A empresa Abrancongelados, situada na Zona Industrial de Abrantes, foi assaltada durante a madrugada de quarta-feira, dia 16 de julho.
O assalto terá sido perpetrado, e segundo o que apurámos junto do Comando Distrital de Santarém da PSP, “supostamente com martelo pneumático”, devido “às marcas deixadas”.
“Basicamente o que aconteceu é que nós temos dois armazéns. Temos a fábrica cá em cima e temos outro armazém na zona industrial, na avenida Duque de Loulé, que é um armazém onde normalmente recebemos os contentores, onde está mais a matéria-prima e às vezes algum produto acabado, quando está em excesso”, começou por explicar Jorge Batista, sócio gerente da Abrancongelados.
Trata-se de um outro armazém da empresa que, também estando na zona industrial, “está um bocadinho mais isolado”. No entanto, afirmou Jorge Batista à Antena Livre, “todos os dias lá vamos”. E foi o que aconteceu na manhã de quarta-feira, cerca de 10 horas da manhã. “Quando o nosso funcionário vai para lá para ir buscar algum produto para vir para a fábrica, quando entra na câmara frigorífica parece que vê uma luz ao fundo da câmara e pensa, que raio, está ali algum fox ou alguém com uma lanterna ligada? E ele foi lá ver. Quando lá chegou encontra um buraco enorme para a rua”.
Alertado para o facto, Jorge Batista disse ter ficado “abismado com o trabalho que tinham feito e, a seguir, chamei as autoridades”. A PSP confirmou que foi contactada pelas 11:30 para tomar conta da ocorrência.
O buraco “era enorme”, pois conseguiram partir uma parede de betão com uma largura considerável “e ainda conseguem furar dois painéis da câmara frigorífica, que é um painel enorme, porque se houver uma falha de energia, se houver um problema qualquer, aquilo tem que manter o frio durante algum tempo”.
Quanto ao conteúdo da câmara frigorífica, apenas continha peixe e marisco. No armazém, “a única coisa que nós temos lá são as máquinas para poder carregar e descarregar e é o produto congelado que nós já temos e que serve de abastecimento à fábrica aqui na zona industrial”.
Foram, portanto, mais os estragos do que o valor do furto. Jorge Batista confirmou que “a parte da destruição é maior do que aquilo que levaram. Agora, passando um ou dois dias e refletindo um bocadinho naquilo que aconteceu, eu não consigo compreender como é que se faz uma destruição daquelas para levar...” ainda nem sabe bem o quê.
Não têm sido dias fáceis para o empresário que confessou que “nós ainda não fizemos inventário porque eu também não estava em condições. Nunca fui assaltado, nunca passei por isto, e ontem andei o dia praticamente doente. Hoje é que vamos fazer o inventário mas, daquilo que vimos, “eles não levaram nada de especial. Levaram umas caixas de sapateira, levaram umas caixas de tentáculos de polvo, levaram umas caixas de espadarte, outras até estavam lá espalhadas pela rua. Não foi nada de especial”. E isso deixa Jorge Batista a questionar-se: “isto foi feito porquê ou do que é que foram à procura? A minha dúvida é esta, para fazerem um trabalho daqueles, eles foram à procura do quê, o que é que eles queriam?”
Quanto ao uso de martelos pneumáticos para conseguirem entrar na câmara frigorífica, Jorge Batista acredita ser bastante credível até porque “em volta do edifício, temos tomadas de corrente elétrica. Porque, por vezes, chegam os contentores durante a noite e os carros acabam por ficar lá e acabam por ligar à ficha. Temos que ter corrente para os carros estarem ligados, daí termos à volta do edifício tomadas elétricas para aquilo que for necessário. Até para os martelos elétricos”, desabafou.
A Abrancongelados possui sistema de videovigilância “interiores e exteriores”. Na fábrica, “estamos a ver online, sem problema nenhum. Lá em baixo, temos um gravador, um vídeo, com uma UPS. Quando ontem fomos para ver as imagens, o vídeo estava desligado. Leva-nos a crer que, durante o apagão, esteve muito tempo sem energia e tinha desligado o vídeo. Portanto, ficámos sem câmaras de videovigilância. Sem as imagens”. Jorge Batista também reconheceu que “a nível de videovigilância, temos, realmente, mas é uma coisa que nós não ligamos. Está ali, aquilo vai gravando, e nós, quando é necessário, vimos. Só que nunca nos lembrámos que aquilo poderia ter desligado a UPS. Esteve muito tempo sem energia, acabou por ir abaixo e o vídeo desligou”.
No que diz respeito à normal laboração da Abrancongelados, o ocorrido não alterou as rotinas. “Assim que as autoridades saíram do local, a preocupação foi mandar fazer a reparação da câmara, porque com o ar quente a entrar dentro da câmara, assim que começasse a baixar a temperatura, os prejuízos eram enormes. Mas, felizmente, isto não mexeu nada com a laboração normal da empresa. A empresa continua a trabalhar, também temos seguros para para os danos que foram feitos e pronto, é continuar em frente e tentar ver se conseguimos descobrir alguma coisa”.
Contudo, Jorge Batista deixou ainda um desabafo: “Para aquilo que levaram, se têm chegado ao pé de mim e têm pedido... eu preciso disto porque estou com dificuldades, não consigo rendimentos, não tenho comida para comer... eh pá, chegavam aqui e eu dava-lhes o que fosse, aquilo que fosse, para os alimentar. Era mais bonito do que chegarem ali e fazerem o trabalho que fizeram, a destruição que fizeram”.
A investigação está a cargo da PSP que confirmou que “ainda não foi apresentada a relação dos prejuízos por parte da empresa”
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