Mação está em festa a partir de hoje e até domingo e mostra tudo o que de melhor se faz no concelho. A Feira Mostra cumpre 30 edições e fomos saber mais sobre o certame com Margarida Lopes, que assumiu a presidência da Câmara em janeiro e a quem cabe terminar o mandato iniciado em 2021 por Vasco Estrela.
Por Patrícia Seixas
Disse na apresentação que a Feira Mostra é a Festa Maior de Mação. Porquê?
Esta é a festa maior do concelho de Mação porque, de facto, reúne um conjunto de fatores que são determinantes para que a consideremos dessa forma. É uma feira que reúne tudo aquilo que de bom temos para mostrar e que por cá se faz, neste caso em termos de gastronomia, de artesanato e atividades económicas. É também um espaço maior porque abarca o contributo de muitas associações concelhias. Portanto, num só espaço, em cinco dias, conseguimos mostrar muita daquela que é a atividade do nosso concelho, em termos gerais. Por isso dizemos que é a festa maior, mas porque também é aquela em que investimos mais e a que se tornou um marco ao longo dos anos. Já fazemos 30 anos este ano e, portanto, é um marco que se foi enraizando e que foi crescendo.
Pode-se dizer que abarca toda a comunidade maçaense...
Exatamente, é um evento da comunidade. Obviamente que tenho de destacar aqui o esforço e toda a dedicação dos funcionários da Câmara Municipal de Mação. Começamos a trabalhar na feira muitos, muitos meses antes e, na maior parte dos casos, é um trabalho que não é visível. Mas para conseguirmos chegar ao dia 2 de julho e termos tudo pronto, muita coisa acontece. Portanto, desse ponto de vista também deixo o agradecimento aos funcionários do Município e a todos os envolvidos. Depois, é toda a comunidade que se envolve neste espírito, que é trabalhar em prol de Mação e mostrar aquilo que tem de melhor. Para muitas pessoas é também o espaço de reunião anual e fica logo marcado de um ano para outro que se vão encontrar na Feira Mostra e deixam o jantar marcado para reunião de amigos para esta altura. A Feira Mostra é, portanto, esse evento de excelência, de promoção do nosso território e de reunião. E também, obviamente, um espaço para recebermos todos aqueles que nos quiserem visitar, com boa música, boa gastronomia e muita hospitalidade. O convite está feito e as portas abertas para recebermos todos.
São 30 anos de Feira Mostra... a Margarida Lopes já a viveu enquanto visitante, funcionária da autarquia e vereadora. Como foi preparar esta Feira Mostra enquanto presidente da Câmara?
Essa é uma pergunta muito interessante e, num destes dias, pensava nisso. De facto, como sabem, eu sou funcionária da Câmara Municipal de Mação há mais de 20 anos. Acompanho tudo o que é a organização da Feira Mostra desde o seu início, muito dentro daquilo que era a minha área. Sendo funcionária do Gabinete de Comunicação, acompanhava muito mais nessa área, no protocolo e na organização. Em termos de procedimentos e burocracias não tanto, mas claro que conhecia todos os passos. Foi um envolvimento que foi crescendo, acentuado com o desempenho de outras funções, a partir de 2017, mas desde sempre um trabalho de grande proximidade e de muito acompanhamento de tudo aquilo que acontecia, juntamente com os executivos que estavam na altura. Portanto, eu passei da parte do executar e depois à parte do envolvimento na tomada de decisão, neste caso, juntamente com o presidente Vasco Estrela, quando entrei para a vereação. Este era um projeto a que ele muito se dedicava pessoal e profissionalmente. Então, fui acompanhando todas essas fases. Mencionar aqui algo que é justo fazer… para além do Vasco Estrela, enquanto presidente e decisor, havia também uma pessoa muito importante que é o José Luís Gigante Gonçalves, que durante estes 30 anos esteve sempre associado à Feira Mostra. Nós dizíamos que ele era o diretor, embora ele não o reconhecesse. Dizia que não queria essa designação, mas nós chamávamos em jeito de brincadeira, porque era ele que delineava, juntamente com o presidente Vasco Estrela, a estrutura da feira, num trabalho de grande proximidade e cumplicidade. Iam resolvendo as situações, afinando e gerindo tudo o que tinha a ver com a feira.
