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Abrantes: Patronato Santa Isabel fecha portas (C/ÁUDIO)

8/07/2020 às 00:00

O Patronato Santa Isabel, valência de lar de infância e juventude da Santa Casa da Misericórdia de Abrantes está praticamente de portas fechadas. E desta vez é em definitivo. De acordo com informações que o Jornal de Abrantes conseguiu saber, há várias semanas que a instituição estava a tratar do processo com a Segurança Social, no sentido de recolocar as jovens que aqui estavam institucionalizadas.

O processo está em curso, sem retorno possível, confirmou o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Abrantes, Alberto Margarido, que adiantou que a colocação das raparigas que tinham na instituição já está a ser feita por parte da Segurança Social.

Alberto Margarido explicou ao Jornal de Abrantes que o problema, desta vez, não foi financeiro. Havia em torno nas raparigas muitos problemas associados que não conseguiam resolver. Entre conflitualidade entre elas, o que levou a que, diversas vezes, a PSP tivesse de se deslocar à instituição, passando pela rebeldia e pela “fuga” às ordens de confinamento, por exemplo, foi um acumular de situações que não deu descanso.

Alberto Margarido, provedor da Misericórdia de Abrantes

O provedor da Santa Casa da Misericórdia disse que num dos casos até ia sendo provocado um incêndio dentro das instalações por estarem a fumar lá dentro. “Pelo menos conseguiram mandar o colchão, que estava a arder, pela janela, para o pátio traseiro”, disse o responsável adiantando que as meninas precisam de outras soluções que o Patronato não consegue oferecer. Sendo assim, a opção foi a de contactar com a Segurança Social e decidir pelo encerramento do Lar de Infância e Juventude. O Jornal de Abrantes sabe que a decisão já foi tomada há mais de dois meses e que o processo de recolocação das meninas que ali viviam está a decorrer, pelo menos, há três semanas.

Recorde-se que já em 2001 o encerramento do lar de infância e juventude esteve em cima da mesa na Santa Casa da Misericórdia de Abrantes, mas nesta altura devido a problemas financeiros. A instituição tinha uma estrutura de custos que era o dobro das receitas« provenientes da Segurança Social. Como era um problema financeiro, acabou por ser ultrapassado e a valência continuou a acolher raparigas institucionalizadas.

Em maio de 2011 a instituição tinha um passivo acumulado de 600 mil euros. Na altura acolhia 18 adolescentes em regime de internato e estava na eminência de fechar portas. Hoje o encerramento faz-se por outros motivos. Alberto Margarido lamentou esta decisão, mas as meninas que ali estavam a viver necessitavam de outro tipo de instituição que não o serviço que era prestado.

Quando às nove funcionárias, há a intenção de serem “absorvidas” pelo quadro de pessoal da Santa Casa da Misericórdia de Abrantes, mas ao que se sabe haverá acordos individuais uma vez que, adianta o provedor, se quiserem terão lugar garantido. Falta, portanto, a burocracia junto da Segurança Social, sendo certo que falta apenas colocar duas jovens noutras instituições o que acontecerá nos primeiros dias de julho.

Quanto às instalações do lar, junto à Igreja de S. João, sendo um edifício antigo, tem sofrido algumas melhorias e reabilitações mas não pode ficar ao abandono, pelo que o provedor indica que poderá integrar uma resposta do município de Abrantes nas suas áreas sociais. A acontecer, haverá, claro, a celebração de um protocolo a oficializar essa “cedência”.

Recorde-se que a Sopa dos Pobres de Abrantes, que deu origem ao Patronato Santa Isabel, foi criada em 25 de setembro de 1934, segundo o “Diário do Gôverno” da altura com a aprovação do quadro de pessoal com uma professora de internato, um escriturário e uma criada.

 

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