O Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) no Médio Tejo para 2025 está pronto para a ação, é semelhante ao de 2024. A estratégia operacional a privilegiar é a mesma e que tem dado resultados, ou seja, o combate inicial musculado e, nos dias de alertas mais graves [laranja ou vermelho] o pré-posicionamento de meios no território. A ideia é, nestes dias de risco mais elevados, criar uma rede de meios distribuídos pelas zonas, eventualmente, mais complexas, porque “todos os incêndios a nascer apagam-se com um balde de água.” E com esta ação inicial muito rápida os dados indicam que no ano passado 97,5% das ocorrências foram resolvidas em 90 minutos. Apenas sete ocorrências escaparam a esta malha e tiveram progressões mais longas.
“Naquilo que são os nossos meios na sub-região, em termos de supressão, mantemos os mesmos meios. Não houve incremento, nem houve um decréscimo de meios” para combate a incêndios, disse o comandante Sub-regional de Emergência e Proteção Civil do Médio Tejo, que abrange 11 concelhos do distrito de Santarém. Houve uma diminuição dos números gerais porque o ano passado a GNR tinha os meios de prevenção englobados no DECIR. Logo a diminuição que existe não afeta os meios de supressão.
O dispositivo operacional do Médio Tejo vai contar na fase mais crítica, de 1 de julho a 30 de setembro, com cerca de 620 operacionais, 250 viaturas e dois meios aéreos permanentes. Aliás, a região tem quatro meios aéreos, mas dois deles estão afetos um à Proteção Civil nacional e outro à AFOCELCA. Estão no território do Médio Tejo, mas não são acionados diretamente pelo comando sub-regional. Ainda no que diz respeito a meios aéreos, há 22, entre helicópteros e aviões, adstritos às sub-regiões à volta do Médio Tejo. Por exemplo, o aeródromo de Ponte de Sor tem uma parelha de Fire Box, aviões anfíbios ligeiros, que são muito vistos quando há ocorrências por esta sub-região. O dispositivo conta ainda com três máquinas de rasto dos municípios de Abrantes, Mação e Ferreira do Zêzere.
Depois há neste dispositivo o apoio, com operacionais e veículos de várias entidades, como o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPS) da GNR, AFOCELCA que é uma empresa de Proteção Florestal vocacionada para o combate a incêndios rurais e municípios das companhias ALTRI e The Navigator Company. Junta-se ainda um conjunto de ferramentas assentes nas novas tecnologias para apoio à decisão, nomeadamente a georreferenciação e o acompanhamento em tempo real das condições do vento e do terreno.
David Lobato lembrou que, aos mais de 600 operacionais na fase Delta, de 1 de julho a 30 de setembro, “a sub-região tem cerca de 900 bombeiros no quadro ativo e que são também mobilizáveis, se houver essa necessidade” de apoio.
Para o comandante operacional, os meios que integram o dispositivo de combate no Médio Tejo “são os suficientes” para o território que abrange.
"A análise que foi feita é que estes meios são suficientes para aquilo que é o nosso histórico e mantemos os mesmos homens, os mesmos meios de combate e não alterámos a dinâmica", afirmou, destacando que o dispositivo assenta em premissas que se vão manter, como "o pré-posicionamento de meios", a "monitorização permanente", uma "deteção precoce" e o "despacho imediato e musculado de meios" para ataque a um incêndio em fase inicial.
O comandante operacional lembrou ainda que, do total de 237 ignições na sub-região em 2024, apenas sete não foram debeladas numa fase inicial e resultaram numa maior área ardida.
“No ano passado tivemos 237 ignições e 97% de eficácia, com sete incêndios a ultrapassarem os 90 minutos, período em que passa a ataque ampliado. Nós tentamos sempre colocar o máximo daquilo que é capacidade de combate na fase inicial”, declarou, acrescentando que um incêndio “começa sempre pequeno”, pelo que, se os meios estiverem lá, conseguem “apagá-lo rapidamente”.
David Lobato apontou muitas causas de incêndio a fatores externos que os bombeiros não conseguem controlar, como atos de negligência ou o incendiarismo. “No ano passado tivemos 237 ignições, das quais 50% foram intencionais e isso é um problema. Nos sete maiores incêndios, as causas foram intencionais e resultaram na maior área ardida”, notou, tendo referido que essa questão está na esfera das autoridades policiais.
Por outro lado, a proteção civil e os municípios estão a trabalhar para minimizar as causas negligentes e, como tal, reduzir o número de ignições, afirmou.
David Lobato
O responsável referiu ainda existirem melhorias no dispositivo relativamente a 2024, como a “proximidade e reforço de sinergias com o patamar municipal”, a “utilização de caldas retardantes em meios aéreos”, a “otimização de recolha de dados aéreos através de imagens multiespectrais” e a “digitalização dos processos associados ao Posto de Comando Operacional”.
A sub-região do Médio Tejo depende hierarquicamente, do Comando Regional de Lisboa e Vale do Tejo que agrega cinco sub-regiões: Grande Lisboa, Médio Tejo, Lezíria do Tejo, Oeste e Península de Setúbal. O comandante Elísio Oliveira esteve na apresentação deste dispositivo que integra a sua região e destacou o empenhamento que tem, quer para o seu território, quer para reforço de outras regiões. E vincou que é, normalmente, Lisboa e Vale do Tejo que acorre com grupos de reforço a quase todo o território do país. E a linha é a mesma, ataque inicial em larga escala para evitar que um incêndio de transforme num grande incêndio.
Elísio Oliveira
Manuel Jorge Valamatos, presidente da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, agradeceu o empenhamento de operacionais e instituições, destacando o trabalho permanente desta estrutura. Ainda há dias se falava dos caudais de cheias do Tejo e agora já se olha para um dos problemas da sub-região.
O autarca destacou o investimento que a Comunidade está a fazer em prol da Proteção Civil, um valor de cinco Milhões de Euros que prevê a aquisição de 11 equipamentos diversos para os corpos de bombeiros dos 11 municípios, mas que ficam adstritos às necessidades do comando sub-regional. E disse que a Comunidade do Médio Tejo está em articulação com a sua Proteção Civil.
Manuel Jorge Valamatos
O comando sub-regional do Médio Tejo abrange os concelhos de Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém, Sardoal, Tomar, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha e incorpora ainda as corporações e Fátima, Caxarias e Minde.
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