança”.

“Quando iniciámos a marcha já tinha tudo preparado para a eventualidade de acontecer o parto pelo caminho. As nossas ambulâncias estão equipadas com dois kit’s de parto e um já estava pronto. Mas não havia nada, nem rebentamentos de águas”, diz Paulo Dinis.

No entanto, a surpresa estava prestes a chegar. “Foi tudo muito rápido. Estávamos para iniciar a marcha quando a senhora começa a gritar e a dizer que a criança vai nascer. Eu vou ver novamente, já vejo parte da bolsa a aparecer e esta rebenta de imediato. Não chegou a 30 segundos para o parto começar. Iniciámos de imediato os procedimentos e pedimos apoio referenciado ao CODU que enviou a SIV (Ambulâncias de Suporte Imediato de Vida) de Torres Novas”.

O encontro com a SIV foi feito na A23 junto do nó de Atalaia, “já depois do nascimento, após a limpeza da criança e do corte do cordão umbilical”. A criança é um menino, que até já tem nome mas “no meio de toda a situação, nem me consigo recordar”, confessa Paulo Dinis.

A Antena Livre sabe já que o menino nasceu às 6:45 horas, na entrada da A23 perto de Mouriscas, pesa 3,470 quilos, é o quarto filho e o parto ocorreu sem dores.

(Paulo Dinis)

(Diogo Miguéns) 

Paulo Dinis conta-nos que este não foi o seu primeiro parto. “Já fiz alguns partos mas todos eles em casa. Este foi o primeiro dentro da ambulância mas todos nós estamos preparados desde que a situação seja normal, sem riscos ou perigos” para a parturiente. Diz-nos o bombeiro de Abrantes que “basta termos um pouco de calma”, apesar de “dentro de uma ambulância o espaço é mais reduzido”.

Mesmo não sendo uma situação nova para Paulo Dinis, o socorrista conta que estão sempre preparados. “Mesmo na formação básica de socorrismo, existe formação para partos mas é claro que estamos a falar de formação teórica, apesar de termos mesmo um kit de partos para simular o nascimento mas ao vivo é totalmente diferente”.

Nesta situação particular em que vivemos uma pandemia, os cuidados a ter são muitos. Paulo Dinis acompanhou a parturiente até ao serviço de Maternidade e Obstetrícia do Hospital de Torres Novas e ficou com o contacto pois como “a senhora não tinha feito o teste da covid-19 e eu estive em contacto com ela e com os fluídos corporais que saíram…” Os procedimentos e a segurança assim o obrigam mas, para além dessa questãpo, Paulo Dinis ainda quer voltar a falar hoje com a “mãe” e “dar-lhe novamente os parabéns”.

Quanto ao pai, como neste momento não pode fazer o acompanhamento na ambulância nem estar em contacto com a esposa ou a criança, optou por permanecer na residência do casal.

Manhã agitada na A23 mas com um final feliz.

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