Como presidente dá mais ou menos trabalho?
Como presidente, continua a haver muito trabalho, mas sobretudo responsabilidade. A responsabilidade para tentar garantir que as coisas corram bem e que, embora não hajam receitas mágicas nem mundos perfeitos, tudo possa correr da melhor forma possível. Este é um ano complicado e atípico, do nosso ponto de vista, até porque sou presidente desde janeiro... mas tudo está a ser feito para que tenhamos uma boa Feira Mostra. Como dizia, trabalho não falta. Continuo com a mesma dedicação com que comecei há mais de 20 anos na Câmara Municipal e a acompanhar tudo.
Mesmo sem o José Gigante, que se aposentou...
Sem o José Gigante e sem o Vasco Estrela. Eram duas peças fundamentais, não descurando obviamente todos aqueles que estão envolvidos, mas era com eles que eu trabalhava diretamente na organização da feira. E, sempre que lhes é pedido, continuam, mesmo de fora ou de longe, a dar o seu melhor apoio e ajuda. Existem também outras pessoas que já acompanhavam todo este processo de organização e montagem da Feira e outras que se juntaram, que são agora também elementos fundamentais para que tudo possa estar em conformidade, assim como os vários serviços municipais que estão já, todos os anos, “programados” para aquilo que são as suas funções antes, durante e depois da Feira. Tenho tido muita ajuda e uma boa equipa de trabalho.
Em que pé está o projeto da regeneração urbana da vila?
Nós continuamos com as obras na Avenida Francisco Sá Carneiro, também já passámos para a Rua João Calado Rodrigues e, entretanto, foi recentemente adjudicada uma outra empreitada para darmos continuidade às obras de regeneração da vila. Estamos a fazer passeios e toda a requalificação destas duas artérias. Havia ali sítios onde as raízes das árvores prejudicavam e já se estava a tornar complicada a parte da passagem dos peões. Passaremos depois à parte da pavimentação desses arruamentos. Um passo de cada vez, obviamente, mas gostava de realçar que tivemos um inverno extremamente rigoroso, essencialmente em termos de chuva, que não nos permitiu dar o andamento que todos queríamos dar a estas e a outras obras. Esteve sempre a chover. Mas é óbvio que queremos que os trabalhos acabem o mais rapidamente possível para termos uma sede de concelho cada vez mais atrativa e acolhedora.
E a habitação contratualizada com o IHRU? O que está a ser construído?
Neste momento, estão já a ser requalificados os dois apartamentos do Bairro do Calvário. Contudo, relativamente aos blocos habitacionais da Urbanização do Sto. António e da Portela do Vale, ainda não estão a ser construídos, porque os concursos têm ficado desertos. Temos reportado todas estas questões, assim como todos os outros municípios, não só do Médio Tejo, mas a nível nacional, porque isto é um problema transversal e acho que é visível em muitas partes do país. Como se trata de uma ação concertada com o IHRU e também com a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, aquilo que vamos fazendo é transmitindo quais são os nossos constrangimentos e, deste ponto de vista, tentando encontrar a melhor forma para conseguirmos atingir os objetivos dentro dos prazos, porque há prazos obviamente, e para ver se conseguimos que alguma coisa seja feita. Considerando agora também que no último concurso lançado já tivemos ali uma alteração de valores permitidos pelo IHRU, com uma majoração em termos de percentagem no caderno de encargos, aguardamos para ver se conseguimos levar a bom porto estes projetos.
Passadiços de Ortiga. Quando é que poderão estar disponíveis novamente ao público?
Já começaram as intervenções e esperamos que não derrapem em termos dos prazos. Esperamos ter novamente, em breve, esta atração turística que, devido aos infortúnios que todos nós conhecemos, deixámos de ter. É claro que agora vão estar mais acima no espaço relativamente ao sítio onde estavam, para evitar precisamente que aconteça o mesmo que aconteceu. Vai haver mais pé-posto do que passadiço. A obra não estará pronta durante o verão, mas assim que estejam concluídos, queremos voltar a receber muitos visitantes, porque é, de facto, um local muito atrativo.
