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Natal: Azevias, coscorões e sonhos juntam-se ao Bolo Rei, e outros, na mesa portuguesa (c/áudio)

23/12/2022 às 11:33

Chegamos a esta época do ano e a doçaria volta a estar em cima da mesa e dos olhares e papilas gustativas.

Se o Bolo Rei se torna uma das atrações, o Bolo Rainha ganha mais adeptos, assim como todas as variações, de mação, de chocolate, de abóbora, em Abrantes o Bolo Rei Palha, depois acrescentamos o desmanchado o escangalhado.

Mas há sempre outra doçaria típica do frio do Natal. A lampreia de ovos, o tronco de Natal ou o Molotof também podem integrar uma mesa natalícia.

Mas o que não pode faltar são os fritos, sejam coscorões, sonhos, azevias ou outros nomes que lhe chamem, consoante as aldeias ou regiões do país.

E foi em busca desses doces fritos que entrámos na fábrica da D'Ana em Alferrarede.

Entre formas e tabuleiros, entre ovos e farinha, entre o forno e o fogão Ana Custódio lá arranjou uns minutos para explicar o que é que os seus clientes mais encomendam ou compram nesta época do ano.

E se o Bolo Rei, nas várias formas é procurado, os troncos “por serem mais em conta” também têm clientes. Depois vêm os doces mais típicos. “Os coscorões são feitos de acordo com a receita dos nossos avós, só a massa não é estendida em cima do joelho como antigamente”, explica a doceira enquanto prepara a massa para umas tartes de nata e pede às ajudantes que vejam o forno, onde estão as tigeladas.

Já os sonhos são os habituais de Ana Custódio assim como as azevias, tanto as tradicionais de grão-de-bico como a variação de batata-doce.

“As pessoas acabam por comprar menos quantidade de cada um, mas levam de todos. Preferem com o mesmo dinheiro ter mais variedade”, explica a doceira ao mesmo tempo que continua a moldar a massa para as tartes “sabe, a massa tem de ficar boa para ser moldada nas formas.”

Ana Custódio revela que nesta semana “quase” não sai da fábrica. Nesta quinta-feira, quando nos recebeu indicou que já não atende o telefone, pois não pode receber mais encomendas. E se os doces natalícios têm saída, as suas tigeladas não ficam atrás. Mesmo com todos os doces da época, os clientes não dispensam as tigeladas.

E quanto às compras, a doceira revelou que no início do mês notou-se uma quebra, mas depois voltou tudo ao normal. Hoje, nas vésperas de Natal, os níveis de encomendas ou compras estão dentro do normal nesta época do ano. “Depois vai-se notar é em janeiro”.

O custo de vida sobe muito por causa da escalada de preços. E as empresas não ficam a olhar. Os fornos não param e o custo da eletricidade é elevado. E nos produtos necessários para os doces, o leite e açúcar tem preços altos, mas “os ovos é que tiveram uma subida grande. Mesmo agora um fornecedor deixou 800 euros de ovos” explica a doceira, tanto mais que as lampreias de ovos estão, este ano, com uma menor procura. “Os troncos de Natal ficam mais em conta”, repete Ana Custódio que continua a gerir todo o espaço, porque há encomendas com hora marcada para poderem ser levantadas pelos clientes, mas tem de abastecer o balcão, para as pessoas que entram no seu espaço.

E quem entra pode sempre espreitar para a bancada onde Ana Custódia trabalha as massas. E muitas vezes até entram em “conversa”, fazem perguntar e outras vezes “vou ali e dou a provar as massas e recheios que estou a fazer.”

Ana Custódio, D'Ana 

Seja como for, uma mesa de Natal, mais ou menos farta não dispensa os doces desta época, sejam o Bolo Rei ou Rainha, o escangalhado, o arroz-doce ou aletria, o tronco, a lampreia ou os fritos. E quando falamos em fritos olhamos para rabanadas, sonhos, coscorões ou azevias.

E nestes doces ainda há muitas pessoas a lembrar a infância ou juventude em que os pais ou avós passavam a noite de Natal em frente ao fogo de chão ou lareiras a esticar a massa para fritar os coscorões ou “fritos” como simplesmente lhe chamam. Depois, bom, depois era salpicá-los com açúcar ou açúcar e canela.

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