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Autarquia e Associação local prestam balanço do projeto Bairro ConVida: “Aquele território sossegou”

30/12/2016 às 00:00
Bairro Vale de Rãs

Foi há dois anos, em junho de 2014, que a Câmara Municipal de Abrantes (CMA), em conjunto com vários parceiros, iniciou o projeto do Bairro ConVida, em Vale de Rãs.

Na altura, os objetivos traçados diziam respeito à tentativa de dinamização do Edifício Millennium e à tentativa de banir o estigma de insegurança, através de projetos desenvolvidos por várias entidades. O cinema voltou ao centro comercial e são vários os parceiros que ainda continuam a desenvolver atividade naquele local.

Passados dois anos, chega altura de fazer balanços junto da Câmara Municipal e da associação juvenil local.

Celeste Simão, vereadora com o pelouro da Ação Social na CMA, começou por recordar como é que o projeto iniciou:

“Em 2011, através do diagnóstico do Conselho Municipal de Segurança, era apontado o Bairro de Vale de Rãs como um bairro problemático. Na altura, foi feito um plano de ação, em que um dos eixos de intervenção tinha de ser pensado para aquela zona. A partir daí achámos que podíamos fazer um plano de ação, revitalizando o espaço [Millenium], fazendo um projeto de intervenção comunitária e que envolvesse um parceiro do bairro, que foi a Associação Juvenil de Vale de Rãs. A Associação já fazia alguma intervenção a nível desportivo, mas não tanto ao nível comunitário”, lembrou.

Atualmente os parceiros que se encontram no local mantém-se, menos a Alma Lusa que nunca chegou a ingressar no projeto.

“A Alma Lusa no início disponibilizou-se, mas mais tarde, disse-nos que não tinham recursos humanos para ter aqui um polo aberto. Quando desistiram, não fiquei muito preocupada, pois não sei se a questão do artesanato contemporâneo iria motivar as pessoas”, afirmou.

Como entidade coordenadora do Bairro ConVida, ainda se encontra a CMA, que tem a função de fazer o acompanhamento do projeto, das ações realizadas por cada parceiro e a atribuição de verbas aos mesmos. 

A TAGUS, Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Interior, desloca-se ao espaço pontualmente, dinamizando o local com ações diversas e com a entrega dos cabazes PROVE. 

Já o espaço atribuído à EPDRA, Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Abrantes, não tem alcançado a dinâmica pretendida.

“Neste ano que passou a intenção era que funcionasse ali um novo polo de formação do curso de Pastelaria, que decorressem aulas e a comercialização dos produtos. Neste momento, o espaço não está aberto porque a EPDRA aguarda uma autorização por parte da Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares para a contratação de mais pessoas. No ano passado, chegaram acontecer aulas de formação, workshops e almoços temáticos. Entretanto, o ano letivo terminou e agora aguardam a dita autorização”, explicou a vereadora.

“A EPDRA necessita de mais pessoal não docente para dar apoio e por questões de manutenção do espaço. Formadores e alunos têm, mas é preciso haver mais pessoal não docente para garantir o funcionamento do espaço”, acrescentou.

A Cres.Ser tem dois espaços cedidos: “num desenvolvem ateliês e num outro, que é multidisciplinar, cedem-no a qualquer associação integrada no projeto Bairro Convida, para reuniões, etc. A associação desenvolve ainda para as pessoas do bairro aulas de atividade física para seniores, onde já estão a frequentar cerca de 40 pessoas. O projeto “Viver Senior” já era dinamizado naquela zona e assim continua”, avançou Celeste Simão.

Por sua vez, a Associação Juvenil de Vale de Rãs tem um centro de porta aberta. No local encontra-se “ uma técnica superior, que estará até junho pelo menos, que presta apoio ao estudo. É um espaço aberto que tem computadores, jogos para várias idades, livros, onde uma pessoa que se desloque ao espaço possa ter sempre algo para fazer. Tem também aulas de alfabetização e informática para grupos mais reduzidos, num horário a agendar”, explicou.

A União das Freguesias de Abrantes e Alferrarede não assume competências específicas, mas segundo a vereadora “é agregadora de todas estas entidades. É preciso organizar determinado espaço, a União de Freguesias colabora. É preciso atrair as pessoas, a União colabora, e assim sucessivamente”.