Verão em Mação. O concelho está preparado para receber os visitantes?
Sim, a época balnear arrancou no dia 14 de junho, com as três praias fluviais a funcionar. Houve algumas requalificações, essencialmente na praia fluvial de Cardigos - tivemos ali alguns estragos devido à tempestade Martinho - e tivemos de fazer algumas requalificações, nomeadamente em termos da tela. Contudo, estava tudo a postos na abertura da época balnear. Na praia fluvial de Carvoeiro, pelo 19.º ano consecutivo, hasteámos a Bandeira Azul, que atesta a qualidade da água e o cumprimento de todos os critérios para recebermos esse galardão. Creio que é um motivo de orgulho, não só para a freguesia do Carvoeiro, mas também para todo o concelho, para toda a comunidade maçaense. São já 19 anos. Continuamos a ter ali uma praia de excelência, onde também fizemos algumas intervenções, bem como na praia fluvial de Ortiga onde também houve intervenções que eram necessárias e que tem sido um polo atrativo de veraneantes. Tudo isto com a colaboração das Juntas de Freguesia em que cada praia fluvial se insere. O Parque de Campismo também está a funcionar. As piscinas municipais descobertas abriram ao público no passado dia 24, portanto, está tudo a postos para o verão. Embora não sejam municipais, está igualmente a funcionar a Piscina de Envendos, que é da responsabilidade da Junta de Freguesia de Envendos. É mais um dos sítios que pode ser procurado neste verão. Acho que temos todas as condições reunidas para que tudo corra dentro da normalidade, assim também o tempo o permita.
O alojamento local tem chegado para dar resposta ao turismo?
Um dos grandes problemas que temos é precisamente a ausência de hotelaria, o que condiciona a nossa capacidade hoteleira. Mas temos visto um incremento dos alojamentos locais, o que já vai mitigar um bocadinho a lacuna que temos a esse nível. Como também estão distribuídos pelo território, por todo o concelho, permitem que as pessoas tenham um lugar para ficar quando nos vêm visitar. Muitos são junto às praias fluviais, mas vamos tendo por todo o concelho. E continuam a surgir pedidos para abrir mais. Felizmente.
Restam cerca de três meses de mandato. O que é que ainda quer fazer que fique com a sua chancela?
Há sempre tanto para fazer, não é? Nem que seja nas mais pequenas coisas do dia-a-dia. É um trabalho que não se esgota, assim como as ideias. Essencialmente, o que quero é terminar aquilo que começámos. Aquilo que nos propusemos e comprometemos a fazer em 2021. Porque embora esteja eu agora à frente dos destinos da autarquia, a verdade é que é um projeto muito vivido e pensado pelo Vasco Estrela, acompanhado pela sua equipa. E como tal, é um projeto nosso e é uma questão de respeito, que o devemos ter. Respeito institucional, respeito para com as pessoas, porque nos comprometemos a fazer, ou pelo menos propusemos tentar fazer. Algumas situações não têm corrido como esperávamos, não por nossa responsabilidade, mas pelas vicissitudes, pela conjuntura... só esta questão dos concursos desertos, as chuvas que, durante meses, dificultaram uma série de andamento de muitas ações e obras... Há coisas que podemos não conseguir fazer, até mesmo na nossa vida, no nosso dia a dia, há coisas que queremos fazer e simplesmente não podemos, por razões várias. Aqui ainda mais, em que há situações que não dependem só de nós mas, de facto, aquilo que eu quero essencialmente é poder terminar os projetos a que nos propusemos. Também iniciámos há pouco algumas novas obras, novas intervenções, como a pavimentação da Estrada Nacional 244 entre o Cimo do Vale e Cardigos, portanto, é uma intervenção que começou já comigo e já fica também essa marca, por assim dizer. Em Chão de Lopes Pequeno também estamos a fazer a pavimentação daquela localidade, esperamos dar andamento ao Presunctus, mas não gosto de falar isoladamente, porque acaba por ser um concelho inteiro e há intervenções em todos os pontos do concelho. Já muitas vezes falei que gostaria de ter em Mação um Arquivo Municipal, mas não se consegue, obviamente, fazer em três meses. Poderá ficar, quem sabe, para o futuro.