Neste período de maior ocorrência de incêndios o papel dos Sapadores Florestais é fulcral. Os sapadores florestais fazem trabalho preventivo com pré-posicionamento, fazem vigilância tendo em conta os planos de defesa da floresta dos municípios.
No caso dos sapadores da Associação de Agricultores de Abrantes, estão definidos locais onde estas equipas estão estacionadas. Ou seja, não estão na base, estão no mato, portanto estão dentro da floresta. Neste momento estão a atuar “quatro equipas no concelho de Abrantes, uma no eixo da Bemposta, portanto está na zona da Bemposta para sair rapidamente para o lado de Ponte de Sôr, para o lado da Foz e Água Travessa, para o lado de São Facundo e para o lado do Rossio. Portanto, está numa encruzilhada.”
“Temos outra equipa em Abrantes na nossa base, que dá para ir para o Tramagal, para Bemposta, para o Pego e para Abrantes, para a cidade. Temos ainda outra no Carvalhal que costuma estar na estrada entre o Carvalhal e Martinchel, pela parte norte. Depois temos outra em Alvega, na rotunda, que também pode ir às Mouriscas e defender toda aquela zona.” - referiu Luís Damas.
A Associação tem uma equipa no Sardoal, depois mais uma na Barquinha e depois outra em Longomel, concelho de Ponte de Sôr. Em Longomel foi feita uma candidatura e foi aceite. “Estas equipas, como estamos em nível 3, neste momento não têm folgas, eles têm de estar em prontidão. Estão, partir das 12h até às 20h, nesses sítios com um rádio SIRESP ligado ao sistema, ou seja, dão entrada à sala de comando e a saída.”
Os sapadores reportam tudo o que veem e também a sala de comando também lhes faz perguntas do tipo, a coluna de fumo desloca-se a tal sítio. Portanto, fazem às vezes a validação de falsos alarmes, para não gastar meios de forma desnecessária. “Pôr logo um helicóptero no ar e ser falso alarme tem os seus custos e às vezes da operação os helicópteros têm de pousar e não podem arrancar logo novamente, portanto também fazem validação dos falsos alarmes e fazem a primeira intervenção que às vezes resolve. Se estiverem perto, eles estão nessas áreas e são os primeiros normalmente a chegar.”
“Abrantes tem esta capacidade que é as juntas de freguesia e algumas associações de caçadores terem carrinhas com estes kits e estão todos em rede. O território está protegido por estes carros com uma reação de 5–10 minutos assim que há uma ocorrência. É muito bom porque os fogos quando são pequeninos apagam-se bem, quando são grandes já não há essa possibilidade.”
Luís Damas mostrou apreensão no que toca ao efetivo das equipas de sapadores já que estas “não tem folgas tal como a GNR ou como a PSP. Foi decretado que não havia folgas. Nós também quando estamos nestes níveis, temos de fazer a escala com alguma eficiência para que também não criemos cansaço aos nossos elementos. Eles têm descansado dois dias por semana e temos às vezes situações ou de baixas, ou outras situações pelo que, por vezes, estamos aqui a esticar muito os horários”.
O presidente da associação de agricultores diz também haver baixas de três operacionais devido situações decorrentes do próprio trabalho de sapador. Falou também sobre a falta de pessoas que queiram exercer esta profissão e os esforços que têm sido feitos, nos últimos tempos, também em articulação com o governo para melhorar as condições desta profissão e a sua atratividade.
Em relação à carreira de Sapador Florestal, quando questionado, Luís Damas, disse estar-se a valorizar pessoas que realmente tenham gosto pela profissão e deu o exemplo de pessoas que já exercem há 8 anos ou mais e que são essas pessoas que lhes interessam. Luís Damas defendeu ainda uma remuneração mais condigna para a profissão.
Questionado acerca da proibição das atividades dos agricultores na floresta, Luís Damas respondeu que pode haver algumas exceções, mas as situações têm de ser comunicadas e aprovadas pelos respetivos municípios.
Rúben Filipe
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