O Dia Mundial da Abelha celebra-se, desde 2017, e é uma data que pretende assinalar a importância dos seres polinizadores.
Pretende ainda a sensibilização para as ameaças que as abelhas enfrentam, destacando ainda a sua importância para o equilíbrio do ecossistema, a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento sustentável.
Em declarações à rádio Antena Livre, a propósito deste dia, Fernando Monteiro, presidente da Melbandos, frisa que há que ter a noção que 75% da polinização é feita por insetos. E de todos os insetos, 75% são as abelhas.
Fernando Monteiro, presidente da cooperativa de apicultores Melbandos, que trabalha em Mação, Vila de Rei, Sertã e Proença-a-Nova, diz que este pode ser um ano bom para a apicultura, dependerá da floração da vegetação. O ano está a ser farto em água, pelo que o calor que agora está a chegar poderá criar um ano bom no que à produção de mel diz respeito.
O dirigente indica ainda que toda esta região, mesmo com as ameaças que tem tido nos últimos anos, é muito boa para este setor sendo que o mel é a fileira, mas na apicultura a produção de pólen pode ter um enorme potencial de crescimento.
A vespa asiática é uma nova ameaça às colónias de abelhas. Fernando Monteiro deu o exemplo do concelho de Mação que distribui armadilhas por todo o território para captura ou eliminação das vespas asiáticas. Mesmo assim há sempre a necessidade de localizar e destruir os ninhos primários para estancar a proliferação desta invasora. Este ano já foram detetados, e eliminados, alguns. Este é um trabalho difícil, porque os ninhos primários são “mais invisíveis”, ou seja, têm a dimensão de um punho fechado. Os ninhos secundários localizam-se mais facilmente porque facilmente têm um tamanho igual ou superior a uma bola de basquetebol.
Mas o setor atravessa outros problemas. Os incêndios e a desertificação destes territórios têm levado a uma diminuição de apicultores. A apicultura sempre foi uma atividade paralela a outras, seja a agricultura ou não. A maioria dos apicultores destes concelhos não exercem a tempo inteiro, embora quando bem-feito, diz Fernando Monteiro, pode ganhar-se dinheiro.
Aliás, a apicultura pode mesmo ser uma aposta para novos empreendedores, pois, ao contrário da agricultura ou pecuária, não necessita de terras próprias. Fernando Monteiro diz que os proprietários aplaudem quem queira por aqui espalhar colónias de abelhas. Depois, a haver um projeto bem elaborado poder ser uma atividade económica rentável. E repete que para além do mel, o setor pode crescer no pólen ou no aproveitamento da cera.
Fernando Monteiro vincou a importância da apicultura no concelho de Mação, tanto mais que a abelha até faz parte da heráldica do concelho.
Fernando Monteiro, presidente Melbandos
A Melbandos, foi fundada em 2013, integra 80 associados com mais de 10.000 colónias.
Nesta região há três tipos de mel, de acordo com a especificidade do território, rosmaninho, urze e multiflora.
Para além do mel a cooperativa aponta ainda a produtos derivados com elevado potencial de valorização, como a cera, pólen, própolis ou a geleia real.
A Melbandos tem disponíveis vários serviços como rastreio de doenças nos apiários; formação em sanidade apícola e maneio produtivo das colónias; extração e embalamento de mel (central meleira); aquisição do mel aos associados; ou venda de mel embalado.
O tema do dia Mundial da Abelha deste ano é «Abelha inspirada pela natureza para nos alimentar a todos». Pretende destacar o papel vital das abelhas e de outros polinizadores na recuperação dos ecossistemas, na conservação da biodiversidade e na segurança alimentar e na nutrição.
O Dia Mundial da Abelha foi proclamado pela Resolução 72/211, adotada na Assembleia Geral da ONU de 20 de dezembro de 2017.