Nestes dias de Verão é sempre importante termos uma boa hidratação bebendo água. E se quiséssemos beber água com origem bem longe do nosso planeta Terra?
Seria possível beber água localizada, por exemplo, nos anéis de Saturno? Esta curiosa pergunta é tema de um recente artigo na Scientific American.
Tal como escreve Phil Plait, desde 1610 que sabemos que Saturno tem umas estruturas curiosas que mais tarde foram identificadas como anéis.
Em 1609, Galileu construiu um dos primeiros telescópios no ocidente e utilizou-o para observar e registar metodicamente o que via nos céus. Foi através deste instrumento que ele viu, pela primeira vez, os anéis de Saturno em 1610. Embora no início ele não compreendesse que eram anéis, estas observações abriram caminho para uma melhor compreensão do sistema solar e para avanços significativos na astronomia.
Galileu Galilei nasceu em Pisa, Itália, em 1564, e é muitas vezes chamado de “pai da astronomia observacional”.
Com o seu telescópio, não só observou Saturno, mas também as quatro maiores luas de Júpiter, as fases de Vénus e as manchas solares. As suas descobertas foram fundamentais para o desenvolvimento da física e da astronomia modernas.
Existem vários anéis em Saturno, batizados com letras por ordem de descoberta, sendo o anel A o primeiro, por exemplo. Através de observações à distância e mais perto com a sonda Cassini, sabemos que os anéis podem ser finos (10 metros de espessura) e construídos principalmente por água: a nossa conhecida H2O.
Mas (há sempre um mas) os anéis de Saturno não são apenas água pura e estão contaminados e incluem, por exemplo, metano e outros componentes.
A salientar que estes componentes estão gelados com uma temperatura de -190 ºC por isso teríamos de aquecer antes de beber.
Portanto, e em resposta à pergunta inicial, após o devido processo de depuração e cautela, poderíamos, em teoria, beber um copo de água com origem em Saturno.
Essas descobertas não só nos fascinam como despertam a imaginação sobre as possibilidades de exploração futura e os mistérios que o universo ainda guarda.
Quem diria que um simples copo de água poderíamos viajar pelo cosmos?
Luís Monteiro
Médico e Comunicador de Ciência