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Vila de Rei: Herdade Foz da Represa não vai avançar e promotores vão deslocalizar o projeto

31/07/2018 às 00:00

“Na sequência dos incêndios que ocorreram em 2017, quer a área de construção, quer a área envolvente, todos os terrenos onde o projeto iria ser implementado, está tudo completamente ardido”. Foi assim que Nellson Soares, um dos promotores do projeto Herdade Foz da Represa Boutique Resort & SPA nos descreveu o atual cenário.

Há um ano, o projeto HFR Boutique Resort & SPA encontrava-se em fase de licenciamento e apto para avançar para construção, depois de anos à espera de autorizações da Agência Portuguesa do Ambiente. Agora, segundo um dos promotores do projeto, “está em stand-by”.

“Este era um projeto que estava assente no turismo de natureza e o que se pretendia era explorar o património que ali havia em termos de paisagem mas também da fauna e da flora de todo o local… era um local bastante especial pois existia ali uma mancha verde já bastante madura, que não tinha sido afetada nos incêndios anteriores. Essa mais valia foi o que se perdeu por completo”, explicou Nellson Soares.

O promotor adiantou que “neste momento, e durante um período de tempo relativamente longo, de três ou quatro anos, eu não vejo viabilidade nenhuma de estar a fazer um investimento turístico naquele espaço, uma vez que o tal património que era tão indispensável para este projeto, neste momento não existe”.

Nellson Soares não confirmou o abandono do projeto Herdade Foz da Represa mas adiantou que o que estão a fazer neste momento “é uma deslocalização. Estamos à procura, dentro da Região Centro de Portugal, de um espaço alternativo para implementar o nosso projeto. Claro que a roupagem terá que ser necessariamente diferente porque se mudar o espaço físico e a situação vier a ser alterada para um outro contexto, isso vai ter influência até nas linhas arquitetónicas, mas em termos de conteúdos, serviços e valências, tudo isso se manterá num outro espaço”.

Quanto ao futuro local de investimento, o promotor adiantou que não há nada ainda definido no momento. Questionado se se confirma que será na zona de Arganil, Nellson Soares afirmou não poder dar mais informações acerca da localização pois “é necessário que primeiro a situação esteja mais clarificada em termos da propriedade em si pois ainda não foi adquirida”.

“Vila de Rei não é uma situação que se pretenda esquecer”, esclareceu Nellson Soares, que considera “o espaço muito interessante e que tem potencial turístico”. No entanto, “o que é necessário ter em conta é que aquela área está diretamente relacionada com a albufeira do Castelo de Bode e o plano da albufeira é de tal maneira restritivo que nem um projeto de reflorestação pode ali ser feito. Ou melhor, é possível fazer uma reflorestação, mas não se podem utilizar meios mecânicos, tem que ser uma reflorestação manual, feita cova a cova. E para recompor a estética do local, vamos ter que contar muito com a própria natureza e isso vai demorar tempo até que tenha um impacto visual positivo. Neste momento, o que se vê no local é pedra queimada e troncos queimados. Não é um contexto que seja apelativo para a função turística e muito menos para o tipo de segmento a que nos estávamos a propor”.

Segundo Nellson Soares, a Câmara Municipal de Vila de Rei já foi informada “e clarificada” da situação “através da nossa advogada” e, “neste momento, Vila de Rei está em stand-by. Não é que não exista intenção de, futuramente, serem criadas condições para se avançar com este investimento mas, para já, ter-se-á que avançar num outro espaço”.

Paulo César Luís, vice-presidente da Câmara Municipal de Vila de Rei, contactado pela Antena Livre, disse não ter qualquer informação desta situação por parte dos promotores da HFR Boutique Resort & SPA e que estava a ter conhecimento “através da comunicação social”.

O projeto da HFR contava com dez unidades de alojamento (bungalows), estruturas pré- fabricadas "fáceis" de montar (evitando-se assim impactos ambientais desnecessários), edifício central de apoio com SPA e Wine Bar.

O projeto previa a criação de dez postos diretos de trabalho e contava com um investimento na ordem de um milhão de euros. Fica agora a aguardar que a natureza se recomponha.

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