Já a Associação Vidas Cruzadas tem no espaço um segundo polo do Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental. “As técnicas da associação já faziam intervenção com pessoas daquela zona e assim fazia todo o sentido deslocalizar para o espaço aquela valência”.

“O cinema continua a funcionar. A informação que temos é que está a resultar, sendo que no local acontecem estreias, o que faz com que as pessoas não se desloquem para fora do concelho”, fez notar a vereadora.

O projeto Bairro ConVida é financiado pela EDP que atribui à câmara uma verba que a câmara aloca nos diferentes parceiros. 

“A Câmara transfere as verbas para os vários parceiros, de acordo com a planificação e orçamento apresentados por cada um. As verbas são sempre justificadas com relatórios intercalares. Até agora o financiamento que foi disponibilizado para o arranque e para as atividades foram cerca de 80 mil euros”, referiu a responsável.

“Estas verbas que provêm da EDP não são alocadas para quaisquer iniciativas que as câmaras se lembrem de fazer. É preciso haver um projeto de intervenção comunitária e que a entidade veja uma mais-valia no projeto. A candidatura para 2017 já foi aprovada”, avançou.

 

“Passámos este tempo a conquistar o território”

Celeste Simão refere que ao fim de dois anos é “difícil fazer balanços exaustivos, sendo um projeto de intervenção comunitária”.

“É provável que hajam muitas pessoas que pensam que o que se passa dentro do edifício ainda não é vivenciado pela comunidade do bairro e isso é normal. No início, com a preparação do projetos, que obedeceu a protocolos, à instalação dos parceiros e à definição do que é que cada um ia desenvolver, decorreu um período em que foi necessário perceber se a comunidade não rejeitava os parceiros que “vinham de fora”. Penso que essa foi uma etapa superada. Penso que conquistámos o espaço e fomos aceites”, vincou.

“Desde o arranque do projeto que não houve qualquer problema e registo isso com agrado. Passámos este tempo a conquistar o território. Se não tivéssemos dado este tempo de conquista, podíamos ter perdido o projeto logo no início”, sublinhou a vereadora.

Para Celeste Simão, falta a articulação entre os parceiros: “as associações não estão habituadas a trabalhar em conjunto. É um balanço positivo, mas que ainda não chega. Falta melhorar o trabalho de cada parceiro e a articulação entre os mesmos”.

“Por exemplo, a TAGUS dinamiza uma Feira da Primavera e as outras associações devem associar-se com outras atividades. Isto é que é um projeto de intervenção, se não chamamos àquele espaço um local onde simplesmente estão alojadas associações. Já definimos o plano de atividades para 2017 e agora o passo seguinte é a coordenação entre parceiros”, avançou.

“É verdade que nós não temos muita paciência para esperar pelos resultados, mas neste caso não há outro caminho. Aquele território sossegou. Hoje vejo pessoas à espera para entrar para o cinema com uma postura tranquila, sem qualquer receio e isso é muito bom”, finalizou a autarca.

Fábio Barrocas, presidente da Associação Juvenil de Vale de Rãs, faz um balanço “ muito positivo”, mas reconhece que ainda há trabalho a melhorar.

Referindo-se ao espaço que dispõem no edifício Millenium, Fábio Barrocas disse que “ é uma “máquina” que é oleada todos os dias. Temos uma técnica especializada, a tempo inteiro, responsável por 13 crianças, onde a grande maioria são de etnia cigana. Nos dias de escola, a partir das 16h00, vão diretas para lá para fazer os trabalhos de casa e ter estudo acompanhado. Quando terminam as tarefas fazem outras atividades, como jogos de tabuleiro. Nas férias, voltamos a desenvolver algumas atividades com elas. No verão passado, fomos à piscina municipal, à praia, etc. A técnica está agora de férias e sentimos que os miúdos até ficaram tristes por esta pausa. Uma vez por semana, temos ainda uma professora aposentada que presta aulas de alfabetização a pessoas mais velhas do bairro. Já temos cerca de 7 pessoas que estão em vários níveis de aprendizagem. No geral, o balanço é positivo e é fruto de um trabalho conjunto”.

 Joana Margarida Carvalho

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